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Contos-->RETRAÇOS -- 23/09/2001 - 12:16 (VITO CESAR FONTANA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
RETRAÇOS


Nunca, que eu não escapava.
Na moitinha mufina não escondia nem o dedão do pé. Mas que fazê, né?
Arrumá outra moitinha era invernada perigosa.
A luz do fogo, no rasgo da nesga de um pedaço de céu perseguia qualquer um, qualquer unzinho que riscasse a areia e as pedra daqui prali, de lá pra cá... Era tudo muito certinho.
Se um hominho, qualquer um de nós cismasse, virava cinza de carne de gente.
E até parece que o foguinho adivinhava!
Ah!... Mas que tinha dedo de gente naquela folia, tinha.
Eu escutava no rádio. É, no rádio do compadre João de Zilda. O maior rádio de pilha da região. Só de pilha grande pegava 6, ó, daquelas grandona!
As voz falava gritando pra gente escutá mas era umas palavra difícil dimais, cheia di ipisilone i silêncio, pra daí a poquinho torna a fala e fala. Era umas voz bonita mas cheia de maliça, né?
Tinha dedo de gente sim!
Nunca qui o céu ia se virá pra nóis, gente de calma, gente di paciênça, de costa queimada de sol, de criancinha brincano de amarelinha...
A cidade tava virando foguêra de gigante e o prefeito João de Bia arrancava os cabelo da careca.
Era ingraçado vê o prefeito com aquela cara dele lá de importante, chamuscado na ropinha de pano caro.
Mas tinha uma coisa na cara dele que eu entendia, mesmo que eu era da oposição e nem gostava dele.
Eu entendia sim que tinha tristeza nela, a mesma tristeza que tinha na cara dos ôtro, gente do povo da cidade. Fiquei com pena dele, tadinho. Ele nem que tinha culpa di sê daquele jeito, né, um jeito assim de distância da gente, mas... Tava tudo indo pros brejo mesmo, né...
Ainda vi ele abraçando as criança dele na frente da casa que chamuscava que nem paia que num serve mais.
Pensei cumigo que aquilo já era o fim do mundo.
Possa sê que o mundo se acabe assim mesmo, devagarinho, com cuspe do céu queimando tudo, gente, plantação, casa, os porco, as galinha. Mais precisava sê assim, humilhando, maltratando, dexando gente meio-viva meio-morta espalhada nas rua?
Era pedaço de braço, perna. Ainda achei que cumpade Zezinho é que tinha aquele anel.
Tinha dedo de gente sim. Ah, isso tinha!
Olhei em volta e não vi mais Geraldo, meu jumento de nacença. Quero vê agora tu empacado!
Correu pralgum lugá de jumento, aquele miserávi. Nunca que me dexô sozinho na vida!
Aquele fogo era um fogo diferente mesmo. Queimava até a água do riachin que passava por detrás da igrejinha do pade Inácio!
Seu Cleonte da farmácia queria guarda os vidrin. Que vidrin que nada, Cleonte!
Corre pra igrejinha feito o povo tudinho, home!
Só percebi que não era coisa divina, que não era fim de mundo de bíblia que nada, quando um fogo muito grande caiu na ingrejinha e matou todo mundo.
Nunca que eu ia saber que aquilo era guerra.

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