Minha pátria está de luto...
vestindo roupa vermelha.
Num desgoverno absoluto,
o fogo gerou centelha
após centelha e consome
montes, prados e floresta.
Sem haver alguém que o dome,
casas, quintas, nada resta.
Chora Portugal, país
pelo sol atraiçoado
num calor que é chamariz...
Verão amaldiçoado!
Plantaram séries de fogos,
criminosas mãos, de ateus.
Olvidando os nossos rogos,
trovoadas, mandou Deus!
Chora Portugal, que a cor
rubra percorrendo os montes
é um prenúncio de dor...
Esfumaçados horizontes.
Chora Portugal, as tuas
riquezas carbonizadas...
Populações evacuas,
das aldeias calcinadas.
Chora Portugal, os teus
homens sem medo, proscritos;
pelos fogos, quais pigmeus,
pereceram, circunscritos.
Portugal chora! E o povo,
impotente, ouviu dizer
ao governo velho, e novo,
não mais isto acontecer.
2/08/2003
Laura B. Martins
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