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Artigos-->O Galope do Azarão -- 29/08/2003 - 22:03 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O Galope do Azarão

(por Domingos Oliveira Medeiros)







Essa história de admitir que a subida do dólar se deve, entre outras coisas, ao fato de haver incertezas no processo eleitoral em curso, com relação ao perfil do candidato que ocupará a presidência da República é pura balela. Primeiro porque, o mais ingênuo dos investidores sabe, melhor do que ninguém, que o presidente, seja qual for o leito, se não contar com ampla maioria no Congresso Nacional, terá remotas possibilidades de aprovar todos os seus projetos. E não vejo o mercado preocupar-se com a eleição de senadores e deputados federais.



Na verdade, não se pode aceitar que um país inteiro fique à mercê de meia dúzia de especuladores internacionais, jogando com o mercado financeiro, como quem joga baralho ou qualquer outro jogo de azar, blefando e mentindo. E ainda por cima, contando com o apoio da mídia na divulgação de seus boatos. Enchem, desse modo, bolsos de dinheiro, enquanto o governo, inerte, não faz outra coisa senão correr atrás do prejuízo, num processo de endividamento público que não tem mais fim.



A bem da verdade, o azarão chamado dólar, é a”barbada” fictícia, que é solta no mercado de apostas, tal qual acontece nas corridas de cavalo. É uma possibilidade remota. Uma mentira premeditada. Que ganha a confiança de todos os apostadores, posto que tem tratamento oficial na sua divulgação diária, em todas as emissoras de televisão, que se encarregam de fazer a ligação entre o “fato” econômico e o “fato” político, vale dizer, entre as “incertezas” do mercado e o resultado das pesquisas eleitorais.



Há que impor limites para esse jogo de variações mentirosas da moeda americana. Órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários e o próprio Banco Central, a propósito, já desconfiam desse jogo de cartas marcadas. Mas se mostram lentos e temerosos no tocante às investigações e ao estabelecimento de instrumentos de controle capazes de inibir - e até mesmo acabar - com esta farsa da galinha dos ovos de ouro. Até porque, eleições sempre existiram; e que eu sabia, nunca foram objeto de especulação financeira como nos últimos anos.



A bem da verdade, a operação já é conhecida pelas nossas autoridades monetárias - e no mercado financeiro - como operação “Zé com Zé”. Esta é a galinha dos ovos de ouro. Quando os bancos, por exemplo, vendem entre si para forçar a altar do dólar. Compram e vendem na hora certa. Pois eles é que criam as incertezas e as variações no mercado. Só neste mês de setembro, a alta do dólar acumulou um aumento de cerca de 30%. A proporção já é de quatro por um em relação ao Real. E nenhuma moeda no mundo deveria, principalmente numa situação de relativa normalidade política e econômica, como é a do Brasil, valer o quádruplo de outra. A lei da oferta e da procura está sendo burlada. E parece que isto interessa a muita gente.



Urge, portanto, maior empenho das autoridades no sentido de atentar para a grande movimentação da moeda americana no mercado formal. Mercado que o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários, no caso do mercado futuro, têm o registro das operações com títulos que são corrigidos pelo dólar. Basta verificar quando e onde tem ocorrido grande movimentação desse mercado, e quem estaria, de modo atípico, comercializando os papéis. E procurar saber as justificativas do inusitado e repentino aumento do volume de operações num determinado período. Por que um banco haveria de comprar muitos dólares numa situação de risco ?



.O mercado financeiro parece que está adotando os mesmos instrumentos falaciosos do mercado americano. Onde empresas de grande porte passaram a fraudar a contabilidade de seus resultados contábeis, criando uma falsa impressão de lucro, e de valorização de suas ações, para ganhar dinheiro apostando na confiança dos investidores.



Aqui no Brasil, tem sido até exagerada a atenção que o governo concede ao mercado financeiro. Os bancos e as corretoras de valores mobiliários quase não correm os riscos normais de mercado. Quando não se valem de boatos e mentiras, para ganhar rios de dinheiro, causando sérios prejuízos à economia nacional, são ajudados pelo governo, em situação de falência – inclusive por má administração de seus negócios - pela via de volumosas somas de recursos que lhes são destinados através do PROER, o programa governamental criado exclusivamente para esse fim.



Enquanto nós, mortais, jogamos na lata do lixo nosso bilhete de apostas num Brasil melhor. Deixamos o hipódromo sem ganhar nada e, ainda por cima, carregando a responsabilidade pelos prejuízos causados à nossa economia. Na verdade, o azarão somos nós, o povo. A parte sacrificada deste paradoxo financeiro.



Nós, o povo, continuamos a votar errado. Ou por ignorância ou porque nos deixamos levar por promessas mirabolantes. Promessas que nunca são cumpridas. Somos os azarados neste história. .



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