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Poesias-->PRIMEIRO POEMA -- 28/10/2001 - 23:10 (Paulo Sérgio Rosseto) |
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O menino beduíno cruzou as pernas
E se viu quedo nas areias ainda mornas da boca da noite
Nem a tempestade dali o moveu
Tampouco a gélida madrugada
Permanecera imóvel até que o sol voltasse de seu passeio pelo ociente
Neste interminável e sombrio ato de solidão
Gotas de orvalho e lágrimas banharam as areias
Pensou ser pássaro: não teve asas para decolar
Pensou ser homem: faltou-lhe a coragem
Pensou ser sincero: encontrou ausentes todas as suas verdades
Pensou ser forte: desencontrou-se das vertentes
Pensou ser anjo, faltou-lhe condão
Sonhou ser louco, deixou a ciência escorrer de seus dedos
(Outras gotas de orvalho e lágrimas banharam as areias)
É dia - o menino beduíno precisa caminhar
Mas onde arrefecer sua alma, ó intangível oasis!
Teme enxergar a própria imagem na poça da fonte que quase nem jorra
Não tem mais a mão pequena que lhe colhia estrelas
Não tem mais o sopro doce da cheirosa brisa em sua face
Não possui mais o ruge das pétalas macias que um dia repartira com a sua amada nos gestos da ousadia
- Colhe tão somente o silêncio dos ventos em sua pele
Ergue-se o menino, enfim
Parte sem norte
Parte sem paz
Parte!
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