Democracia às avessas
(por domingos oliveira Medeiros)
O comunismo e o socialismo, em tese, já não existem mais. Ou, quando menos, não atrapalha os planos dos países que se dizem democráticos. Já não metem medo.
Restou, praticado pela maioria das nações, o regime democrático. Que tem lá suas vantagens e desvantagens. E que, agora, sozinho, não se presta mais, da parte de seus defensores, para fazer comparações com outros regimes, no pressuposto de que a democracia, se não é um regime perfeito, é o melhor que temos. Será?
Vejamos o exemplo do Brasil.
A gente escolhe o presidente. Pelo voto livre e universal. Universal, talvez. Livre, nem tanto!.
Não se pode desconhecer que nosso sistema eleitoral carece de aprimoramento. A mídia, e o poder econômico, exercem grande influência junto ao eleitorado, no que se refere à eleição presidencial.
As pesquisas de opinião, não há dúvidas, têm a sua parcela maior de massificação de idéias e de canalização de votos. Não raras vezes são “fabricadas”, para favorecer este ou aquele candidato.
A TV não fica de fora. Insinua, omite, distorce fatos e tem sido cabo eleitoral dos mais operantes. Emissoras de rádio e empresas jornalísticas, do mesmo modo.
O resultado não podia ser diferente. A eleição acaba não reproduzindo os verdadeiros anseios da maioria. E o povo fica sem representação. Seja por conta da infidelidade partidária, que leva o seu deputado para partidos de ideais opostos aos do respectivo eleitor, seja pelo não cumprimento de promessas de campanha.
As causas são muitas. Entre elas, o despreparo, o desinteresse e a falta de “politização” da maioria da povo brasileiro. E a solução passa, necessariamente, por uma ampla, geral e irrestrita Reforma Política.
Enquanto isso, a gente “escolhe” o presidente, e o presidente escolhe os seus aliados. Geralmente, contrários aos interesses do povo que o elegeu.
No caso do PT, o presidente fica dependendo do Congresso Nacional para aprovação de matérias de seu interesse; por sua vez, o Congresso fica na dependência da orientação dos Governadores, que ditam os caminhos a serem seguidos, pelos parlamentares, na apreciação dos projetos de reforma do governo.
O exemplo da Reforma da Previdência é bem sugestivo. O governo negocia sua proposta com os parlamentares e com os governadores. O trio de interesses é montado. Cede-se aqui e acolá. Retiram-se direitos e vantagens. Aumentam-se os impostos. Nomeiam-se os “bodes expiatórios”. E a imprensa se encarrega de “construir” a opinião pública melhor adequada aos propósitos governamentais.
No final, quem elegeu presidente, parlamentares e governadores, fica de fora das negociações e do processo do “toma-lá-da-cá”.
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