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Artigos-->O QUARTO PODER V -- 08/08/2003 - 22:43 (DANIEL CARRANO ALBUQUERQUE) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Uma das mais novas formas de desrespeito à pessoa humana adotada pela mídia inunda todos os canais de televisão. As chamadas “pegadinhas”, u’a modalidade de atração copiada do exterior, como de praxe acontece, extrapolam todos os limites ou regras de conduta dos meios de comunicação. São engraçadas e talvez tenha sido somente o humor a causa de sua criação nos outros países. Mas os nossos produtores, que sempre primam pelo exagero, tratam de ampliar o leque de formulação dos quadros para que, numa boa dose de pornografia e de sadomasoquismo, consigam ganhar também um notório aumento da audiência com a facilidade do humor apelativo. Escolhe-se arbitrariamente a vítima e pelo que parece não há critério para idade ou aparência. A reação de susto ou de raiva gera a graça e é provável que tal reação, por sua vez, leva ao indivíduo um “stress” agudo que pode ser fatal em caso de uma patologia cardíaca. Fico me perguntando se já não tem ocorrido tragédias como conseqüência dessa brincadeira de mau gosto. É provável que essas possíveis tragédias tenham acontecido e que tais casos tenham sido encobertos pois afinal as redes são solidárias entre si e acabam por abafar tudo o que for ameaça aos seus níveis de audiência. Assisti a um desses quadros em que u’a modelo era obrigada a posar junto com uma jibóia. A menina demonstrava um pavor incontrolável, enquanto ao fundo ouvia-se risadas do apresentador. Ela se candidatava a um teste para um trabalho, usava uma tanga pequenina coberta por um pequeno saiote. Gritava apavorada, chorava e tenho certeza que ela não representava. Dos olhos desciam lágrimas que inundavam a face bastante ruborizada. Os supostos membros da equipe de fotografia, auxiliados por outras meninas semi-nuas não paravam. Insistiam na cobrança de que tinha que posar junto à cobra. A menina corria de um lado para o outro, aos prantos e aos gritos, subia no sofá e tentava evadir-se sendo impedida. O maldito quadro não terminava nunca e o débil mental do apresentador continuava dando risadas. O tempo todo aquela mulher sensual travestiu-se em menina. Caiu-lhe a máscara de mulher sedutora que lhe obrigam normalmente a usar e revelou-se a criança medrosa e acuada que realmente ela é. Chamou-me a atenção num certo momento a sua preocupação em descer a barra do saiote para cobrir-se mais, revelando com isso que habitualmente essas moças se envergonham do papel que normalmente fazem, mas camuflam tal constrangimento para poder usufruir dos benefícios da sua profissão. Enfim, se auto agridem, sacrificam sua auto estima, em troca de uma chantagem que parte de uma sociedade em degeneração. Após muito tempo, lhe é finalmente revelado que se trata de uma brincadeira e lhe passam a informação – numa absurda e ridícula pretensão - de que ela, agora, é uma pessoa famosa, ao que ela sorri timidamente, ofegante, as lágrimas ainda presentes. Tais brincadeiras não são só engraçadas. São perversas, desrespeitosas, pretensiosas, negligentes, indecorosas e acima de tudo um péssimo exemplo para as crianças. Quando a vítima, antes enfurecida, é avisada de que está participando de uma brincadeira na frente das câmeras poderosas da TV, elas se encolhem envergonhadas, sorrindo tímidas em respeito ao poderio da instituição.



Agosto de 2003

Daniel Carrano Albuquerque

E-mail: notdam@bol.com.br

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