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Artigos-->CARTA ABERTA AO PRESIDENTE -- 09/08/2003 - 15:05 (Elane Tomich) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










CARTA ABERTA



(A QUALQUER PRESIDENTE ATÉ HOJE E QUE NÃO SEJA SEMPRE).





Exmo. Sr. Presidente da República





Como V. Ex.ª, conheço o Brasil da região onde nasci e dos lugares por onde andei. O Brasil que viajei, nos rostos, sorrisos, lágrimas, cheiros, e sabores, paisagens de gentes, flores e bichos. No que vi, ouvi e aprendi, no dia a dia de todos nós.



Conheço também esta terra que adoro, através das minhas pesquisas sobre identidade e cultura, em vários tipos de segmentos populacionais, quando professora de Psicologia Social de uma Universidade Federal. E, principalmente, conheço-o pela rica aventura de viver um cotidiano igual ao de milhões de brasileiros.



Muito diferente de V. Ex.ª, a identidade de brasileiro que nos une, nos separa pelas funções e espaços que exercemos e ocupamos, o que não poderia ser de outra forma. O cargo de Presidente da República está no topo da hierarquia de todos os cargos administrativos do país. O mais dignificante é que, o cargo de presidente supera sua função administrativa e reveste-se de enorme responsabilidade social, que é o sentido mais nobre do exercício político, pela grandeza institucional que lhe é conferida.



Uma instituição, exercida por um só homem, que recebe os penosos encargos e as imensas reverências de toda uma população que, por sua vez, necessita identificar-se com os valores, palavras e atos do seu maior porta-voz.



É preciso, que apesar dos encargos decisórios, o Presidente fale de uma nação de todos, porque esta sua figura institucional, possui a grandiosidade de resultar da criação histórica, da saga de um povo inteiro.



Esta configuração institucional, caracterizada na pessoa do Presidente, constitui-se em uma das muitas faces de identificação cultural, como acontece em outros espaços institucionais, no qual o sujeito se desenvolve: Constituição, Justiça, Congresso, Moeda, Expressões Culturais, Imprensa e Opinião Pública, Trabalho, Família, Instituições Educacionais e tantas outras. Longe de evocar a figura do " Grande Irmão", a instituição presidencial, já foi dito e repito, é um dos espaços onde a identidade cultural, que faz parte da personalidade dos indivíduos, forma-se. Indivíduos que se transformam pouco a pouco em sujeitos que governam a sentença de suas vidas.



Não existe espaço social que não se mescle às representações cognitivas e emocionais das pessoas. O povo será grande se esses espaços forem grandes e generosos, subsidiários da cidadania. E cidadania é sentir-se cidadão igual a "digno de".



Surgem então duas categorias: a de indivíduo abstrato, atemporal, perdido entre o querer e o que fazer. É o ser humano que perde a noção de sua historicidade, consequentemente de futuro e da possibilidade de planejamento de metas: é aquele que não pode sonhar com metas a médio e longo prazo, pois deve apenas sobreviver, em contraposição ao sujeito concreto, histórico, que pode agir e planejar: este é o cidadão.



Quem apenas sobrevive, vive o imediatismo da sobrevida, como se não vivesse, daí o termo abstrato.



O cidadão media, interfere, modifica, reflete sobre si e a sociedade em que vive, agindo sobre o concreto e o simbólico. Daí o termo sujeito, que antecede o verbo, a ação, existindo de fato.



Uma concretude que não se atém a um conceito materialista estático e estagnado, mas onde as ações concretas são mediadas pelo dinamismo das trocas simbólicas: valores, leis, organizações, construção dos direitos humanos, para evitar alongamentos ainda maiores. É que o assunto e as categorias ou conceitos, são de fato complexas.



Num país de desigualdades alarmantes, o povo é formado de indivíduos abstratos, e não de sujeitos históricos. Esse povo vai às compras, pechincha preços, paga taxas, impostos, espera no ponto de ônibus, espera pelo salário atrasado e espera em filas para todos os gostos. E esperar é um jeito de, o também abstrato poder, exercido por indivíduos atrás dos balcões em nome do que não conhecem, zombarem dos seus irmãos, adiando ainda mais o direito de ter direitos. Como desce a auto-estima nessas horas em que a espera corta a esperança e as conquistas sobem os degraus da humilhação. Isto sem contar os que vivem o desespero do desemprego, o maior de todos os tempos, nesses mais de 500 anos de Brasil. Nada causa mais conflitos internos e desesperança do que nos sentirmos piores pelo que fazemos de melhor.



Este povo composto de indivíduos abstratos só encontrará sua completa individualidade na superação da contradição igualdade & diferença.



Igual a todos os seus irmãos no exercício dos seus direitos e, por isso, mais brasileiros, mais iguais (não no sentido da "Revolução dos Bichos", de Orwell), de onde brota a sofisticação da igualdade no exercício dos direitos básicos.



Porque seus deveres, o povo brasileiro já os cumpre plenamente, trabalhando e pagando seus impostos. A maioria, além de cumprir seus deveres, cumpre pena num Estado que aprisiona e paralisa no susto os filhos da nação, pela incoerência da conseqüência dos acontecimentos políticos, que parecem entrar num túnel sem luz. O povo brasileiro talvez sonhasse, no sentido literal da inconsciência dos sonhos, que este Estado fosse o coordenador do crescimento da nação e da cidadania dos seus filhos.



Como disse, além de cumprirem seus deveres, a maioria cumpre uma espécie de pena por um crime não cometido, através do pagamento do excesso de impostos, do não cumprimento da funções sociais do Estado e da injustiça de se verem pagando um estranho ágio por viver, quando sentem que levam na cara a bofetada da desigualdade de tratamento, em relação aos que têm muito e com nada contribuem.



A instabilidade político-econômica reflete-se no cidadão como conflitos emocionais, deterioração ou má formação psicológica para os que deixam de ser e para os que já nascem ex-cidadãos.



Além de não conseguir fazer uma reforma no sistema de saúde que acaba matando, por homicídio culposo ou doloso os que dele necessitam, o povo brasileiro também está doente, carente de dignidade. Esta carência absorve como inerente à sua natureza, o estigma de cidadão desonesto, que é retirado da desonestidade do sistema e introjetada pelo indivíduo, transformando o trabalhador, mal pago ou desempregado, em caloteiro, inadimplente e descumpridor dos seus anseios. O brasileiro está organicamente doente por baixas taxas calóricas de auto-estima.



O problema de saúde é geral e encontra-se acima das forças de qualquer ministério, pois trata-se de um problema estrutural onde os maiores doentes são as outras instituições, principalmente as que se destinam a cuidar do bem estar da população: educação, direito ao trabalho, direito à segurança, enfim, tudo aquilo que significa direito de ser.



Os comportamentos sociais modificam-se e a depressão cresce na expectativa de uma guerra sem motivo e um futuro sem norte. As horas de descanso inexistem. O alcoolismo, o consumo de drogas e a violência familiar aumentam. Violência que sai das casas e vai para as ruas numa verdadeira "farra do boi", de irmão contra irmão. Enquanto isso, a "rosa dos ventos" do poder gira loucamente no centro do furacão da oscilação das bolsas de valores e falsas ideologias de mercado. Sem norte, toda uma nação tenta ter esperança.



Solidariamente, a vontade do povo brasileiro se manifesta, mas de forma pontual, isolada da coordenação política de seus dirigentes. A instabilidade que vivemos estressa o povo que além de não ter descanso, não pode planejar as metas do seu futuro, que estão ligadas ao não entendimento dos objetivos que estão postos para sua pátria.



Talvez esta confusão cognitiva tenha se acentuado quando o povo acredita nas palavras de ordem sobre o fortalecimento da economia, proferidas durante todas as campanhas eleitorais, especialmente na grandiosidade de uma campanha presidencial. Há sempre uma esperança renovada na posse de um novo presidente, como o simbolismo do renascer de um ano novo.



Após o processo eleitoral, os principais motes das campanhas foram moeda forte e redistribuição de renda a favor da população. Acabaram virando um jargão de "novilíngua", termo retirado do clássico "1984" de G. Orwell, que significa a arte de inverter o sentido das palavras, até transformá-las em seu contrário. Essa arte de inversão, dá-se principalmente, por ações que contradizem um discurso que se repete, afirmando ser o que não é. As palavras chaves eram:"Moeda Forte". Ou seja, temos uma moeda forte de igual valor a moeda mais forte do mundo e, como conseqüência, uma economia estável, com retomada dos "investimentos que gerarão empregos". Ficou subentendido que seríamos fortes, como os mais fortes, pouco vulneráveis às crises como os mais fortes, "o país do futuro".



Mas, o futuro é tão longe, horizonte que se afasta... País do futuro é um termo que escuto desde que nasci. E as palavras despencaram como despencou a moeda na sua vinculação com os valores externos que determinam nossos valores internos. O que somos agora? Em novilíngua, "somos fortes", "ou quase".



Sem saber o que fazer e o que somos, encontramo-nos no meio da desnorteada guerra civil. Basta um dia de noticiário da imprensa, para chegarmos a esta conclusão. A violência anunciada, dentro dos nossos territórios é tão grande e, de tal freqüência, que se banaliza, tornando-se quase distante para a população, embora esteja dentro do seu cotidiano. Por exemplo, discute-se uma novela com mais concretude do que um noticiário informativo. Mas será que nos é distante a figura de uma criança de dois anos, na tv, pedindo comida em vez de brinquedos e da passeata de adolescentes pedindo paz e emprego para os pais, em vez de estarem vivendo a arte e a magia das escolhas necessárias, para se tornarem adultos saudáveis, e otimistas, seguros, os futuros dirigentes do nosso território?



O nivelamento por baixo das aspirações humanas é o que chamamos de massificação. Menos que povo, somos massa. Massa de manobra, massa sovada. Para ser honesta, Senhor Presidente, concordo, com todo povo, que o mundo inteiro está em guerra civil e como são nefastas suas influências sobre o nosso país. Basta ver a guerra econômica, na silenciosa arma dos gráficos que dizem, quem pode, quem não pode e as guerras com armas de fogo com os milhões de exilados na terra. Em todo e qualquer recanto do planeta explodem conflitos terríveis. Somos uma ilha em guerra, cercada de guerra por todos os lados.



É aí que vem uma pergunta, talvez simplória, mas sincera, de uma pessoa que não tem acesso às coxias do poder para entendê-lo, ainda mais que a sua complexidade parece vir do caos e não da lógica. Qual é a saída diante de um problema tão grande, que é o do nosso país, sofrendo em sintonia com a apocalíptica falta de sintonia mundial? Será que tem eficácia, os cortes de gastos com demissão de trabalhadores, medidas que levam empresas nacionais à falência, resultado de uma reforma tão grande, quando retira direitos do povo, mas tão pequena para sequer diminuir o giro distribuidor de uma engrenagem de proporções mundiais? Se não, porque as reformas têm sido feitas assim no nosso país? Por que a engrenagem do sistema continua a girar, com conseqüências perversas e assistimos o fenômeno da economia popular tão sofridamente adquirida, esvair-se em quantias monstruosas que são lançadas ao sistema maior do grupo de agiotagem internacional, por escândalos de ações corruptoras internas?



Usar qualquer tipo de direito adquirido pelo trabalhador para tampar os rombos de bilhões que a corrupção ou a submissão ao modelo especulativo de mercado geram, é como tratar câncer terminal com aspirina.. O problema é maior que cumprir a lei. É pensar com outra lógica, simplesmente achando o absurdo, absurdo. E bom para o ser humano aquilo que no seu conjunto, contribui para a evolução do bem estar humano.



Será, Senhor Presidente, que alguns estadistas no mundo, não pensariam em mudar o segredo da chave mestra que faz girar sempre do mesmo jeito, esta engrenagem chamada mercado? Será que não existem outros modelos, novos valores que possam criar uma nova estrutura de trocas globalizadas? Compreendo o quanto deve ser complexa, quase impossível, esta mudança de posturas radicais, no seu melhor sentido de "ir às raízes", para quem está no meio do furacão e já comprometido com os valores instituídos deste mercado.



Mas então para que servem os dirigentes das democracias? Ou será que democracia também virou novilíngua? Por que será que vivemos numa economia, onde mundialmente, aplica-se 2% dos dólares existentes no mundo em produção de bens e o resto em especulação, digo, agiotagem internacional institucionalizada? Isto sem contar que destes 2%, 30% reserva-se à indústria bélica. Tal montante significa, segundo os dados da conferência de Estocolmo sobre desarmamento em 1989: 30.000 dólares anuais por habitantes da terra é o que gasta a indústria bélica, o que acabaria de imediato com a fome e os problemas ambientais do planeta, apenas se fossem distribuídos. Se aplicados em tecnologia e pesquisa para a produção de alimentos e saúde ambiental, acabariam em grau muito maior com estes males, que são um tipo de guerra silenciosa e vergonhosa, estampada no rosto de milhões de africanos, sem músculos, com olhos imensos de súplica, pedindo apenas nutrição para o organismo e doses de esperança. Será que estas imagens não causam dor, vergonha, tristeza, aos mandatários dos destinos da humanidade, como causa a nós, seres humanos comuns?





PS** Assistimos agora ( três anos depois que este artigo foi escrito), além das carnificinas provenientes de guerras internas ou externas, um absurdo de falta de ética e lógica. Os dirigentes pecam em palavras e obras: bombas atiradas, milhares de mortos, populações apavoradas , balas perdidas, poder paralelo e um " gentil fogo amigo".



Até quando continuará a sangria relatada por Galeano em "As Veias Abertas da América Latina", que não se limita ao nosso continente, mas a maioria das nações do mundo menos, sete, oito, nove ou dez? Será apenas uma parcela pequena dos antiquíssimos juros que pagamos, por termos um dia sido colônia e hoje neo-colônias, que o país acabou vendo espoliado parte do seu precioso patrimônio? Será que entregaremos a Amazônia ou ela nos será tomada sutilmente pela pirataria universal, por incompetência em proteger o que é nosso? Que crime seria, privar a humanidade dos segredos de um imenso paraíso cujo verde vale mais que o brilho do ouro. Tesouro de benefícios futuros não podemos sequer sonhar.



A sangria é rápida e massacra em uma década, uma nação inteira. E décadas têm sido repetidas de holocaustos. Será que as gerações sacrificadas só terão sua recompensa no céu? Será que o processo atropelador da globalização de mercado, não deveria resgatar as palavras do Presidente Mitterrand, quando disse que o homem sobreviveria somente num mundo que permitisse a todos exercer sua humanidade plena?



E mais, se hoje nos preocupamos em preservar e avaliar a mesa e a cadeira provenientes de madeira nobre de florestas tropicais, para evitar novas baixas, igualmente necessário, seria pensar num valor justo e universal para o preço da energia que gera produção. Faz parte dessa força, a energia gasta em horas e condições de trabalho dos homens, o suor calórico despendido e não reposto, jamais dignificado. Assim ampliar-se-ia o conceito da ecologia, dignificando a inserção do homem no ecossistema. Mitterrand fala da necessidade de se ter nos produtos mais que o selo ambiental. É preciso ter o selo humano.



Um levantamento da Werner Internacional, empresa de consultoria em Nova Iorque, mostra que o salário hora de indústria têxtil chinesa é de US$0,52 ao passo que as indústrias têxteis do E.U.A e da Grã Bretanha pagam, respectivamente, salário hora de US$12,18 e US$11,60. Estas informações foram tiradas do Financial Times e transcritos pela Gazeta Mercantil de 22 de setembro de 1995 e fazem parte de um artigo que publiquei em outubro do mesmo ano no Jornal do Brasil.



As informações acima, além de seu sentido humanístico, também servem para os que pouco se preocupam com ideologias e valores. Valem como diagnóstico de uma das causas que inviabilizam a globalização estável dos mercados, por estarem estes, dentro de um processo de destruição de indústrias sólidas, através de competição com os produtos do tipo oferecido nas lojas de R$1,99, que com certeza não possuem o selo humano e provavelmente resultam de um trabalho que se aproxima das variadas formas de modo de produção escravagista, ainda que assalariadas.



Será que o homem, com esforço, campanhas, posições corajosas não consegue mudar o que o homem criou? Será que um determinismo suicida nos condena? Diante dos determinismos, de pouco servem os governantes. Diante dos determinismos não existem democracias, a não ser em "novilíngua". Os governantes serviriam para mudar o rumo dessa prosa, desse formato, dessa ideologia.



Será que o capitalismo, da forma devoradora como está posto, será o destino "natural" do planeta e da humanidade? E suas desigualdades e predações serão sempre notificadas pontualmente como partes isoladas do sistema e não como a parte que, fazendo parte do todo, modifica-se pela alteração de quaisquer de suas partes?



Com todo respeito à Instituição da Presidência, pergunto: como é que V. Ex.ª. sente-se falando com vestes, portes e palavras de um grande estadista no exterior, de um Estado longínquo, que de perto é sujo e roto? Posição constrangedora, suponho. Apesar dos paramentos e alegorias o Estado está mais sujo que a Nação. Esta lava num suor limpo, seu farrapos.



De repente, acontece o fenômeno de a arte do filme "A Central do Brasil", nos dar mais respeitabilidade diante do mundo, que as falas do presidente e seus atos administrativos (reformas, tentativas de pagamentos de juros externos), quebrados por escândalos, como um dos últimos (a gente nunca sabe o que vem amanhã), envolvendo o Banco Central e a evasão do dinheiro da nação para salvar bancos.



O sistema bancário como um todo, continua tendo lucros astronômicos, apesar das crises econômicas. São absurdos bilhões com tantos zeros, que a população não entende. Normalmente, atrás de um banco quebrado, há um banqueiro milionário. Tudo isso agravado pela insinuada perda de controle de poder do Presidente que, quando fala no exterior, é sutilmente contestado por aquela que deveria ser sua maior aliada e mais, norteadora: a nação.



O que são os bastidores do poder? Por que os esclarecimentos ao público aparecem com a descrição de fatos isolados, em linguagem técnica difícil de entender? Como isso tudo se traduz no amanhecer de galo da madrugada, dos trabalhadores que se extinguem como classe e que terão de travar mais uma guerra para trabalhar ou caçar emprego?



Por último, Senhor Presidente, o que tenho a dizer, decorre exclusivamente do seu pedido como instiuição da presidência, para que esquecêssemos as faas dos seus velhos tempos de trabalhador, professor, ou metalúrgico, ou tantos outros que se sucedem neste mesmo cargo e se transformam no mesmo boneco deformado, a repetir as mesmas frases como um velho disco de vinil rachado.



Numa democracia, um dirigente ouve a maioria e daí tira a força da autoridade para a tomada de decisões. E daí que vem o poder legitimado.



Ou será que, Senhor Presidente, após 500 anos de descobrimento do Brasil, uma caravela vinda de um mar de tormentas, chegará de novo à nossa praia e nos levará à deriva, por mares dantes tantas vezes navegados onde corsários deste império ocidental, levam-nos em suas decadências repetitivas num banquete canibal, onde a bebida energética servida é o sangue dos povos dos países de terceiro mundo, já que o segundo ninguém sabe onde está?









Respeitosamente,









Elane Tomich



(cidadã brasileira)









PS**: Esta carta foi escrita em 2000, mas como nada mudou, endereço-a à Instituição da Presidência da República de hoje.





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