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Artigos-->Deus: Uma Jornada Quântica -- 24/08/2003 - 17:06 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“A experiência de Deus é como a sensação de voar”, diz Deepak Chopra em seu recente livro “Como Conhecer Deus”, Editora Rocco, 2001. Nos novos ventos do século XXI, os conhecimentos da Teoria do Caos e da Física Quântica se constituem em elementos-chave para a compreensão do fenômeno religioso e espiritual. Não são pressupostos para se crer em Deus, mas para aqueles que querem ir mais longe, saber mais, conhecer as profundezas dos mistérios da vida. Do ponto de vista da Quântica, a incerteza prevalece nos fenômenos naturais e a escolha da realidade é a essência dessas descobertas desconcertantes da década de 30 do século passado. Quando essas incertezas e escolhas foram trazidas ao mundo macroscópico pela Teoria do Caos, o cientificismo vigente se armou em aguerridas frentes de luta para não permitir que desabasse uma estrutura de mais de 300 anos. Naquela ocasião, a ciência teve um grande avanço e a religião ficou tranqüila, na linha da pregação separatista de Descartes. É importante notar que esse é simplesmente um modelo de universo aceito na época e que ainda perdura enquanto perdurar a visão cartesiana e, portanto, restrita e reducionista, de universo. Ora, no século passado, essas bases foram destroçadas pelas novas teorias, sob grandes protestos de todos os que se apossaram da ciência e da religião, os donos da verdade, os novos mandarins, aqueles que, corretíssimos em seu modo de ver, pregam nos púlpitos das igrejas e das universidades sob proteção da ignomínia. Pregações tão efêmeras e justificadoras de comportamentos pessoais quanto algumas de Santo Agostinho, agora esclarecidas por Jostein Gaarder em “Vita Brevis” (Ed. Companhia das Letras, 2000) e por Uta Ranke-Heinemann em “Eunucos pelo Reino de Deus” (Ed. Rosa dos Tempos, 1996). Para os inúmeros adeptos dessa linha, qualquer tentativa de transformação é encarada como motim e subversão por quererem “mexer no seu queijo”. Por essa razão, ficam intolerantes e, interiormente, não aceitam seus próprios pares, brigando entre si para ver quem fica em primeiro aqui e acolá.

É importante lembrar que no cerne da Teoria do Caos estão os Sistemas Dinâmicos, que também são complexos e adaptativos. Nós, seres humanos, somos sistemas desse tipo que, quanto mais abertos, mais dinâmicos e complexos. Segundo o grande teólogo Teilhard Chardin, evoluímos na direção de nossa realização, ou seja, do conhecimento pleno de Deus, o Ponto Ômega. Essa é a visão de Deus como um atrator, um fractal dinâmico e arquetípico da evolução do ser humano, poder-se-ia dizer. É somente a quebra de paradigmas arraigados que vai permitir se entender que o Deus exterior é o mesmo que o interior, como afirma John Sanford em “Os Sonhos e a Cura da Alma” (Ed. Paulus, 1988). Portanto, buscar a Deus no exterior não exime o ser humano de buscá-lo em seu interior mais profundo, seu inconsciente manifestado principalmente nos sonhos. E é nos sonhos e nos momentos de oração e meditação profunda que expandimos nossa consciência, entramos nas dobras do tempo e experimentamos Deus. Essa experiência é essencialmente livre e leve, por isso se identificando com o espiritual tão incerto quanto pleno e gratificante. É exatamente dessa leveza e liberdade que os conservadores mais tem medo, pois aí não se pode mais contar com rígidas definições, dogmas, pecados ou, em outro extremo, libertinagens inconseqüentes. Se o modelo do século XVII é escolhido, religião e ciência serão ainda duas realidades que não se combinam. Nesse modelo arcaico, milagres fazem parte do sobrenatural e Deus é a realidade somente dos finais de semana e está sempre fora do ser humano. Para esses, a morte física é ainda o fim de tudo e se coaduna com a morte térmica da ciência, numa ligação apenas escatológica da ciência com a religião. Muitos desses cientistas “à lá Descartes” ou são ateus por adesão de status ou são os que freqüentam sorrateiramente os templos e vivem suas religiões mortas e apáticas.

Na nova abordagem trazida pelas descobertas da ciência do século XX, quando o ser humano se abre na linha de Chardin, ele se aproxima de uma região crítica, no limiar do caos, onde se pode conhecer verdadeiramente a Deus sem castrações. Nessa região, os sistemas dinâmicos apresentam uma propriedade incomum: a emergência dos valores imateriais. No caso específico, o que emerge é a espiritualidade. Prigogine diz que nessa região, a matéria começa a ver. Mas quem é Prigogine para os “donos de Deus”? Desse novo ponto de vista, a espiritualidade não é redutível, ou seja, não dá para entender na visão reducionista de Descartes. Não adianta o cientista que se auto proclama de produtivo procurar freneticamente, pois não existe o gene da espiritualidade!

Tentar fixar o religare em regras e normas caducas de conduta ou simplesmente negá-lo por falta de “provas científicas”, é querer ficar preso às leis clássicas do universo cartesiano, onde a dureza do coração humano impera e exige a idéia de um Deus exterior e controlador ou, no outro extremo, sua completa ausência. Porém, como já se disse, Deus não se prende, antes se vive e se experimenta nas sutilezas escondidas, mesmo que essa caminhada seja entremeada de equívocos, como foi o caso do Filho Pródigo. A jornada quântica na busca de Deus é sempre uma realidade que se escolhe e não se impõe. É, portanto, na busca do Santo Graal que se percebe que o religare deste início de milênio vem alicerçado na nova face da ciência e na poderosa e chocante referência do Mestre ao ser humano na frase joanina: “não sabíeis que sois deuses?”

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