A essa hora lá em Belém estaria no vêr-o-peso, pegando a virada...
Sentindo aquele cheiro ... De ervas com peixe fresco, com certeza estaria comprando dois quilos de Taumatá, uma fiada de Caranguejo, Farinha da água, açaí branco, Tucupí, Goma, Pupunha e aquela pimenta malagueta.
A essa hora lá em Belém,
Se não estivesse na Escadinha, poderiam me encontrar no bar do Parque, precisamente no Telégrafo, na rua do Fio.
Talvez em Icoaraci ou quem sabe em Marudá, Salinas, Algodoal ou mesmo Romana. E já com a viola afinada.
A essa hora lá em Belém,
Se não estivesse no porto do Sal rumando pro Marajó, Abaeté, estaria chegando em Mosqueiro, terra da tia Firmina ou mesmo a ilha de Cotijuba.
A essa hora lá em Belém...
As ondas do Guajará...Embalando o barco que passa... Nas janelas do rio mar.
O círio de Nazaré... O canto do Sabiá, as mangueiras carregadas de frutos a valsar na brisa...
As nossas morenas Índias, lábios carmins em cheiro do Pará, exalam mais que os lírios e em suas puras alegrias, brilham mais que a lua nas ruas do rio Guamá.
A essa hora lá em Belém...
A rede é o verso mais apreciado no fim da tarde, sob um poema de chuva fina no telhado de palha...
Ah! coisa melhor, só um vinho de cupuaçú, Tapereba ou um café com tapioca.
A essa hora em Belém do Pará, feliz mesmo só quem nunca saiu de lá.
A essa hora lá em Belém...
Belém, Belém, Belém...
Não permitas Deus que eu morrar noutra terra,
Sem que ao menos, esse pobre corpo cabloco e saudoso,
Possa salvar.
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