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Cronicas-->O Carinho -- 17/12/2012 - 18:39 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

"Um escritor, ou todo homem, deve pensar que tudo o que lhe ocorre é um instrumento: Todas as coisas lhe foram dadas para determinado fim". Tenho pensado muito nessa frase de Borges. Vejo o tempo passando, a vida corre como um rio, os fatos estão lá, luminosos. Tentamos agarrá-los, mas eles fogem qual peixes dourados de nossas mãos. Sabemos que estão lá, mas não os agarramos. Daí, temos de usar subterfúgios, curvas de desvio, para tentar chegar mais perto daquilo que mais desejamos. Eu, por exemplo, desejo apenas a paz do espírito para poder sentar aqui e escrever, ler e conhecer novas realidades. Talvez sejam esses os instrumentos que Borges cita na breve frase citada por mim. Grace, por exemplo, quer mais é o gin tônica, que ela saboreia lentamente, num copo à meia luz. E comenta, entre dentes, talvez ironizando...
--Sei, Jornalista. Sei que você tem essa opção, esse desejo. Mas nem todos podem, senão não existiriam os Gracilianos, nem os Garcia Marques...
--Você adora me humilhar. Pelo menos não estamos em público.
--Você é engraçado. Afinal, foi você quem quis me entrevistar. Mas lembre-se, Borges também diz o seguinte: "As humilhações, as vergonhas, as desventuras, todas essas coisas lhe foram dadas como argila, como matéria prima para sua arte: Você tem de aproveitá-las".
--Como se lembra dessas coisas?
--Existe uma diferença entre ler. E Ler.
--Alguma dica a mais?
--Deixe vir. Eu, por exemplo, surjo do nada, de lugar algum e você está aqui me entrevistando. Imaginou isso em suas mais doidas fantasias?
--Realmente, não. Ah! E não sou jornalista!
Sorrindo divertida, com o copo cheio de gin, ela me olha atravás das transparências, do ar que nos une como um amálgama. Eu a olho, qual delas é a Grace, qual delas é a Kelly? Porque quando se torna dura, granítica, é Grace. Quando amolece, estica o pescoço e solta suas palavras doces, é Kelly; é esta que eu entrevisto. A outra é como um pseudônimo secreto que não admite proximidade, talvez pelo seu passado duro, pela sua vivência obscura. Já a Kelly me mostra a face sorridente. É essa que me interessa, não a Outra. 
--Complicado; mas sou assim mesmo. Se me chamar pelo nome que eu abomino, você sabe que eu lhe mando...
--Respeito aos leitores.
--Lá vem você com censura prévia. Porra, já não basta a Venezuela, com sua oposição amordaçada, você aqui tem de tesourar o que falo?
--Eu hein. Nunca fui censor.
--Vamos fazer as pazes.
--Com certeza!
Ela relaxa, deixa o copo de gin à mesa. Fuma uma cigarrilha.
--...Isso é novo!
--Mentolado. Dá sabor a essa fumaça insípida.
--Tem algo para me contar?
--Não. Você tem de descansar um pouco essa cabeça. 
 
Deitei-me com a cabeça entre suas coxas. Ela passou a mão em meus cabelos...
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