A pátria,
o lar,
a família
a sociedade,
o homem ainda dando valor a tudo,
valor humano.
O transcendente está preso à matéria,
figura imprecisa,
tinta borrada,
mancha comovida,
falsa modéstia.
O crime de ser honesto diante do mal:
a vida um grande pecado.
O pobre e o rico confraternizam-se no caixão, na terra.
O verme de casaca prefere comer o corpo são do jovem.
E quem come o verme?
E o verme que o verme?!
Tudo fica.
Nada se perde.
A energia concentra-se no movimento,
que produz o homem
e o pensamento do homem
e a poesia do homem.
Pobre de mim,
pobre do mundo,
pobre existência.
Tudo vibra num só compulsar
e eu tenho sono:
quereria dormir para não mais acordar.
Por que dormir?
Para escapar ao sofrimento,
à vida,
à existência.
Como gostaria de não sofrer,
de ter a felicidade
desencaixotada de dentro de mim,
inerente ao meu ser
e ao ser que faz vibrar o mundo.
O intelecto repugna o pessimismo.
O homem precisa de Deus.
Ou ainda precisa?
Talvez logo venha a prescindir.
O ser jamais será igual a si mesmo dentro da eternidade material.
O nada talvez solucione tudo.
Não o meu problema,
que é exclusivo meu,
não da natureza.
Haverá alma que pulse comigo?
Como sou criança!
Como tenho necessidades!
Como preciso de alguma coisa!
06.12.57.
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