A doutrina espírita apresenta uma receita psicológica para nos precaver de um sem número de enfermidades físicas, emocionais e mentais. Sugere que devemos nos preservar da emoção da hostilidade, aconselhando uma postura mental isenta dessa energia agressiva como uma forma de zelar pela própria saúde.
Assevera que a irritabilidade contumaz pode causar sérios prejuízos para o organismo humano, muito mais do que o estresse. Além de envenenar a alma individual, provoca ansiedade incontrolável, causando hipertensão, aumento de colesterol igual ou superior ao de uma dieta rica em gorduras; fragilização do sistema imunológico, dando ensejo a invasão bacteriológica, originando uma grande variedade de doenças, inclusive o câncer.
Oferece uma série de opções para controlar a hostilidade: não sabendo onde está seu coração, toque e de outra pessoa; não se torne uma pessoa insensível, procure ajudar alguém; identifique a origem dessa emoção prejudicial; pare de remoer situações que já pertencem ao passado; verbalize sua raiva com parcimônia; transforme a hostilidade em ação prática do bem, mudando a sua qualidade de vida.
A psicologia espírita identifica a presença da hostilidade nos biótipos humanos insatisfeitos. Sentem raiva da vida, estão sempre contra tudo e todos. Vivem sob a constrição da irascibilidade, agridem-se e agridem os demais. São acometidos de distúrbios nervosos, atirando-se nos desvãos da exaltação, da depressão, do suicídio direto ou indireto.
Penetrando nas origens desse comportamento humano, o pensamento espírita, na feição de ciência psicológica, ressalta que o resultado da formação da personalidade individual depende de dois fatores a serem considerados: o nível individual de consciência de cada ser e o que recebeu em amor dentro do seu grupo familiar.
No decorrer da fase infantil, o Espírito encarnado projeta na sua consciência os valores que irão orientar a sua existência futura no corpo físico. Retribuirá da mesma forma, conforme o tratamento que lhe for oferecido no ambiente doméstico.
Não recebendo amor, não aprende a amar, pois esse sentimento e fruto de um aprendizado sm senti-lo. No sentido amor, não poderá reparti-lo com as outras pessoas.
Na fase infantil, o carinho, a ternura e o respeito pelo ser espiritual, vivendo no corpo, são fundamentais para que tenha na idade adulta uma qualidade de vida compatível com a correção dos sentimentos que irão localizá-lo dentro da corrente social como um indivíduo moralmente saudável.
Fazendo parte de uma família caracterizada pelo desamor, proliferam as desconfianças, abrindo terríveis brechas para a hostilidade e a raiva psicológica, numa combinação emocional para proteger-se contra as ações egoístas do seu grupo familiar.
A educação, como plasmadora de caracteres morais para a formação do ser humano, representa um papel primordial para o seu comportamento durante o transcorrer da sua existência física, pois adquire hábitos salutares.
Os estímulos amorosos ajudam a burilar as imperfeições trazidas do passado espiritual e que se encontram sedimentadas no seu mundo inconsciente, transformando-se em grandes obstáculos às mudanças para melhor do seu caráter deficiente.
O amor é a máxima lição da vida diluindo as sombras dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os seres inteligentes. O registro evangélico é traduzido em convite para amar a tudo e a todos, resumindo-se no mandamento maior> Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
A cena está descrita no Evangelho de João, cap. 18 v. 19 a 24: “E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.”E tenho dito isso, um dos criados que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote? Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, mostra o que eu disse de mal; mas, se falei bem. Por que me bateste?
Nessa passagem evangélica Jesus exemplifica para a Humanidade de sempre como responder aos homens hostis, imprimindo na sua resposta uma atitude de valor admirável no que se refere à mansidão. Possivelmente, envergonhado pela atitude covarde embebida na hostilidade, aquele indivíduo, por nunca ter sentido o amor dos seus pais e se encontrando com a consciência adormecida, retira-se do local, passando a ter na Terra uma existência em que os tormentos morais que passaram a lhe acicatar, transformando-o em uma pessoa profundamente infeliz e, quem sabe, um déspota, um criminoso ou cruel verdugo da paz alheia.
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Momentos de Consciência, Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Franco, Edição Leal. Vida Feliz, Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Franco, Edição Leal.