A BRIGA DOS ESTADOS
© by Escrivão Joaquim, setembro de 2004. J. Pessoa-PB
Uma noite, após a janta,
São Paulo, embriagado,
Tira Paraná do lado
Da sua irmã também Santa,
E a saia desta levanta.
Santa Catarina diz:
“-Sai daí, oh, infeliz.
O que queres ver aí?”
E São Paulo apenas ri
Olhando o corpo da ‘miss’.
“-Quero ver o Rio Grande.
Mas como tu ‘tá-no-osso,
Eu só vejo o Mato Grosso;
E, na mata que se expande
Mais abaixo, o Campo Grande
Do Mato Grosso do Sul.
Lá em cima, eu sei que tu
Tem dois ‘Pão-de-Açúcar lindos’
Disse São Paulo, se rindo,
E ficando também nu.
Nisso, a coisa ficou séria,
Na brincadeira do mapa,
São Paulo levou uma tapa
Em razão dessa pilhéria.
Desvirtuou a matéria,
Retirou o Paraná,
Este voltou pr’o lugar,
Deu uma tapa no vilão...
Formou-se a briga entre irmãos,
Vieram os outros apartar.
Veio até o Amapá
E seus irmãos da Amazônia:
Acre, Roraima, Rondônia,
O Tocantins, o Pará,
Maranhão e Ceará...
E quase termina em morte.
Se o Rio Grande do Norte
Não o retirasse pra um canto,
O Rio e o Espírito Santo
Iam bater no mais forte.
Bahia, irmã mais velha
Repreendeu o irmão,
Disse coisas o Maranhão
Que a Santa ficou vermelha:
“-Por que você não se espelha
Na sua irmã Guanabara,
Tinha vergonha na cara
E até preferiu morrer,
Do que ao Rio ceder -
Sua honra vendeu cara...”
E nem teve culpa a Santa
Pra merecer tal carão;
Quem errou foi seu irmão,
Um completo sacripanta...
Veio-lhe um nó na garganta
Chorou convulsivamente
O seu erro foi somente
Não fazer-se prevenida
Achava-se bem vestida
Mas com a calcinha ausente.
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