Penso que posso possuir o poder
De tudo dissipar. Desaparecer...
No meio da noite, no luzir da lua...
Tolo que sou, preso na luz de teu olhar:
Estou! Estarei! Estive!
Só peço para ganhar
Teus carinhos, quando de minha tristeza
Profunda, a dor superar em destreza
Meu ser... minh’alma...
Oh! Linda mulher como obsecro:
Apareça logo
Para enriquecer esta minha vida inópia...
O tempo é rápido... “paradoxo”
Subtraindo meu próprio tempo...
Vejo o menino
Nas ruas a correr
Com seus pés pequeninos
Buscando no Pai a segurança
De uma leveza o viver
Mas, morta foi a esperança
Quando deste “meninozinho”
Alegre e cheio de vida sem espinho
A Idéia o fez órfão...
Tantos mistérios...
E só a essa Idéia diz respeito?
__Não...!
Há tantos afluentes...
Em falsos influentes rios
Produzidos pela sobrevivência
Todos tão igualmente perdidos e solitários
Que o mundo inundam sem benevolência
Quando em suas águas recebem
Deste órfão menino as lágrimas
Tão fortes e enraizados em seu âmago
As raivas e as desilusões o consomem...
Transformando num gosto tão amargo
Os conflitos deste menino-homem...
Ó! Que dera dar-te-me o prazer
De gritar poder...
___Pai abrace-me nesta hora de angustia!
Porém, nada escuto, nada vejo
Tudo que vejo é o que não vejo
Tudo que vejo é o que o menino-homem
Em suas lentes nebulosas tudo vê
Maldito eterno esconderijo
Por que para este menino-homem
Não querer aparecer?
“Paradoxo?”
Pior que não poder te ver
É a dor sentir de querer te ver
De saber que preciso te ver
De necessitar te ver...
E que esta vida só será vida
Quando em vida te ver!
Ah! Vida de vida que faz essa vida
Quando terei dessa vida, verdadeira vida
Pois, num completo universo de tristeza
Subestimo a morte, desafio a morte
[idolatro a morte
Implorando por te ver...
Mas, num completo universo de felicidade
Fujo da morte, evito morte, temo a morte
Nem lembro em querer te ver?...
Ah! Sentimentos cruéis e mórbidos
Novamente levam-me à melancolia: “paradoxo”
Tornando-me menino-homem em conflito
Então imploro:
___Pai abrace-me nesta hora de angustia!
Porém, nada escuto, nada vejo
Tudo que vejo é o que não vejo
Tudo que vejo é o que o menino-homem
Em suas lentes nebulosas tudo vê
Maldito eterno esconderijo
Por que para este menino-homem
Não querer aparecer?