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Cronicas-->Pl -- 17/02/2013 - 12:05 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O PROFETA E A LUA
Marcelino Rodriguez

Assim como Elias só tinha aquela viúva em Sarepta para dar-lhe atenção, tu foste sempre o meu sinal, minha ancora na cidade, onde eu andava solitário de um lado a outro, somente sendo você capaz de dar a meu coração alguma doçura. Por algumas vezes, creio que nem soubes, mas fostes minhas asas.
Algumas vezes sei que te falei palavras enigmáticas e joguei uma rede de mistérios e senhas no ar, porque essa é minha natureza desde sempre. Eu já era assim na fundação do mundo.
A solidão na cidade aumentava tanto quanto minha ternura por ti, quando eu perguntava-me: “que vim fazer em mais uma Ninive?”
Agora que te afastas de mim e pareces que não tens mais prazer de ouvir minhas crônicas apocalípticas, que eu contava-te com o prazer perverso de um anjo que tomasse chantilli. Eu queria talvez um pouco mais de felicidade, um pouco mais de jardim, mas parece que as circunstâncias, o destino da hora não permite.
Percebo, porém, tua figura e seu estilo como uma uma coisa santa e misteriosa dentro de mim. Jamais irei incomodá-la disso e de agora em diante te chamarei de lua e serás, secretamente, minha.
Eu a roubarei das circunstâncias.
Quando eu tiver sem amante, serás minha lua. Quando eu precisar de uma irmã, te chamarei crescente. Quando eu chorar, serás minha minguante e quando eu sentir-me só e órfão serás minha mãe cheia e beberei em seu seio.
Tu preencherás meu universo de menino e perdoarás meus pecados de homem. Em troca, jamais a incomodarei.
Talvez o vento do norte em algum momento me chame e tu nem perceberás que fui embora, levando-te a lembrança como uma flor roubada no campo.
Talvez, também, para esse texto nos encontramos.
De agora em diante, escreverei para você, Lua.

TR fevereiro.
 

 

 

BATE PAPO NO PAIS

Dificilmente se você é um artista que parece que não anda na crista da onda da midia acha alguém para bater um papo sadio.

Se despreza intelectual nesse país com uma facilidade bovina, como se houvessem outros muitos meios de a gente aprender algo na vida

sem ouvir aqueles que leram ou viajaram mais. Certa vez cruzei com um desses gênios desprezados em frente a biblioteca nacional onde

eu fora registrar um livro. Ele corria apressado e para ser idêntico ao coelho da Alice só faltava a cartola.

-- Intelectual nesse país é muito ignorado né? Somos cassados pelo descrédito.

-- "Cassados" com dois esses, disse ele olhando o relógio.

Dia desses fui abordar um sujeito para falar de um projeto e antes que eu abrisse a boca

o cara falou mais que o Tiririca em dia de show, esquecido que eu era o portador da mensagem. Fora isso, catucava.

Deixei-o na escuridão e arroxeado nos braços, recolhi  ao silêncio eterno o que fora dizer. Senti como se houvesse

sido pisado por um exército de rinocerantes.  Um amigo meu  traficante, costumava me dizer que quem não respeita um homem

de óculos e que escreve livros merece um cemitério clandestino. Ele tava certo. Sou um dos cento e cinquenta homens do país que leram

inteira a história da literatura universal de Otto Maria Carpeaux num universo de duzentos milhões.  Mereciamos ao menos uma medalhinha mensal .

O país, mais do que bolsa familia, precisa de bolsa intelectual.

Nós que não somos tão dotados quanto as mulheres jenipapos e os brontossauros  para a sobrevIvencia

é que mereciamos proteção do governo. Nós que temos o que falar, sofremos o desprezo.

Não sabemos falar alto,  ai todo o  mundo tem razão contra nós.

Em geral, quando vamos começar a falar , nós os que leram Platão, a platéia já foi embora em marcha.

Não temos interlocutores.

 

 

 

 

 

 

 

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