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cronicas-->1971 - Calá o que -- 28/10/2012 - 10:54 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esse aí enxerga jota dois, doutor. É, vamos dar uma olhada só para verificação. Tem um terçolzinho e está usando óculos para leitura. Coloquei a testa no aparelho e acenderam aquelas luzinhas, branca, amarela e azul, olhe prá cima. Só operando, o corpo não absorve do jeito que está. Que foi... Nada, só um calázio, aliás, dois. Faremos na segunda, não dá. Terça ou quarta, menos ainda. E hoje, agora? Pode ser, está livre a sala... Está, leve ele aos procedimentos. Pronto, desci com a doutora assistente, assinei umas coisas e eis me com avental, touca, entrando na sala e deitando na mesa operatória, tudo em menos que nada. Fiquei com os braços presos, um pano na cabeça, só com o buraco do olho esquerdo aparecendo. Um algodão embebido em algo, uma agulha enorme, aiiii... ai. Já foi, só anestesia, eu vendo tudo. A tesoura e tuf, saiu um, tuf, saiu outro. Mais algodão, mais líquidos e um dedão pressionando por séculos. Tampão e esparadrapo. Fiquei que nem um pirata da perna de pau, olhando com o outro olho duas bolinhas no vidrinho. Ó os calázios.
Cheguei em casa e fui ver o que é isso, claro e lógico, se vocês me conhecem. No dicionário - pequeno tumor granulomatoso no bordo livre da pálpebra, resultante de inflamação crónica de uma glàndula acinotarsal, mesmo que hordéolo, que é um abscesso pequeno, do tamanho de um grão de cevada, que cresce na borda da pálpebra; terçol. Tá lá no Houaiss, só olhar. Estou com duas coisinhas dessas, para mandar ao laboratório analisar, como se fosse mudar a injeção que tomei na pálpebra, ai que dor, fora que tenho que ficar lavando o olho com shampoo Johnson´s infantil.
Antigamente, alguém com terçol tinha uma viuvinha, pelo menos, criança, eu chamava assim e nos últimos três anos, carreguei algumas três vezes, sempre na parte superior dos olhos. Uma sarou e deixou uma bolinha, depois absorvida. Mas era uma bolinha visível e estava andando pelo Mercado Municipal de São Paulo, aquele dos sanduíches de mortadela e outras delícias, quando numa banca de queijos a atendente falou, dando risadas e com ares de especialista - Igualzinha a minha, tirei a semana passada. Viu, só operando, vaticinou. Até me examinou, recomendando urgência. Deixei quieto e o corpo se encarregou de resolver. Essas duas, não. O Doutor Walton resolveu, como quando mandou eu deixar os óculos que usava mais de trinta anos. Verdade, usei óculos esse tempo todo aí, sem nenhuma precisão. Você tem a visão ótima, não precisa operar. Escute bem - Você precisa de luz, luuuuzzz... Em menos de um mês já não usava mais armação nenhuma e fiquei assim nos últimos oito anos, agora uso só para leitura, aqueles meio óculos. O que ele mais recomenda é o uso de óculos escuros, ainda mais eu, que tenho traços de catarata e sempre pergunta por que usei óculos. Respondo que não sei, só pode ser preocupação de mãe, pois em setenta e um, na época do colegial, um dia reclamei de dor de cabeça. Dona Cida me mandou ao médico, acostumei e usei, sempre gostando e verificando uma vez ao ano.
Comprei o primeiro ali perto do mercado, em Itapetininga. Depois, em São Paulo, adaptei um Ray-Ban clássico com lente fotocromática, fiquei me achando. Aí descobri um esteta ótico, muito chique e famoso, o Miguel Giannini, me deu uma armação linda e lente normal, mais outra armação com lente escura degradeé, fiquei insuportável. Voltei nele umas três vezes, caro de tudo, mas tinha grife e era esteta... No tocante às armações, acabei numa ótica de um conhecido, no Shopping Iguatemi, importadas, coisa e loisa, já com lente multifocal. Passei por vários doutores, mais tempo com o Professor Doutor Belfort, no centro da cidade, um senhorzinho muito legal, examinava tudo, explicando e dando aula cada coisa. Sentia uma confiança e usava o que ele recomendava. Tem uma passagem curiosa nada a ver, em noventa e quatro, fui ao consultório dele servindo de babá, de meu sobrinho Pedro, novinho, mal andava, uma belezinha de menino. Não é que ele resolveu carimbar e fez um cocozão daqueles, poluiu todo o andar. O doutor me examinando, dando risada e a Edna às voltas com aquela coisa toda.
Quando questionei o Doutor Walton porque os colegas dele me receitavam o uso de óculos, ele me explicou que o nervo ótico se adapta e chama necessidade. Ao ir tirando aos poucos eu recuperaria, assim foi. Gastei um tanto de armações e outro tanto em consultas, fora marca escura no nariz e dor nas orelhas, mais quando eu dormia com eles, babando nos sofás.
Voltando ao calázio, dá até para xingar usando essa palavra, substituindo uma outra que vocês conhecem e até usam. Calázio, que porcaria essa... Bom, deixa prá lá. Tanto o calázio, como o terçol, o doutor disse não serem problemas, mas precisam de cuidado, remoção quando necessário e tratamento. Voltei dia seguinte, sexta, para acompanhamento e outra doutora disse que tenho o olho muito oleoso, daí eu ter que ficar lavando os olhos, mais que o necessário e neste domingo de segundo turno, vinte e oito de dez de doze, já fiz isso bem caprichado e já pinguei colírio. Calázio!
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