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cronicas-->1986 - Frios -- 09/02/2013 - 12:24 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Congelou meus pés, tive que alugar um sapato por umas duas horas para tirar o roxo deles, minha filha contando do gelo que passou, lá onde andou e já voltou para esse verãozão de carnaval; porque estou com frio então, até moletom estou usando. Não me falem da idade, já sei. Sou calorento, mas já passei frio e se eu morasse no Alaska não moraria, claro que é só uma licença de escrita, nem uma mínima possibilidade. Posso estar enganado, tem feito frio ultimamente ou não. Pelo menos o Tutty Vasques, em sua coluna no Estadão, está recomendando o uso de um casaquinho como adereço neste carnaval de São Paulo.
Uma vez voltei de São Miguel e fui ao cinema, na Turiaçu, estava passando Doutor Jivago, nem muito frio estava fora, mas lá dentro, filme de umas três horas, fiquei sugestionado com aquela neve toda, muita revolução e para comer só batata, mais neve, nevasca, tempestade de neve de novo, fui ficando gelado e sentindo o peso daquela neve toda, quanta neve; gelei de vez e o Omar Sharif e a Julie Christie não se resolviam. Saí congelado da sessão por volta da meia-noite, não vi neve até hoje, mas pra que.
Não vi neve em São Joaquim, mas estava menos cinco graus no relógio da praça, quando voltávamos do restaurante, uma da manhã. Ainda bem que uma garrafa de vinho tinto ajuda, às vezes. Do banho gelado nem preciso falar. Antes estive em Gramado e saí achando que estava na praia, sol estava alto pelas duas. Ni qui ele abaixou, pelas quatro e pouco, fomos endurecendo e as juntas travando, quase não deu tempo de voltar ao hotel pegar agasalhos, no plural mesmo, fora o que precisou comprar de gorro, luva e cachecol. Pelas seis, menos dois nos relógios das ruas; eu mal conseguia falar, pensava - Vai se tonto assim...
Sabem que viajei uma breve temporada com meu pai na carreta Scania e que dormia na rede embaixo dela, pois é. Foi no primeiro semestre de oitenta e seis; até já devo ter contado, mas vou colocar aqui, pois foi fria a coisa. À tardinha encostamos na fila do farelo, no entorno de Campo Grande, fábrica da Zharan, sem nada em volta. Fizemos uma jantinha gostosa, já com um ventinho, que foi virando um ventão, ssssss... O pai foi pra cabine, eu na rede e o sssss gelando, de bermuda e camiseta, com uma colchinha de nada, sem forrar a rede, vê se pode não ter ouvido o sssss ameaçador. Tal qual freezer ele me apossou, fiquei quase duro, nem sei como não morri, posso até ter morrido, pois nem da rede conseguia sair. Nossa, maior frio da minha vida; se não, entre os primeiros.
Dessa fase mesma, peguei outra noite meio parecida, foi em Ponta Grossa, só que num posto de gasolina, aí eu melhorei os agasalhos, espertinho que já tava. Naquela época faltava cerveja e lá era onde fabricava a Original. Tinha no bar do posto, tomei umas e matei a vontade. Por isso, devo ter passado muito frio, porém lembro pouco, ficou mesmo o gosto da Original, hoje não mais a mesma. Tenho ótima memória daquelas umas cervejas e d´eu sozinho.
Tem também um frio coletivo, os meus e os do Cláudio. Fomos todos a São Miguel, eu tinha uma casinha ali na Rua Campos Sales, sem forro e telha de cimento. Montei não sei por que, até ficou bonitinha e vambora curtir. Nós dois casais e os quatro filhos. Nooosssa, desabou o maior frio, geou e nós sem o preparo. Estou contando, mas a Edna nem gosta de lembrar, apenas ficou um momento querido, apesar do frioooo. Foi o aconchego familiar. Dia seguinte, fomos com meu pai no sítio do Tio Rubão. Imaginem que ele trouxera um cavalo de São Bernardo nessa noite mais fria e o cavalo aguentou. Quando olhei para ele, me disse - Tem um moletom aí? Dei o meu boné e um chocolate. Sábado, carnaval, nove de dois de treze, vou arrumar a mala, indo para São Miguel, sem esquecer uma roupinha mais quente.
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