“ A ÁRVORE ENCANTADA”
(PSEUDÔNIMO: NECO)
Há muito tempo um bosque que é muito freqüentado por pais que levam suas crianças para pic-nic e passeios ao ar livre. Não se sabe muito bem porque, mas o lugar é muito procurado, ficando lotado todo os finais de semana. Localizado na rodovia Castelo Branco próximo à cidade de Bofete em São Paulo.
Conta a história, que as crianças que ali freqüentam tornam-se, no futuro, cidadãos mais conscientes, amáveis, responsáveis, produtivos e preocupados com o meio ambiente, com o desenvolvimento, e com a segurança do Planeta.
Registra-se também que um grupo de crianças que estavam descansando após o pic-nic sob uma frondosa árvore centenária contavam histórias. Tinham como regra detalhar contos que tivessem alguma violência. Eram quatro amiguinhos, Paulinho o mais velho tinha nove anos, Márcia e Bruno tinham oito e Giovanni sete. Todos animados contavam e ouviam histórias. Algumas eram engraçadas, outras transmitiam coragem, mas logo o repertório dos amiguinhos terminou, e um olhando para o outro disse:
-Quero ouvir mais histórias, quem vai contar agora?
-Agora é minha vez, eu quero brincar com vocês também!
-Quem disse isso? Perguntou um para o outro.
-Fui eu, a árvore.
-Você não fala!
-Claro que falo, vocês estão me ouvindo, todas as crianças de bom coração conseguem falar e me ouvir, e eu quero brincar de contar histórias, tenho ótimas e gostaria de repartí-las com crianças inteligentes como vocês.
Os coleginhas incrédulos no que estavam presenciando, acreditando ser uma brincadeira de seus pais, resolveram participar fingindo acreditar que a árvore realmente falasse.
-Topamos, queremos ouvir uma história sua. Disse Paulinho.
-Então olhem para aqueles frutos lá em cima, são três, e vocês precisam escolher um deles. Um fala da inteligência, outro da ganância e outro da riqueza. Vamos escolham uma.
Reuniram-se os quatro, abraçaram-se em roda e falavam baixinho. Resolveram escolher primeiro a riqueza. Vamos ver o que ela nos mostra sobre como ficar rico.
-Senhora árvore, escolhemos a riqueza.
-Então vou derrubar a fruta, vocês dividam em quatro pedaços e comam. E começarei a estória.
A árvore mexeu, balançou, de um lado para outro, até que a fruta caiu.
Os meninos fizeram o que foi solicitado, imediatamente iniciaram uma viagem até uma terra, onde acredite se quiser, muitas coisas eram feitas de madeira, como os barcos, as cadeiras, as mesas, as casas de campo, muitas cercas, móveis, assoalhos, portas das casas, papéis, porém ninguém tinha pensado no replantio e as árvores foram acabando. As terras ficaram improdutivas e viraram desertos, em nenhum lugar do planeta tinha mais árvores, mas ninguém se importava com esse pequeno detalhe, todos os envolvidos nesta destruição estavam muito ricos. Verdadeiras fortunas foram distribuídas para poucos proprietários de terras que tinham árvores, e viviam passeando pelo mundo gastando o seu dinheiro, porém o ar estava poluído, a água sumiu, os donos dos hospitais estavam ficando mais ricos com tantos pacientes a procura de cura para várias doenças. O mundo estava se acabando.
De repente os quatro pediram para voltar, e assim aconteceu, e questionaram a árvore:
-Essa não! Riqueza somente para poucos, não gostamos. Queremos a estória da inteligência.
A árvore sem perder tempo balançou, balançou, mexeu, até que a fruta caiu, dividiram o fruto em quatro pedaços e iniciaram outra viagem. Chegaram a um mundo estranho, todos viviam em bolhas de vidro. Impressionados, perguntaram a um senhor que estava dando informações.
-O que aconteceu?
-Nada!
-Como nada? Vocês moram em cúpulas de vidro, e gostaríamos de saber porquê?
-Isso foi há muito tempo, os homens preocupados em transformar as árvores em objetos para o consumo, esqueceram-se de replantá-las, destruíram a atmosfera da terra ficando irrespirável, mas para provar que somos um povo desenvolvido e muito inteligente, críamos milhares de bolhas como essa, onde tudo é feito de metal, até o ar é retirado do fundo da terra, e mostramos aos nossos antepassados que podemos viver sem as árvores.
-Mas vocês estão presos não podem viajar, conhecer novos povos.
-Bobagem, quem precisa disso? Os meninos entreolharam–se e disseram
-Não gostamos, vamos voltar. E foi o que aconteceu.
Ao chegarem questionaram a árvore.
-Que inteligência é essa que não sabem viver com ela? A árvore pensou, refletiu e disse:
-A resposta está aí no coração de vocês, querem uma outra história?
-Sim, mas uma boa!
-Todas são boas meninos. Só tem que olhá-las como crianças, respondeu a árvore.
E solicitaram a última história do dia. A árvore mexeu, balançou, balançou, virou de um lado para outro, a fruta caiu, os quatros após comerem suas partes, iniciaram mais uma viagem. Chegaram numa terra onde todos usavam máscaras, o sol estava encoberto por uma camada de nuvens escuras, apesar de ser meio-dia, parecia que era noite de tão escuro. Grandes filas, milhares de pessoas caminhavam lentamente em direção a um ginásio enorme com centenas de guichês, onde alguns homens vendiam sementes de árvores. As crianças foram em direção ao ponto de venda e questionaram ao segurança:
- O que o senhor está fazendo?
- Vendendo semente, não estão vendo?
- Porque não distribuem de graça e cada um se responsabiliza em plantar e daqui alguns anos poderão respirar novamente sem essas horrorosas máscaras.
-Vocês estão ficando loucos! Essas sementes valem milhões de dólares e são vendidas uma á uma, e ninguém pode comprar mais que três de cada vez. São propriedades de um grupo de empresários que desenvolveram em laboratórios há muito tempo e agora estão tendo o lucro esperado e o mundo todo está mandando representantes para compra-las.Estas sementes produzem árvores frondosas e vão realizar a fotossíntese como antes, darão belos frutos, porém devido a um segredo dos cientistas, elas não produzirão sementes, obrigando a todos comprar novamente se quiserem reflorestar o planeta.
-Isso é muita ganância! Disse um dos garotos.
-Não acreditamos no que estamos ouvindo, queremos voltar.
Assim que regressaram perguntaram a bela árvore:
-Qual é a mensagem que temos que levar aos nossos pais?
Ela respirou, encheu os pulmões, balançou os galhos, soprou as folhas, e disse:
-A vida é um ciclo. Temos que cuidar da natureza, pois um depende do outro, quando um não faz a sua parte, todos sofrem.
-Tchau, tchau, tchau,
-Voltem sempre. Tragam seus amiguinhos, falem para eles, pois aqui no bosque temos muitas árvores, todas com frutos, que falam de felicidade, arrogância, prudência, amizade, dignidade etc.etc.etc.
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