FELICIDADE
Há milhões de anos, microorganismos aquáticos, graças à maravilhosa evolução biológi-
ca, desenvolveram-se e aperfeiçoaram-se para criarem a vida animal e vegetal, até che-
garem à complexidade do ser humano.
Algumas espécies desenvolveram o tamanho e a força, outras a agilidade para fugirem dos grandes e fortes, outras criaram asas para sairem do solo e protegerem-se. Um dos animais, pequeno e fraco, partindo da onomatopéia (formação de palavras por imitação dos sons das coisas) chegou ao mais aprimorado código sonoro e gráfico, desenvolvendo a comunicação com seus semelhantes, o que permitiu a transmissão das experiências e o avanço científico de tudo que o rodeava.
Graças à capacidade de inventar e acumular experiência, superou artificialmente os olhos da águia, a força do elefante, o veneno dos répteis. Criou armas superiores aos dentes dos tigres e aos chifres dos touros.
Vivendo num mundo misterioso, cheio de fenômenos inexplicáveis, procurando enten-
der e explicar tudo aquilo que não conseguia entender, com sua criatividade, produziu um universo imaginário, riquíssimo em personagens sobrenaturais. Em sua imaginação esse ser inteligente povoou a Terra e os céus de deuses, anjos, diabos, duendes, almas e espíritos de seres mortos. Em todos os tempos, até mesmo hoje, tudo para o qual o ho-
mem não encontra uma explicação plausível, atribui a seres sobrenaturais.
Percebeu que a liberdade sem freios impedia a convivência social e criou normas de conduta para coibir o egoismo natural dos seres humanos. Nasceram a Religião, o Di-
reito, a Moral, a Etiqueta, para compatibilizar a convivência humana e, com certeza
o Mundo seria muito pior sem esses meios de contenção. A liberdade sem limites não funciona.
Criou um verdadeiro ministério de deuses: deus da guerra, da paz, do amor, da fertili-
dade, da chuva, deuses benígnos e malígnos, e, como alternativa contra a própria morte passou a acreditar em ressurreição e encarnação.
Como acontece em todo ramo intelectual, os mandamentos divinos se diversificaram conforme as religiões: para os indianos o ato sexual é uma oferenda sagrada, para os judeus ortodoxos um ato pecaminoso. Só não aboliram o ato sexual porque é o único meio para a perpetuação da espécie e, também, por mais sedutores que fossem os prê-
mios divinos, os homens não deixariam de praticar e usufruir dos prazeres carnais dos quais quase todos gostam (existem não raras exceções).
O bem e o mal, valores oriundos da interpretação humana, pois, o que é bom para muitos pode ser ruim para outros, são representados por entidades sobrenaturais que controlam e traçam o destino da humanidade. E, calcados nesses princípios, aparecem os profetas salvadores de almas ou adivinhos das catástrofes futuras, nomeando-se re-
presentantes dos deuses na Terra, com a finalidade de pregar os preceitos básicos para o bem e para a vida eterna.
A política religiosa sempre foi e ainda é a causa principal das guerras entre os povos. Os judeus ganham pontos matando muçulmanos e vice-versa, católicos e protestantes com-
batem em praça pública.
E, como o homem testa tudo o que vê ou ouve, surgiu o ateísmo, doutrina que exclui a existência de qualquer divindidade, baseada em provas científicas dos enganos contidos em inúmeras afirmações tidas como de procedência divina.
Dessa forma, influenciado por normas de conduta de carater religioso, o homem evoluiu durante milhares de anos e chegou, confuso e desorientado, aos dias de hoje. Nos séculos XIX e XX a ciência progrediu com uma velocidade extraordinária, atropelando as ver-
dades religiosas, desestimulando os profetas oportunistas, desvendando mistérios divi-
nos. Mitos e superstições, atualmente, são alimentados por interesses de caráter político ou econômico, mas, tendem a serem abolidos.
O sexo, também, é um campo propício para as elocubrações imaginárias do homem.
Dessa forma, religião e sexo formam uma parceria harmoniosa e quase perfeita. Os profetas e as prostitutas foram, segundo alguns, os primeiros profissíonais da Terra alimentando sonhos e esperanças de prazeres futuros. A primeira procura travar os sentimentos e ambições, o segundo solta as rédeas para verdadeiras alucinações, assim, as duas alimentam as fantasias necessárias ao homem para encarar e enfrentrar todos os problemas reais que tem pela frente durante sua curta vida.
Com exceção dos judeus, todas as demais religiões conviveram e convivem harmonio-
samente com a prostituição e, sem exceções, todas as prostitutas são fervorosas religio-
sas, crentes fanáticas em santos e anjos. Os prostíbulos de todas as épocas são decorados com imagens e quadros de santos, iluminados por luzes de velas , acompanhados de água benta e incenso.
A industria e o comércio de artigos religiosos sempre existiu, porém, com o advento da fotografia, do cinema, da televisão e do computador, foi obrigada a dividir o mercado com a industria e o comercio do sexo. É uma briga boa... Nações do Primeiro ao Quinto Mundo consomem ambos os produtos vorazmente.
O ser humano queda-se extasiado diante dos mistérios sobrenaturais e à promessa de perdão para seus pecados, de tempos em tempos aparecem fenômenos na comunicação com as massas, como por exempo o Padre Marcelo, que arrecadam num só dia verda-
deiras fortunas sem quaisquer impostos a pagar. O homem, o macho, excita-se com a figura de mulheres nuas, e cada dia mais se vêem na TV moças lindíssimas, com belís-
simas bundas, dançando ou cantando. O número de revistas masculinas cresce verti-
ginosamente... O corpo feminino foi e será sempre vendido ou alugado. Com a liberação do homosexualismo o corpo masculino, também, passou a render altos lucros.
O ser humano possue facetas sui-gêreris, tais como, é o único animal a ter relações ho-
mosexuais com parceiros de sua mesma espécie ou diferentes, fazendo sexo com cabras, éguas, cães, etc., chegando a praticar o ato sexual até com defuntos.
Somente ele e seu meio-primo, o macaco, masturbam-se, o que requer um alto grau de concentração e uma dose de imaginação admirável para atingir o orgasmo, aliás, fica uma pergunta: como é que o macaco consegue gozar se, dizem os antropólogos, ele não tem a capacidade de raciocinar?
O induismo não é uma religião de catequese, é uma crença para os indianos, não tem deuses barbudos enrolados em véus, acreditam nas forças sobrenaturais da Natureza Cósmica, e para atingirem essas forças oferecem sacrifícios sexuais. Inventaram posi-
ções para o coito dignas dos espetáculos de contorcionismo protagonizados pelos mais famosos ginastas do Mundo. Fazem sexo até por telepatia!
Os judeus ortodoxos, no entanto, não fazem amor, sacrificam-se numa cerimônia reli-giosa na qual os corpos não podem tocar-se e a penetração se dá por um buraco no meio de um lençol que cobre inteiramente a mulher. Será que não poderiam, atualmente, recorrer a algum método artificial para fertilizarem suas mulheres? Ou é pecado?
Religião e sexo andam de braços dados, com objetivos semelhantes: dar e receber amor.
Os métodos utilizados para alcançar esse objetivo, também, se analisarmos friamente, não são muito diferentes. Ambos usam da sedução, das palavras carinhosas, dos sorri-
sos, de metáforas nem sempre verdadeiras, de muitas promessas ...
Oferecem a FELICIDADE...
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