Publicado no jornal Diário do Nordeste, dia 16 de agosto de 2005.
Belíssimo artigo foi publicado pelo Padre Virgílio no jornalzinho semanal da Igreja Católica de 19-6-2005, usado na missa do 12º domingo comum, titulado “O medo não é cristão”. Destacando a necessidade de que haja coragem para assumir a condição de ser cristão, mostra que “com o medo nos empurrando pelas costas, não é fácil reagir às imoralidades, às injustiças e aos abusos praticados em plena luz do dia. E é assim que ficamos calados diante das desigualdades e das injustiças sociais, da desonestidade dos poderosos e das violações dos direitos humanos...”. Uma frase histórica sobre a mulher de César traduz que “não basta ser honesta, tem de parecer honesta.” E completa o Pe. Virgílio: “não podemos ter vergonha de manifestar essa nossa diversidade perante o mundo. Ao contrário, é nosso compromisso participá-la a todos os seres humanos.” Assim, o imobilismo, a passividade, a omissão e a covardia não são obras de DEUS - nos afastando Dele. E Jesus não agiu com omissão, não foi passivo, não foi covarde, deixando exemplos ativos para serem seguidos pelos outros seres humanos - e pediu isto. O padre ainda diz no texto: “claro que não se trata de pôr-nos a lutar contra alguém. Só queremos declarar guerra contra todas as situações de pecado, a fim de preparar um futuro feliz para toda a família humana.” A luta pelo que é correto deveria ser regra entre nós, que dizemos ser cristãos. Juízes, promotores de justiça e advogados, representantes da organização da sociedade em que vivemos, têm responsabilidade moral no combate às iniqüidades. Lembrou Rui Barbosa que "não há tribunais que bastem para abrigar o direito quando o dever se ausenta da consciência dos magistrados". E complementa mais adiante: "O bom ladrão salvou-se, mas não há salvação para o juiz covarde" (Obras Completas, 1899).
Michel Pinheiro, Juiz de Direito e ex-presidente da Associação de Magistrados.