Macunaíma e Eu Com Cinco Anos de Idade
Em 1974, quando eu tinha cinco anos de idade, já prestava atenção aos noticiários. Uma vez, vi o apresentador falar:
- Um traficante foi preso por porte de cocaína e heroína...
Então, perguntei:
- Mãe, o que são cocaína e heroína ?
Ela respondeu:
- São drogas , que viciam e matam.
- Aliás, tudo o que é terminado em ina e ima não presta.
Logo, refleti:
- Tem razão, porque o pai falou que a gasolina é uma porcaria.
No dia seguinte, antes de ir à aula, liguei a televisão e o jornalista disse:
- A peça Macunaíma estará em cartaz...
Deste jeito, pensei:
- Nossa farão peça sobre um tóxico !
Quando cheguei na escola, perguntei à professora :
- Que tipo de droga é Macunaíma ?
A mestra ralhou:
- Não fale uma coisa destas da grande obra de Mário de Andrade.
Desta maneira comentei:
- É que pensei que Macunaíma fosse uma droga igual: cocaína, heroína , anfetamina, etc.
Assim, a professora pegou um livro e explicou:
- Esta aqui é a obra chamada Macunaíma, que conta a história de um índio que é a cara do Brasil.
Então, peguei na obra, abri numa página e li em voz alta o seguinte texto:
- Muita saúva e pouco trabalho, este é o mal do Brasil.
Desta maneira, refleti em alto e bom som :
- Tem muita gente preguiçosa nesta terra, mesmo!
- Saúva é a gíria que usa lá em casa para mulheres com o bumbum avantajado, que nem estas que a gente vê na TV: Gretchen, Sheron, Rita Cadillac, Marriete, Mulatas do Sargentelli, etc.
- Bem, parece que só tem estas criaturas na televisão.
Após falar isto, a turma inteira deu risadas .
Luciana do Rocio Mallon
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