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Contos-->CIÚME INFERNAL -- 23/09/2001 - 10:49 (Maurício Apolinário) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- Você já reparou o quanto a dona da panificadora anda assanhada?
- Mal conheço aquela mulher. Só falei com ela uma vez, quando fui pagar a conta.
-Pois ela agora deu para ficar de camisola à janela, no horário em que estamos jogando cartar, lá no alpendre.
- Problema dela. Quam não quiser ver, não olhe.
Margarida bordava as toalhas, os olhos faiscando, fixos no trabalho. Seu marido lia o jornal do dia, tranqüilo, fumando charuto.
- Acho que não foi só uma vez que você falou com ela, não. Um dia, quando chegava da veira, vi a sem-vergonha saindo daqui de casa.
- Veio perguntar se não me interessava em comprar o carro que era do marido.
- Isso você não me contou.
- Esquecimento. Afinal, coisa sem importância.
- Ela vive olhando para cá e, às vezes, me pergunta como vão os seus negócios.
- De certo ainda quer vender o carro.
- Será?
- Deseja saber se já estou em condições.
Observava de esguelha o marido, ruminando uma vontade louca de pular-lhe em cima com garras firmes e apertar-lhe o pescoço.
- Muito cuidado com aquela mulher, Horácio. Não é flor que se cheire.
- Duvida de mim, mulher?
- De você e de todos que carregam uma porcaria entre as pernas.
Ele riu, deixando o jornal sobre a mesa.
- Que é isso, Margarida? Tenho coisas mais importantes pra cuidar. Veja só... Ocupar-me com uma mulher daquelas. Tenha paciência... Vou-me deitar que amanhã terei de levantar bem cedo. Não vem?
- Estou sem sono.
retirou-se e a mulher foi para o fogão, revirando uma panela no fogo. Em seus lábios passeava um sorriso de vingança.
E uma hora mais tarde, foi ao quarto ver o marido. Dormia igual uma pedra. Saiu à janela para ver se havia gente na rua. Silêncio. A cidade estava parada.
Mais alguns segundos e ela despejou, satisfeita, o chumbo líquido e fervendo no ouvido do homem. Na tranqüilidade da noite ouviram-se uivos horríveis. De dor, ele quebrou tudo que havia no quarto, inclusive o pescoço da sua assassina.
No dia seguinte, dois caixões cortavam a cidade, rumo ao cemitério.

(Do livro de contos "Um prato de comida".)
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