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Artigos-->Caxias e o selo do arcanjo -- 22/08/2003 - 10:20 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"CAXIAS E O SELO DO ARCANJO



MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA (*)



Nesses tempos que correm em nosso País, plenos de mediocridade e banalização, onde a política se torna cada vez mais um negócio particular e o bem comum parece apenas uma citação aristotélica perdida nas teias da ilusão, é reconfortante recordar a existência daquela ínfima porção de homens reconhecíveis por sua conduta exemplar e seu caráter, que no Império fizeram de sua vocação para o serviço e seu sentido de pátria os sólidos alicerces da nossa independência e da nossa grandeza continental.



Em “Instituições Políticas Brasileiras" Oliveira Vianna refere-se aos homens de “moldagem carismática”, aquela elite dos que receberam, como no Apocalipse, o “selo do Arcanjo”. Entre eles está Caxias, um dos possuídos pela consciência da Nação, o homem público de mentalidade nacional.



Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, nascido em 25 de agosto de 1803 na Fazenda São Paulo localizada na Vila Estrela, na Capitania do Rio de Janeiro, na verdade parece ter vindo ao mundo para confirmar a identificação com sua carreira, cujas origens se prendiam ao próprio berço. Pertencia ele a uma estirpe de militares, na qual onze generais serviram-lhe de exemplo através de três gerações. Assim, sua glória e sua fama geralmente estão associadas ao fato dele nunca ter sido batido, em que pese as dificuldades e circunstâncias das lutas que comandou. Mas será preciso reconhecer que o mais bem sucedido dos generais brasileiros foi também um grande político.



Em 1845 Caxias ocupou seu lugar no Senado, já tendo servido como ministro da Guerra e presidente do conselho, sendo que cabe lembrar que haviam no Império três grandes centros de fixação dos valores do governo onde o Imperador colocava os homens da grande elite: o Ministeriado, o Conselho de Estado e o Senado.

Como ministro da Guerra Caxias formulou um formidável programa com vistas a erguer o Exército moralmente e materialmente e entre suas realizações pode-se citar: o estabelecimento da promoção em data única para todas as Armas; a criação do órgão que hoje é o estado-maior; a alteração do regulamento da organização da saúde relativa ao Exército e criação de hospitais; a reforma do ensino militar; a criação de conselhos para gerir assuntos econômicos do Exército; a instituição do serviço militar obrigatório; a definição e tipo de instrução a ser ministrada às tropas.

À frente do conselho, o Duque de Caxias também agiu com eficiência. Ele apresentou projeto para reforma da lei eleitoral, solicitou profundas melhoras na legislação sobre a Justiça Militar, reformou a lei de recrutamento e mandou organizar escolas práticas de agricultura.



Certamente, as glórias militares de Caxias devem ser relembradas para completar a imagem do militar na qual se recorta ao mesmo tempo o perfil de estadista. Rememore-se, então, que a primeira vitória do Exercito vitalizado pelo regente Pedro de Araújo Lima, veio em 1840, quando chefiado por Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias. Ele dominará a revolta Balaida, no Maranhão e depois conduzirá a várias vitórias em São Paulo e Minas, tendo liquidado a Farroupilha em 1845. A derrota da Praieira (1848-49) logrou a paz interna que se estendeu até o fim do Império. E na guerra do Paraguai só deixou o posto de supremo comandante aliado quando considerou o conflito vencido, entregando o comando ao Conde d’Eu que conduziu a campanha ao seu fim, o que ocorreu com a morte de Solano Lopez em 1 de março de 1870.

Luís Alves de Lima e Silva serviu à Pátria até onde sua saúde lhe permitiu, tendo enfrentado oposição e hostilidade. Faleceu em 1880, em Vassouras, expressando como última vontade ser enterrado apenas na qualidade de Irmão da Cruz dos Militares. Seu esquife foi levado por seis praças antigos e de bom comportamento até a estação do Desengano e de lá para o Rio de Janeiro, tendo o corpo repousado no cemitério de São Francisco de Paulo, no bairro do Catumbi.



Com o advento da República, a aristocracia de homens a qual pertenceu Caxias, desapareceu. No decorrer da nossa história, uma ou outra individualidade no meio político surgiu ainda como uma “espécie de desajustado superior”. Mas já não há uma elite como no Império. Subsiste o que Oliveira Vianna tão bem descreveu ao afirmar: “O brasileiro é, politicamente, o homem individualista, arrastado pela libido dominandi e conduzindo-se pela vida pública sem outro objetivo senão a satisfação desta libido”.

Falta-nos, realmente, aqueles que têm o “selo do Arcanjo”, como o teve o patrono do Exército, o Duque de Caxias.



(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga, escritora e articulista."







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