Parei por um momento, com o telefone na mão e
os olhos no relógio.A voz do outro lado do fio,
lamentosa e cheia de desculpas...não podia me
ajudar.Falhara comigo e sentia-se culpado.Logo
comigo, sempre atenta e solidária, sempre amiga.
Fiquei comovida e disse-lhe, que nada me devia.
Que atendesse seus clientes habituais, eu daria
um jeito.Respirei fundo e lembrei de outro nome.
A outra voz respondeu sonolenta e logo estaria
em minha casa, para buscar-me.Achei que ele
estava descansando, pensei em outra pessoa,
mas ele insistiu e em minutos, rodávamos pela
cidade,ainda semi-vazia. O jogo da copa recém
terminara.Todos festejavam em suas casas.
Na verdade, ele não dormira toda a noite, fora
ver o jogo e sucumbira ao sono.No painel do
carro e no espelho retrovisor fitas e imagens:
Santa Catarina (ele émembro ativo da igreja,
PªReus,Nossa Senhora de Aparecida.Fico pensando
na ansiedade da esposa e dos filhos, quando ele
trabalha à noite.São pessoas de valor,
trabalhadores, homens honestos,são taxistas.
A gente precisa tanto deles!Para quem não se
sente habilitada dirigir, como é o meu caso,
eles são anjos salvadores.Às vezes, tenho
vontade de fazer uma carta aberta em jornais,
aos senhores ladrões, por favor, assaltem
banqueiros, milionários,mas deixem os taxistas
em paz!Lógico, não assaltem ninguém.Mas,
pensem bem, poupem estes valorosos
trabalhadores!Cheguei ainda cinco minutos
adiantada em meu compromisso.Obrigada, amigo! |
