A Ótica Machista da Globo Contra Mulheres Com Problemas Neurológicos
Soube, através da Internet, que na próxima novela da Globo, haverá uma personagem com Síndrome de Asperger, que será interpretada por Bruna Linzmeyer, uma atriz considerada sensual. Como sou portadora desta deficiência, logo me preocupei porque há o risco do folhetim passar uma imagem errónea das mulheres que possuem este problema. Afinal, as personagens femininas, com transtornos neurológicos, sempre vem com uma ótica machista nas tramas globais. Por exemplos:
No novela Malhação, de 2011, havia a personagem Raquel, portadora de distúrbio bipolar que usava o seu charme para seduzir os homens. Há uma parte em que ela sofre abuso sexual e a trama insinua que foi por culpa dela mesma.
Na novela Pecado Capital, a personagem Vilma, que tinha esquizofrenia, também, é acusada de uma certa forma de usar seu charme para seduzir os homens.
Na novela Direito de Amar, de 1988, há a personagem Joana, portadora de esquizofrenia, que é vista como culpada pelo ato de seu marido comprar uma moça menor de idade.
Na novela Irmãos Coragem, havia a personagem Lara, que possuía três personalidades diferentes e, numa cena, em que ela quase foi estuprada, a moça saiu como se fosse culpada.
Estes foram só alguns exemplos, pois eu poderia passar horas citando as personagens, com transtornos mentais, que são vistas sob uma ótima machista.
Já, os personagens homens, com deficiência mental, são vistos de uma forma graciosa e simpática, exemplos:
O Tonho da Lua, da novela Mulheres de Areia, era um escultor autista que praticava o bem.
O Jamanta da novela Torre de Babel era um autista bem humorado e um excelente mecànico.
O Emanuel da novela A Indomada era um autista inteligente e romàntico.
Agora, uma dúvida paira na minha cabeça:
- Por que foi escolhida uma atriz sensual, que sempre fez papel sedutores, para fazer uma personagem com Síndrome de Asperger na novela Amor à Vida ?
Apesar destas indagações, espero que esta personagem traduza as dificuldades de uma mulher com Síndrome de Asperger, sem a eterna ótica machista.
Pois, como eu sou portadora da Síndrome de Asperger, gostaria ser representada, em uma obra artística, sem esteriótipos.
Luciana do Rocio Mallon
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