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Cronicas-->Amar, Correr, Lutar. -- 21/09/2013 - 18:29 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ah, os olhos, a bela dama de olhos enxutos e fina voz, a pele pêssego, florida em perfumes esparsos. A bela da tarde. Eu que me imagino em pêlo, desnudo, em meio ao bosque, sátiro moderno e desavergonhado sendo que ela dá sua risada que desanuvia:

--Pára com isso!

Não é de se admirar? Eu aqui, no parque, do jeito que vim ao mundo e ela me vem com essa história de "parar com isso". É de matar o ânimo de qualquer criatura.

--Mas como? Estamos aqui, reunidos em praça pública, mais explícitamente possível! Olhe só o que você me arranja!

--Não fui eu que tive a idéia; veja bem, minha intenção era passear no parque, mas...

--Como assim? Eu vim, vi e venci.

--Notei, ou melhor, não notei nada. Foi você que quis ficar assim, explícito; eu sou uma dama, prefiro mais as coisas veladas. Não sou de sair por aí, expondo minhas vergonhas em público.

--Mas ninguém está vendo!

--...Você é que pensa.

E dá a gargalhada, a tal dama dos infernos. Também, quem manda? Vou lá é saber? Devo ser disléxico, ou coisa que o valha. Ela disse: "venha à vontade" e eu interpretei cegamente o convite. Quem não o faria? Ela, toda pudica no parque. Vai ver lá na hora do aconchego! É uma maluca.

--Maluca, eu? Aquelas freiras ali estão achando que quem é o maluco é você!

É isso que dá, esse é o problema de se apaixonar assim de repente. Hoje está tudo muito rápido, em meio segundo se abrem as comportas, em uma hora se está à porta, em sete minutos se está correndo em pelo no parque. As freirinhas, sete ao todo, olham e riem, escondendo as carinhas de vergonha. Eu, com o vento a me refrescar. Meu carro está longe; a decantada dama da tarde pediu que assim fosse, eu fui. E agora?

--Ouça as sirenes. Vai que são para você, doido de guerra.

--Eu sou doido é?

...E lhe tasco o beijo que eu posso, dadas as circunstâncias; o vento faz seu trabalho, a doida se remexe de lado, levo um tapa na orelha, alguém levanta a voz atrás:

--Levanta daí!

--Mãos à vista.

A desavergonhada quase estourando de rir. Saio de cima da moça, se é que demônio tem sexo. 

--Veste aí, descarado!

E ponho uns trapos que me servem. E eu estou cambaio, até agora não me achei, e sento no chão desaguando meu pranto, foi por ti que chorei, sua vagabunda infame e imunda!

--Pára com isso!

Eu juro que parei. Até hoje moro no tal pedaço de terra. E junto meus trapos e cuspo no chão que ela pisou, a danada.

E choro.

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