As vezes pela tarde, nos assentavamos no palanque azul alaranjado da casa, a falar do futuro,
Construíamos muros,
Portões e criavamos castelos... Imaginavamos um mundo puro. Falavamos do amor com tanta poesia, que as mulheres de areia, eram sempre flores no altar da nossa cidade. As nossas armas não feriam; as nossas guerras não matavam... Era brincadeira.
Não havia fome, tão pouco codinomes e o silêncio que a morte deixa em nossos corações era uma possibilidade eterna.
Falavamos de nossas mães, falavamos de nossos pais. E o natal era a luz irradiantemente esperançosa que aquecia e renovava os povos ao redor.
As vezes esperavamos a chuva das tardes quentes, pra alçar vôos de atletas; juntando as mãos na terra e plantando sádios fachos de uma contagiante emoção.
Quantas vezes inventamos a lua, desenhamos a rua de manhã; aperfeiçoamos nossos rostos e calçamos nossos pés.
Na verdade eram quatro. Os meninos da rua do fio, da cidade das mangueiras, da maré da ponte do Galo... Que feito cavaleiros, uniam os mundos, enquanto riam.
Na verdade, eram mosqueteiros, defensores da natureza, escoteiros, justiçeiros e amantes de princesas inesqueciveis. Poetas da casa que o tempo levou no fogo... Poetas que a vida escolheu pra levar, sem dar despedida, mas que as pedras,as travessuras, a tarde, a chuva e as flores cultuam no segredo de cada saudade que aquele lugar, faz meninos,jovens, velhos lembrar.Como uma riqueza jamais usurpada pelas mazelas do dia-a-dia. |