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Cartas-->Carta ao Meu Pai, em mais um dia dos Pais, sem Ele -- 02/10/2006 - 18:20 (Elane Tomich) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta ao Meu Pai, em mais um dia dos Pais, sem Ele


Elane Tomich


Perdoa-me
por deixar-me roubar-te de mim por tanto tempo,
apenas pela perpetuação do minuto
em que teus olhos
mudaram a configuração de espelho
e passaram a fitar um ponto
além das galáxias e da vida líquida.
Perdoa-me
por não me ver refletida em teu olhos
e sentir-me apagada da minha história,
quando abrias picadas no embrenhado do paraíso
e fazias parte da reconstrução do movimento.
Perdoa-me por ter olhado o céu nublado, deixando de ver
a trilha que iniciava-se naquele chão de noite,
espiral rumo a um portal de sonos que nem suponho....
Por achar que era escuro o teu sono,
escurecendo em mim os mil tempos de luz do teu sorriso,
que me faziam voltar ao cais da esperança.
Por deixar que a lembrança de um só instante
do toque frio de pedra me fizesse esquecer
todos os abraços quentes do consolo de bênçãos noturnas.
Perdoa-me
pelas lágrimas tantas que não me deixaram
recordar o passado e nublaram
minha visão de futuro quando me ensinastes,
que o tempo é criação humana,
sendo a eternidade sim, divina.
Perdoa-me
por ter esquecido que entre passado e futuro,
o presente não pode ser uma fantasia impostora.
Perdoa-me,
por não entender que a espera nem sempre é abandono
e por querer te aprisionar nas grades das medidas
de um relógio, transformando a idéia de tempo
em celas de morte.
Por não entender que o tempo é atributo da
individualidade, sendo a comunhão, substantivo-verbo
de muitos pronomes.
Perdoa-me,
por ter guardado mais teu silêncio inerte,
que a voz das tuas ações silenciosas e precisas
que me ensinaram as regras universais
de inserção num rápido raio de provas
e sabores que chamamos vida.
Perdoa-me,
por ter chorado mais pelo desmanche da carne,
que a alegria sentida pela leveza do vôo do pássaro do espírito e por acreditar que o azul do teu olhar havia
se perdido para sempre no cinza...
E, ainda, por não ter compreendido que o cinza é cor,
na fusão das ausências do negro
e do pleno, no arco-íris do branco.
Perdoa-me,
por tantas perguntas repetidas e insanas que te fiz,
quando me respondias em outro tom que emprestastes de Deus, confundindo meus ouvidos
a melodia da natureza com os ruídos com que,
humanamente insistimos em poluir o fluxo da vida.
Perdoa-me pai, principalmente,
Por ter esquecido que me destes a vida
de corpo com sopro de alma e que eu não poderia
devolver à tua alma, o corpo que a vida desfaz.
Para te refazeres numa teia de mistérios tão grande.
que a vaidade desta minha prece,
por vezes, nega-se ainda a compreender.

Agosto de 2002

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