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Cronicas-->O Possivel, o Impossivel -- 09/09/2013 - 20:22 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Recentemente, dei de cara com uma situação que remexe com as profundas convicções que tenho a respeito da vida e seus movimentos. Estava eu a atender num plantão destes, num local onde a função é fazer diagnósticos rápidos e encaminhar os pacientes ao local mais acertado. Em determinado momento entra uma senhora de seus sessenta anos cuja história era a de cansaço, desânimo e emagrecimento. Não que não tivesse motivos para tanto: Perdera o marido recentemente, de maneira súbita e brutal. Nós tendemos em grande parte destes casos a “psicologizar”o atendimento, isto é, vemos mais o lado imaterial e possível dentro do contexto do ser humano que está à nossa frente. Depressão? Desânimo? Stress? Doenças da moda, situações limite. 

O que faz a diferença, em minha modesta opinião, é ouvir e examinar os pacientes que se apresentam à sua frente: Miríades de diagnósticos se perdem por desatenção pura ou, num caso como este, mesmo com boas intençoes se perde um tempo precioso. Havia ela perdido seus quatorze quilos, em pouco tempo. Manda a boa medicina que se examine. O exame laboratorial é complementar, disso não tenho dúvidas. Eis que achei algo ao exame que me intrigou e resolvi pedir um exame de imagem.

Pausa: O que vem ser “vida”? O que vem a ser este mistério insondável? E “saúde”? É ausência de doença? Ou é um conjunto de coisas como: Planejamento urbano, esgotos adequados, dispensação de lixo em locais certos, manter a pureza das águas…? Acho que “saúde “é um conceito multifatorial, onde podemos intervir, cada qual com suas competências: O engenheiro planejando as casas, o ambientalista defendendo o meio, o planejador urbano adequando recursos para as habitações, o professor dando aulas sobre higiene, a população aprendendo a cuidar de si e de todos e o médico lidando com as situações que sabe explorar quando tudo acima falha. Mas e…vida? O que é a vida? Um lampejo? O que havia antes da vida? O que sucede após a vida? Esta vida, este lampejo ocorre num momento cósmico certo ou apenas acidental? Teremos de ser sempre niilistas, cegos do milagre ou não há milagre algum, apenas acasos moleculares?

…Pois é. O dito exame de imagem tinha indicações de uma doença avançada, de tal forma que o que há é somente o tempo de concluir a investigação e preparar o caminho para os cuidados de final de vida. E eu, com minha formação cartesiana, lógica e racional que tive (porque quando fiz minha escolha profissional não se falava muito disto, ou nada se falava, abrigados na falácia de que “tudo deve ser feito, até o último suspiro”) me vi diante do dilema que nos assusta a todos: qual é o limite da vida? Vejam, ela mal sabe das coisas. Tem noção da gravidade? Sou eu quem a devo alertar? Que e como devo fazer para isto? Quando e como deverei exortar a família para que deem os tais cuidados de que ela necessita?

Daí vejo o papel do médico como algo meio sagrado, mesmo. Diz-se à boca pequena que isto é técnico mas desconfio, isto é humano, demasiadamente humano. Diz-se que o que se faz por aí beira o desastre mas nada se faz para que o desastre se dilua, adotando medidas saudáveis para a saúde da população. E isto porque exerço minha função num local onde o apoio dos colegas é fundamental.E daí? Como fazer para atender tanta gente que está à míngua? O que é a vida, afinal? Vejam, trata-se da vida e da morte de pessoas; não somos máquinas nem “moléculas que pensam”. Somos gente.

Deixo aqui mais este texto, como objeto de reflexão. Reflexão de que se deve mudar os paradigmas; a vida é bem mais do que respirar, comer, assistir televisão ou sair a esmo por aí, sem tempo para voltar.

A Vida, meus amigos, vale ouro, cada segundo dela.

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