A Hipocrisia das Reformas
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Parlamentares, mal intencionados, insistem na tese de que a aposentadoria integral dos servidores públicos significa privilégio. Enganam o povo. Eles aprovaram a lei e, melhor do que ninguém, sabem que a integralidade pressupõe a contrapartida da contribuição integral, sobre tudo que o servidor recebe. E não desconhecem que 95% dos servidores ganham, em média, a R$2 mil por mês. E que as aposentadorias ditas imorais constituem minoria, a despeito de existem, a bem da verdade, por culpa dos próprios deputados, que nunca se empenharam no sentido de aprovar um teto de remuneração para todo o serviço público.
Desconfia-se que o teto não interessava porque grande parte dos parlamentares acumulam ganhos bem superiores aos R$17 mil proposto como limite.
Tudo leva crer, afinal, que a reforma da Previdência estaria sendo feita para “desafogar” os atuais governadores, posto que seus antecessores meteram a mão no dinheiro da Previdência, para outros fins, e agora não há dinheiro para nada.
A Previdência, se bem administrada, daria para pagar aposentadoria integral para todos, inclusive os trabalhadores da iniciativa privada. Desde que todos tivessem um teto definido (o maior salário pago pela União, cerca de R$17 mil) em lei, e que todos contribuíssem sobre tudo que recebem; e não pelo limite de R$1.580, como é hoje para o trabalhador.
Além do mais, seria necessário acabar com o FGTS - direito, aliás, que só alcança os trabalhadores da iniciativa privada - desonerando a folha de pagamento das empresas.
Os bancos estão de olho na reforma, torcendo para que o governo abra mão dos salários superiores a R$2.400, a fim de que possam complementar a aposentadoria desses servidores, e, desse modo, aumentar os seus lucros.
A pergunta que se faz é a seguinte: se os bancos podem ganhar com a complementação da aposentadoria, por que o governo não assume esse ganho? Resposta: porque o governo, a bem da verdade, arrecadou uma montanhas de dinheiro, durante anos e anos, e desviaram estes recursos para outras finalidades.
Depois, com falta de controle, vieram os desfalques, os roubos, e assim começou o rombo da Previdência.
O resto, é conversa para boi dormir.
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