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Cronicas-->Quebra-Ossos -- 06/02/2013 - 19:23 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

Tempos de chuva, verdadeiras monções. O Brasil é um país tropical e em diversas regiões, a chuva castiga as populações das grandes cidades. Enquanto chove muito em algumas localidades, em outras impera a seca endêmica. Os animais morrem, seca a colheita e murcha a renda dos moradores locais. Daí, as grandes migrações, que trazem gente de outros estados para trabalhar aqui no sul. Só que, por força da própria desqualificação profissional, da baixa renda, estes migrantes que procuram melhores condições de vida acabam encontrando o contrário, baixa qualidade de moradias (porque como pagar aluguéis em grandes cidades?). Acabam sendo deslocados para favelas, para áreas de risco, para locais propensos a enchentes e expostos a toda a sorte de doenças transmissíveis. Isto tudo, aliado à violência local, cria ambientes propícios a todo tipo de conflito.

Seu José chega de mansinho, como sempre vêm os que estão doentes "de verdade" como costumamos chamar os que assim se apresentam.

--Seu José?

--Sou eu mesmo, seu Doutor.

--O senhor mora aqui?

--Moro não. Estou assim, de passagem por aqui, seu Doutor.

Explica-se, seu filho preocupado com o pai que vivia no agreste, pede para que ele venha a São Paulo. Seu José vive com mais seis pessoas em dois cômodos, num lugar chamado São Marcos. Mas o filho está preocupado com o pai...

--... porque ele está todo quebrado, doutor.

--Como é isso,seu José?

--"Mode" assim. Dói tudo.

--O homem mal anda. Se anda, para ir ao banheiro, geme feito criança.

--E o que mais?

Noto o olhar injetado, o tremor nas mãos, o ar febril.

--Febre, seu doutor. Muita. Ele chacoalha na cama. Ninguém dorme há dois dias.

Há dois dias, seu José, que veio do Norte para tentar viver mais decentemente, sente dores no corpo, febre alta, chacoalha na cama e só de andar, morre de dores em toda parte. Notou que seu olhar ficou mais amarelo e a urina mais escura.

--"Mode" assim, seu doutor, parece que me deram uma surra.

Quebraram-lhe os ossos, ou melhor, um certo mosquito quebrou suas pernas. Sabem como se chama a dengue em alguns países? Num país africano, "Ki Denga Pepo" que é  "uma pancada dada por um espírito ruim". Em outros, dengue mesmo, porque o indivíduo afetado se torna amolecido, cansado, dolorido. Já em outros países a palavra sugere afetação mas a origem da palavra seria do árabe arcaico que significaria "fraqueza".

A dengue é uma doença endêmica no Brasil e é transmitida entre os homens por um mosquito , o Aedes aegypti, mais especificamente por sua fêmea, que pica até 300 pessoas por dia. O detalhe tenebroso é que o mosquito é o mesmo que transmite a febre amarela, lá mais para o norte do país. Nas grandes epidemias, o foco é destruir o mosquito, os locais de reprodução deles. Então, atenção a vasos cheios de água, poças perto de casa, pneus velhos em terrenos baldios. Tudo passa por prevenção. Temos de eliminar os focos de mosquitos. Não há tratamento para a dengue e sim, só o controle dos sintomas. Grande parte dos casos tem só febre e dor/fraqueza. No entanto, quanto mais vezes se tem a dengue, mais as chances de hemorragias aumentam. Isso é o que nos preocupa em casos mais graves, que felizmente, são a minoria. O segredo é hidratação vigorosa, antitérmicos de horário, repouso e retornos periódicos para exames de sangue, para avaliar as plaquetas do paciente (marcadoras de possíveis hemorragias) e jamais usar AAS!

--Seu doutor, então, como é que fica?

--O senhor vai ter de repousar. Como hoje é o segundo dia, pediremos um hemograma. Veremos o resultado amanhã. Por ora, repouso, antitérmicos e muito líquido!

E ali vai seu José, alquebrado pela "febre quebra-ossos". Quem a teve garante: Não quer ter de novo.

O melhor remédio é a prevenção! 

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