----- Só agora me ocorre comparar meus falecidos pais, que sucinto explicarei. Minha Mãe, à Terra, e meu Pai, ao Sol.
----- Nasci a 4 de Junho de 1939, na Rua Dr. Alves da Veiga nº. 13, em Santo Ildefonso e no Porto. Segundo minha Mãe e familiares, meu Pai finou-se quando eu tinha apenas 16 meses. Não me lembro pois do rosto vivo de meu progenitor e só o conheço através de fotografias.
----- A partir dos três anos, meu Pai de percurso foi Alberto Ferreira Pinto, amante pleno de minha Mãe e Amigo intenso em todos os dias que com ele compartilhei. Foi-se em 1966 num acidente rodoviário e nunca mais houve Sol na nossa casa. A Terra, e por isso a mencionei em primeiro lugar, prosseguiu enlutada e sem luz até 1992. A partir daí fiquei eu completamente em breu profundo. Luz que acenda não tem intensidade bastante para me tirar da escuridão que sinto. Sucede a mim e sucede a muitos como eu.
----- Bem... Em redondilha-maior e em glosa, vou expor então um pequeno Cordel:
------------------- MÃE e PAI ------------------
-- Enunciado:
-------------- Mãe e Pai universais,
-------------- Espirituais e terrenos,
-------------- Gostar dum ou doutro mais
-------------- É gostar dum deles menos!
-- Mãe = Terra:
-------------- Palavra esplendorosa
-------------- Com três letras e chapéu
-------------- É a sílaba mais gostosa
-------------- Quer na terra, quer no céu!
-------------- Tem o "M" de mulher,
-------------- Tem o "A" de amorosa,
-------------- Tem o "E" p ra se dizer:
-------------- Palavra esplendorosa.
-------------- É a palavra mais linda
-------------- E eterno jubileu
-------------- Que pronuncio infinda
-------------- Com três letras e chapéu.
-------------- Toda a gente a adivinha
-------------- E a dizê-la sabe a rosa;
-------------- Essa excelsa palavrinha
-------------- É a sílaba mais gostosa.
-------------- Guardá-la-ei triunfal
-------------- E por Ela serei réu
-------------- Em julgamento total
-------------- Quer na terra, quer no céu!
-- Pai = Sol:
-------------- "P" de pão e "A" de amor,
-------------- "I" d invenção verdadeira,
-------------- Três letras de esplendor
-------------- Numa sílaba inteira.
-------------- Quem nela pesar esperança,
-------------- Para pesá-la a rigor,
-------------- Terá de pôr na balança
-------------- "P" de pão e "A" de amor.
-------------- Também em justo juízo
-------------- E porque a vida é matreira
-------------- Quantas vezes foi preciso
-------------- "I" d invenção verdadeira.
-------------- Como é bom pronunciar
-------------- Com delicado fervor
-------------- Numa palavra vulgar
-------------- Três letras de esplendor.
-------------- Do verbo em divino modo
-------------- É a palavra cimeira
-------------- Que contém o mundo todo
-------------- Numa sílaba inteira.
-- E agora, com dedicada amizade, para Milene:
-------------- Uma pedra, uma flor,
-------------- O mais pequeno ser vivo,
-------------- Um pedacinho de amor,
-------------- Tudo - tudo é relativo!
-- Há, Amiga, relação e ninguém realmente sabe explicar porquê. Daí, o espaço sobrenatural que todos mais ou menos habitam no espírito.
-- Boa Terra e Bom Sol para o Teu primeiro fim de semana em Julho de 2002.
------------------ Torre da Guia -----------------