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Cronicas-->O automóvel -- 21/09/2013 - 08:00 (Brazílio) |
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Naquela época dizia-se melhor "automóvel". Carro também se ouvia, no entanto, as
associações com carro-de-boi, ou carroça mesmo, acabavam desviando um tanto
a solenidade da coisa, do au-to-mó-vel. E o curioso é que se falava vortá, sorto,
mardade, mas o l final do automóvel era preservado, numa atitude linguística quase
reverencial àquela maravilha da tecnologia.
Andar de automóvel era coisa rara, para se contar depois e se gabar da aventura por
muito tempo. Mesmo vê-lo de perto já se reconhecia como vantajoso, como um trunfo.
Uma vez íamos subindo penosamente a encascalhada rua do campim, sob aquele sol
de rachar taquara, quando, não mais que de repente, emparelha conosco o automóvel
do Zé Amaral, pretinho, luzidio, um luxo até nas calotas.
Criado naquele mesmo vilarejo, na vizinhança da casa de vovó, e vindo da capital, o
Zé Amaral pára o veículo e, gentilmente oferece carona à tia Rita e à quele bando de
três ou quatro sobrinhos. Mal a porta se abriu, foi aquele desvario de euforia, saltar
naqueles bancos tão confortáveis. E embora o trecho a ser percorrido não fosse mais
que quinhentos metros, o sabor celestial parecia eterno. Eterno, até que o menorzinho,
o Beu, apenas o automóvel entrou em movimento, entrou o pirralho em pànico
desbragado e, desconcertada, Rita teve que apear e seguir com ele a pé o resto da
jornada. Idem, para os que estavam gostando do passeio. Ficou pra próxima. Mas que
é de que o Zé Amaral voltasse. |
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