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Artigos-->O Estatuto do Idoso -- 04/08/2003 - 22:17 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A GRANDEZA DO ELEFANTE

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Outrora, jovem e valente, ele era o líder do seu grupo. Da sua família. Andava à frente de todos. Mostrando os caminhos e defendendo-os dos predadores.



Responsável e precavido, cuidava, ao mesmo tempo, de preparar o seu sucessor; para quando chegasse a hora.



E assim aconteceu. O jovem elefante, aos poucos, foi dando conta de que não tinha a mesma agilidade de antes. Suas forças começavam a faltar. Sua visão estava turva; bastante embaçada. Já não podia, portanto, andar à frente do grupo; guiá-lo; E foi cedendo lugar ao seu antecessor; repassando toda a experiência acumulada.



Até que sentiu que a sua hora estava muito próxima. E não podia atrapalhar a jornada dos seus entes queridos. Sua família precisava ir em frente. Em busca de novos caminhos. À procura de água e do alimento; necessários para cuidar dos netos e bisnetos. E, assim, perpetuar a espécie.



E o velho elefante optou, instintivamente, pela estratégia da dignidade. Passou a diminuir o ritmo de suas atividades, à medida que ia envelhecendo. Até que todo o grupo, sem se dar conta, andava à sua frente. E o velho elefante, do modo como desejou, procurou uma árvore frondosa para servir-lhe de lar. E ao seu pé deitou-se, com suas lembranças. E ali morreu. Sem dar trabalho aos que ficaram. Sem a dor do abandono. Certo do dever cumprido.



Assim é a lei da natureza. Todos, mais cedo ou mais tarde, envelhecemos. E morreremos. Mas parece que os animais, ditos irracionais, continuam a dar lições para nós, os seres humanos. Principalmente para os que acham que somos seres superiores; que pensamos; que possuímos a razão e o dom de praticar o amor; que sabemos o que seria necessário para o nosso bem e o de nossos semelhantes.



Infelizmente, as coisas, no mundo racional, são bem mais complicadas. Matamos uns aos outros por motivos fúteis; por inveja; por interesses de ordem material. E até por amor, dizem, se mata.



Não é por outra razão que quando envelhecemos, diferentemente do elefante, não temos o direito de escolher o como e o onde de nossa morte.



Geralmente, nossos familiares, que ajudamos a crescer, que defendemos com unhas e dentes, que alimentamos, que indicamos os caminhos, e que, sobretudo, amamos, começam a sentir o desconforto que lhes causamos, em face da velhice.



Seja porque andamos devagar, atrapalhando o ritmo da casa, seja porque esquecemos das coisas que nos dizem, e as repetimos, sem saber, provocando a intolerância dos que, outrora, foram acalentados em nossos braços; em plena madrugada, aos gritos e choros, quando a febre, a tosse, ou outro mal qualquer, faziam-se presente naquele ser indefeso.



Esse tema ganhou relevância a partir da Campanha da Fraternidade, lançada pelo Vaticano, e ganhou espaço na novela “Mulheres Apaixonadas”, onde um casal de idosos sofre agressões de seus familiares.



Mas na vida real, a coisa se repete com freqüência. Os idosos têm sido vítimas constantes de maus-tratos. E a solução, quase sempre encontrada pelos familiares, é “deixar” os velhinhos no asilo. Ainda que sem sua concordância. Ali, para muitos, eles são abandonados. Retos de carne estragada, de sobra de comida e de trapos de roupas velhas, que se jogam fora; depois de usados e abusados.



Nos asilos, eles formam um novo grupo. O grupo dos que sentem a dor da ausência e do abandono. Abandono que chega a causar danos à saúde. Apressando o fim de uma história de boas lembranças, e que não deveria acabar deste jeito, não fosse o egoísmo e a indiferença de algumas pessoas.



Felizmente, já existem algumas ações para coibir ou diminuir estas agressões. As delegacias regionais e a Promotoria de Defesa do Idoso e Deficiente Físico, estão atuando com real eficácia nestes casos. E esperamos, para breve, a proximidade de aprovação, na Câmara dos Deputados, o Estatuto do Idoso, que por lá tramita desde 1997.



O projeto classifica como crime todas as agressões que vierem a ser cometidas contra os idosos. Sem necessidade, inclusive, de denúncia da vítima, para que se instale o processo criminal. Enfim, uma boa notícia.



Domingos Oliveira Medeiros

28 de junho de 2003









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