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Artigos-->Ligue-se... Mestre! -- 12/07/2001 - 15:21 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sei que assistir a uma aula de literatura, para o adolescente que tem todo um rojão de sentimentos contraditórios no peito, é algo difícil de contornar.

Sempre se ouve uma frase "indigesta":

- Que droga... O tempo custa tanto a passar...

Os mais interessados, ou os "CDF" como eles definem na sua linguagem tão excêntrica e criativa, até que dão atenção, gostam e viajam conosco pelo Classicismo, Barroco, Parnasianismo... No Romantismo já são mais afoitos, por haver textos que lhes falem ao coração, nessa fase apaixonada. Principalmente, quando se fala da juventude dos grandes sonhadores: Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Castro Alves, que perderam sua vida, quase adolescentes ainda, pela simples razão de muito amarem. Debate-se o "mal-do-século" ou "mal-de-amor" do Ultra-romantismo e eles ficam até entusiasmados em "reconsiderar" e trabalham os temas com certa efusão.

E isso me fez "matutar" em alguma forma mais elucidativa e agradável, que despertasse nos meus pupilos a "graça" de querer aprender, com algum interesse, os outros movimentos literários menos apaixonantes. Repensei e fiz uma sutil tentativa de engajar os temas passados ao nosso presente... Criei, por assim dizer, um "Plano B", como cita o nosso amigo J.B. Xavier, em uma das frases tão sábias que publica, de vez em quando.

Não houve necessidade de muito pensar, para colocar este plano em ação. Fiz algumas andanças pelos textos atuais, letras de música (e nelas eu tratava de achar logo o CD, para tocá-lo na classe) ou até notícias de jornal as quais fiz transformar em poemas.

Deu certo!

Os docentes, contagiados pela novidade, começaram a participar de uma forma tão ativa, que quem passou a "aprender" fui eu. E como os fedelhos analisavam as letras de Cazuza, Gonzaguinha, Renato Russo, Milton Nascimento, Chico, Caetano... Com uma sagacidade de fazer gosto a qualquer crítico literário.

"Pais e filhos", da Legião Urbana, deu o que falar... Debates e mais debates, ressaltando o conflito de gerações, a linguagem simbólica, a tragédia de ser adolescente, querendo crescer e entender a vida... A poesia... Nossa!!! Como esta mestra constatou, em tão pouco tempo que, "muda-se a direção do barco, quando o vento não atiça as velas"... (essa, eu criei agorinha... fresquinha... vou pôr na Usina...)

Creio até que mais adolescente do que eles senti-me eu, a cantar e a balançar o corpo, enquanto acompanhávamos o nosso "sonsinho maneiro", dentro de nosso espaço escolar.

A estratégia curricular deu tão certo, que chamou a atenção da escola inteira.

"Que sinistro!" A professora de literatura dá aulas cantando..."Neste comentário, eu aprendi que SINISTRO atualmente quer dizer algo interessante, que agrada... "Fala sério, meu!”Como é que essas criaturinhas invertem o sentido de uma palavra que por si só já é tão “pesado"... tão... "letal"...

Quando a situação está negra, trágica, era uma situação "sinistra". Ao fazermos o seguro de um carro, está lá, nas cláusulas: em caso de "sinistro" o segurado terá de pagar a franquia... E o jovem, com a sua sabedoria nata, muda o sentido "sinistro"da palavra e o faz brilhar em uma semântica perfeita... Sinistro significando "legal, maneiro, jóia"...

E eu lá necessito de enciclopédias, para aprender? Se tenho, quase que diariamente, uma rica forma de o fazer e colocar em prática minhas teorias ultrapassadas... Agora é tudo diferente, dinâmico... INFORMÁTICA, GLOBALIZAÇÃO, MICROSOFT, MULTIMÍDIA, BANKLINE, já pagou suas contas hoje? "Que é isso, cara! Tás por fora, ô meu? Pela Internet tu paga tudo, em qualquer dia da semana, sem arredar o pé do teclado! Tás brincando que eu vou dá essa folga de mofar as falanges em fila de banco... Isso já era, cara! É ultrapassado brother..."

Voltando à minha classe...

Percebi que o jovem tem sede de aprender. Nós “adultos’ é que lhe tolhemos a vontade, com nossa preguiça de inovar e seguimos neste marasmo de aplicar métodos ultrapassados, que não” "mexem" com as válvulas da motivação, embora tenhamos aprendido em didática que a motivação é a "chave" do sucesso.

Conheço professores que, em vinte anos de magistério, ainda usam os seus apontamentos "fajutos", do tempo da "ditadura" - modo de ministrar aulas, ditando os textos elaborados sem o menor esforço - com vocabulários retrógrados, sem nenhuma criatividade... E ainda têm o desplante de dizer que "nossos jovens não querem nada, só pensam em sexo, filmes pornôs e coisas que nada lhes acrescentam..." Por que será?

Vão lá! Enfronhem-se no mundo deles e verão a riqueza que ali existe. As idéias borbulhantes de sabedoria que lá estão e só não afloram, por falta de oportunidade.

Ampliem seus ideais e repassem as aulas como se as estivessem ministrando a seus próprios filhos.

Ah! Toquei na ferida... Para os filhos, o melhor, não?

Só que os pais desses filhos alheios, que estão sob nossa responsabilidade, pensam a mesma coisa...

Há que reformular, para não ter mos remorsos.

Uma ponte mal planejada será construída com o grande perigo de desabar e poderá matar milhares de pessoas que inocentemente transitam por ela a confiar naqueles que a fizeram. Tão trágica, também, será a morte do intelecto que busca em suas palavras, mestre distraído, aplacar a sede do saber cada vez mais... Lembre-se do Outro Grande Mestre, que andava pelo Jardim das Oliveiras e ensinava, profundamente, com o coração:

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça"...



"OUÇA QUEM TEM OUVIDOS DE OUVIR..."



Milene Arder

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