Usina de Letras
Usina de Letras
235 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140787)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cartas-->Te peço perdão -- 05/11/2006 - 23:19 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querido

Finalmente caio na real. Horário de verão. Detesto acordar cedo.
Credito meu mau humor ao maldito horário de verão.
Não seria, portanto, tua mensagem, a causadora dos meus impropérios ao amanhecer, mesmo quando a janela mostra aquele sol dourado e vermelho que amo.
Não seria a tua declaração de amor a me deixar tão irritada e propensa a assassinatos de flores. Cheguei a arrancar uns lírios que mal tinham desabrochado. Para mim... estavam murchos.
Lua entendeu nada. Neguei-llhe o bifinho. Quando insistiu, se enroscando nos meus pés, penso,
agora, que o olhar que eu lhe dei a fez correr, daquele jeito, pelo jardim, tonta, perdida, como eu estou.
Sâo mil quatrocentos e sessenta dias. Trinta e cinco mil e quarenta horas.
Finalmente, dois milhões, cento e dois mil e quatrocentos minutos depois que lhe conheci, o que tenho é sua declaração de amor e desistência.
Azar o seu, tá?
AZAR O SEU!
Seu prazo A-C-A-B-O-U. ACABOU. Acabou.
Sinto lhe dizer, mas me aposentarei.
No final do mês, me livro do emprego e... de você.
Vou fazer as malas e sair por aí.
" Sem lenço e sem documento, ao sol de quase dezembro, eu vou ..."
Quero registrar, nesta carta, que tudo valeu a pena, porque minha alma não é pequena.
Desde a pisada no pé, o namoro no sofá, os banhos de mar, as taças borbulhantes, tudo foi muito bom. Mas passou. Acabou.
A-C-A-B-O-U.
Chega de saudade. Chega de mensagens dolorosas, que não respondo. Chega de telefonemas no meio do dia. CHEGA.
Eu quero amar a aurora vermelha. Deitar ao lado da fogueira com uma taça de vinho. Me desnudar na madrugada longa. Tudo posso.
Tudo podemos.
Não tenho mais paciência para coisas pequenas. Cansei.
Agora, quero dormir o tempo que quiser, comoer amoras vermelhinhas no pé, entrar no jeep e sair por aí, na hora que der na telha.
E minha telha é forte. Queimadinha. Vermelhinha. Juízo, Deus já me deu demais. Chega de dar trabalho. Aposto que Deus agora quer me ver solta no mundo.
Seu prazo, aliás, não acabou. Acaba no DIA 30 DE NOVEMBRO. Mais de mil e quinhentos dias.
Ah, só pra terminar, eu faço questão de dizer que TE AMO.
Te amo tanto que dói. Eu te amo tanto, que nada tem graça, nem a skol mais geladinha, nem a música mais gostosa, nem o travesseiro mais macio.
Prefiro dormir no relento, comer arroz com ovo, trocar pneu furado, ler o Arnaldo Jabor, tomar Sangue de Boi, qualquer coisa, se for com você.
Por isso, vou, como diria meu pai, abrir o rabo no mundo.
Vou-me embora pra Pasargada.
E quero te pedir perdão.
Perdoa-me por não conseguir te enlouquecer ao ponto de tomares tua vida pela mão e seguir teu destino novo.
Perdoa-me por não ser capaz de inspirar-te ao ponto de romperes essas coisas tristes que te enlouquecem o dia.
Perdoa-me.




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui