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Cartas-->Adeus, compadre, vai com Deus! -- 06/07/2006 - 12:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ADEUS, COMPADRE. VAI COM DEUS.

Glacy Domingues
do Grupo Guararapes Feminino, Fortaleza, CE

Meus amigos, hoje não vou escrever sobre o Brasil, mas sobre um brasileiro. Ele foi um admirado escritor, autor de diversos livros, entre eles MENINOS EU TAMBÉM VI. NOS PORÕES DA DITADURA, NOS CAMINHOS DA HIDTÓRIA , historiador, articulista e, além de tudo, um amigo. Estou falando do General Raymundo Negrão Torres.

Para nós, meu marido e eu, ele e a Clarice, sua esposa, foram “irmãos de coração”. Nossas vidas paralelas começaram quando o Negrão e o Luiz entraram para a Escola Preparatória de Fortaleza. Para a Clarice e eu, ainda adolescentes, no ginásio inteiro, sempre na mesma classe. Ainda fomos internas no mesmo colégio.

Os maridos, colegas de dormitório desde Fortaleza, continuando na AMAN, foram juntos como Aspirantes para Curitiba, em 45. Nos encontramos os quatro, em 52 quando os dois retornaram ao 3º RAM. Daí para a frente, foi andar sempre em linhas paralelas. Juntos na ESAO, em 54 onde o Negrão foi sozinho, mas ia todas as noites para nossa casa ver a novela Mamãe Dolores e, depois estudar.

Terminada a ESAO, nos separamos até 56, quando nos reunimos novamente em Belém. No quarteirão que hoje é a Vila Militar, foram construídas duas casas que quando terminadas, a da esquina foi designada para o Luiz e, a vizinha para o Negrão. Em 57 o Negrão foi transferido para Curitiba e, nós fomos para São Borja, fronteira com a Argentina. Em 59, passaram os dois para a ECEME. Os três anos do curso, o Negrão e o Campedelli estudaram na nossa casa. Nesse período fiz “mestrado” de iluminação e engomar carta, para os três estudarem.

Terminada a ECEME, fomos para Recife e os Negrãos para Curitiba. Em 56 tornamos a nos encontrar no Rio. Em 57, com o grande deslizamento de um morro em Laranjeiras, bairro onde os Negrãos moravam, o Pedro, filho mais velho dos nossos amigos faleceu no desastre. O Luiz, com o consentimento do Comandante do então, 1º Exército, um General amigo, teve dispensa de serviço, para acompanhar os trabalhos na procura do corpo do Pedro. Dias terríveis para nossos amigos. Nossos “compadre de fogueiras”, os dois em estado de choque, o Negrão pediu ao Luiz que cuidasse de tudo. Foi uma semana, passada ora na rua onde aconteceu o desastre, ora no IML para saber se o corpo tinha sido encontrado. O Negrão foi imediatamente transferido para Curitiba.

Tornamos a percorrer linhas paralelas em 77, em Brasília. Em princípio de 78, nosso amigo foi promovido a General e, transferido para Porto Alegre. No fim do ano, o Luiz foi promovido também e, acompanhou como Chefe do Estado Maior, o General Antonio Bandeira, que havia sido transferido para o Comando do 3º Exército. Ficamos juntos até 80. O Negrão é novamente transferido para Curitiba e, o Luiz vai chefiar a Agência do SNI.

Pois não é, que em 81 nosso amigo vai para a ESG? Terminada a ESG, nosso compadre volta para Curitiba e, nós vamos para a Agência de Belo Horizonte. Daí em diante , nossas vidas deslizaram por linhas diferentes. Com a reserva, viemos morar em Fortaleza. Foi a separação? Nunca houve separação. Íamos a Curitiba, nossos amigos vinham nos ver em Fortaleza.

Sei que muitos acham, ou melhor dizendo, achavam nosso amigo, um tanto turrão. E era, porque defendia suas idéias com coragem e convicção. Que digam seus confrades do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Não raro, quando era contrário a alguma opinião, não exitava em bater na mesa para reforçar seu protesto. Mas, quantos outros, têm “n” histórias que comprovam o amigo Negrão. Mas, com o Luiz, quando juntos, discutiam que a Clarice e eu pensávamos que iam sair para o desforro corporal. Engano. Depois de alguns minutos de silêncio para “refrescar”, ouvíamos as risadas da reconciliação. E eu pessoalmente, compadre, devo a você – principalmente – e ao Dr. Dirceu Guimarães Brito minha honrosa indicação para Membro Correspondente do Instituto.

Esse meus amigos, foi o nosso“compadre de fogueira”, o “irmão de coração” que o Luiz e eu perdemos. Mas compadre, tenho a certeza que foi o próprio Papai do Céu que lhe abriu a porta do céu. E você mereceu. Sua comadre, Glacy.





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