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Cartas-->Hoje Eu Chorei -- 09/06/2006 - 00:28 (wagner araujo da silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje Eu Chorei – 08.Junho.2006 – 22:56

Quando era menininho costumava emprestar o radinho da cor do vinho de minha mãe para ouvir os jogos do meu amado Santos Futebol Clube. E imaginava o que acontecia em cada lance para poder conferir no dia seguinte na televisão se minha fértil imaginação estava funcionando bem. Fechava os olhos para melhores devaneios e, não raramente, dormia com o rádio ligado. O resultado era um sabão, uma bronca danada no dia seguinte, pois a pilha se esgotava durante a madrugada.
O tempo passou e ganhei meu primeiro radinho. Preto e cinza, da Phillips. Sentia-me um rei, um príncipe, a felicidade personificada. Embora toda essa alegria não me impedisse de continuar dormindo com o rádio ligado.
Muitos outros aparelhinhos vieram. Três-em-um da CCE, Technics, Trend Sound, Gradiente, walkman, discman, etc. E a voz oficial sempre foi ele. Meu locutor favorito, meu mestre na narração esportiva.
Se hoje sou locutor? Não, mas já fui durante os meus campeonatos de futebol de botão. Campeonatos que sempre vencidos eram pelo Santos. Sabem como é, campeonato meu, vence o time meu. Na mesa da cozinha ( Estádio Walter Ribeiro, de Sorocaba ), na área que ficava em frente de casa ( Vila Belmiro ), no jardim ( Morumbi ), ou no quintal ( Maracanã ). Lembro como se fosse hoje a confecção dos troféus. Papel alumínio enrolando algum objeto. Recordo das triangulares embalagens do chocolate Toblerone, que encapadas com alguma folha de revista viravam as placas publicitárias ao redor do “gramado”. Também valia jogar água para simular chuva, ou encher de papel picado ( reflexo do visual dos gramados da Copa da Argentina, em 1978 ).
Mas, como jogar futebol de botão sem imitar os gritos da torcida e, principalmente, sem narrar a porfia? Porém, como narrar? Estilo próprio nem sabia o que era. Então o próximo passo era imitar alguém conhecido. E por que não ele? Aquele com quem fortuitamente me encontrei em um bar da cidade de São Pedro. Os dois estávamos lá para uma pescaria. Fui comprar guaraná e de lá saí com uma recordação para o resto me minha vida. Foi um momento mágico. Seu autógrafo, até hoje tenho. Pena não carregar uma máquina fotográfica na hora. Meu ídolo do rádio, FIORI GIGLIOTI.
Sempre ouvi os jogos na Rádio Bandeirantes por causa dele. Depois na Rádio Record. E, recentemente, me ligava na Rádio Capital para apreciar suas frases, para sentir no coração o som de sua voz.
Amanhã inicia-se mais uma Copa do Mundo. E mesmo que o Brasil vença, para mim o país estará mais triste. Mais vazio, mais ressentido pela ausência de homens de alma pura. Um deles se foi. FIORI GIGLIOTI FALECEU. Se foi de madrugada, enquanto eu dormia. Repousava sem saber que um pedaço de minha tenra infância estava sendo tirado de mim. Sem saber que ao acordar e ir tomar banho, não sem antes de ligar o rádio que fica no banheiro, tomaria conhecimento da trágica notícia. Assim como não podemos ver as lágrimas de quem chora na chuva, não tomei conhecimento das minhas debaixo do chuveiro. A cena era de um box enfumaçado ocupado por um corpo absorto e por uma alma profundamente entristecida.
O moço de Lins se foi. Restaram as inúmeras fitas cassete com jogos importantes por ele narrados. Adeus FIORI. Sempre vou me lembrar de você dizendo que jogaria com o Escrete do Rádio nos mais distantes rincões de nosso país, sempre transportado pelos ônibus da Ipojuca Tur. Como eu torcia para que você falasse que iria à Sorocaba.
Tristeza para a gente da Terra. Nesse crepúsculo de texto, olho para o céu carrancudo de Santos e percebo que talvez assim esteja porque nem ele aceite que você feche suas cortinas e termine seu espetáculo.
Sim, hoje eu chorei. Depois de muito tempo. E para ser bem honesto, já não estou conseguindo me segurar de novo.
Por você, para você, querido FIORI GIGLIOTI. Esteja com DEUS. Obrigado por ter feito parte de minha vida.



Wagner -
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