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cronicas-->Dito efeito? -- 24/10/2013 - 06:28 (Brazílio) |
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Quando na capoeira mal via um pau bem torto, vinha ao Dito a idéia direta: tava ali
um bom prospecto. E não sem razão. Carpinteiro de mão cheia, sem discussão. E
fazer carros de boi era pra ele até distração.
A `ciência` da carpintaria, aprendera-a mais por intuição. Dar aquele formato ao
enquadramento do carro de boi, semelhante a um garrafão, além da madeira no
àngulo adequado, carecia da melhor maestria. E disso, Dito sabia, desde noviço.
Com um machado bem afiado lá ia ele desbastando o tronco e lhe dando a forma
desejada, formando um par de arcos simétrico para os marcos.
Suava em bicas e o chapéu de feltro surrado e maltratado, quase esfarrapado era
o sinal mais pronunciado. Mas o tronco tava dominado. A seguir, as rodas também
da boa madeira ganhavam sua medida certeira, tábua por tábua. Tá boa? Tá de
primeira.
Trado, `verruima`, `foimão`, cada ferramenta tinha a sua ocasião de entrar em ação
e, apesar da pronúncia, saía tudo à perfeição.
Nos serviços de carpintaria doméstica também pontificava o dito Dito, sempre que
tempo lhe sobrasse entre um e outro `cadillac` sertanejo.
E foi numa de suas idas à nossa casa para examinar umas goteiras no telhado que,
tendo subido ao forro, deixou seu chapéu sobre a mesa que servia de escada de
acesso àquela subida.
Curiosos - e não com a marca do chapéu - pusemo-nos a experimentá-lo em todas
a nossas cabeças, até que chegou a vez do Beu que, afoito, direto o meteu, e deu
no que deu: a copa se soltou da aba, que se enterrava por baixo das orelhas do
traquinas.
Quando ouvimos os passos de Dito retornando de sua inspeção, maior não podia
ser a aflição para desencavar da cabeça de Beu o meio-chapéu que não era seu.
O que foi conseguido no apagar das luzes, cruzes! E mais um esparadrapo se
adicionou àquela cobertura, para ir protegendo a cachola do Dito, enquanto aos
troncos ia dando forma e rito. |
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