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cronicas-->Originais -- 02/03/2000 - 14:12 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um amigo me confidencia que outro amigo tem um maço enorme de originais de um poeta famoso. Passado o cálculo do valor sentimental presente e monetário futuro, fico imaginando como serão os originais neste mundo de editores de texto e publicações eletrónicas. Precisarei copiar à mão para ter meus originais? Devo guardar o pouco que ainda produzo com caneta? O que deixarei para Juliana?

Por enquanto o que tenho são algumas primeiras impressões cheias de erros e com rabiscos variados. Servirão à guisa de originais? Sei não, parece sem graça. E se imprimir e assinar?
Quem sabe não acabo reconhecido após a morte e deixo algum dinheiro para Juliana? E os museus? Há que refletir.

Os livros eletrónicos, e-books para quem gosta de e-mails, estão chegando e, rosnemos ou não, são inevitáveis. Eu não sei exatamente o que eles já fazem, mas é fácil imaginar o que farão em cinco ou dez anos. Talvez menos. Nossas florestas haverão de agradecer, mas nossa memória perderá a graça. É certo que o conteúdo poderá ser guardado em terabytes de disco rígido que um dia será fixo como as memórias. Mas que graça terá olhar um diretório e apreciar as datas de criação dos arquivos? Como serão os Midlins de 2050? E as bibliotecas? Como serão o mofo e as traças do futuro? Os olhares entre prateleiras? Não poderemos mais reclamar que fulano não devolveu o livro emprestado e ele não lembrará que ainda existimos ao passar pela prateleira.

De minha parte, estou guardando todo um lote de arquivos preparados em Open - Access e espero vendê-los em leilão dentro de vinte ou trinta anos. Junto irá uma cópia pirata do software. Quantos não terão arquivos em WordStar, daqueles em que era necessário ser pianista para conseguir um mero "á" ou um discreto "ç". Disto não tenho saudade.

Se do ponto de vista prático estou certo de que acabarei concordando que a disseminação das obras é mais importante que sua forma de apresentação, que o conteúdo não há de ser preterido em favor da embalagem e não sei que novos jogos de palavras, do ponto de vista de quem gosta de pegar e folhear um livro, imagino que vai ficar sem graça.

Imagino que os monges copistas devam ter escrito algo parecido a respeito de um tal de Gutemberg. Que graça haveria de ter a leitura com tipos idênticos, milhares de livros feitos da mesma forma, sem personalidade.

Mas agora é diferente.


Escrito em 11.01.2000



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