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cronicas-->A Seca -- 19/09/2012 - 16:10 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Economize sua água. Guarde tudo o que puder; Não lave seus pratos todos os dias..."

A mensagem do rádio denunciava: Se quiser ter sua água, reserve no Distrito Central. Enquanto isto...

--Quanto custa este recondicionador de urina?
--Barato, amigo. Só Trocentos Reais!
--Pago 250 nele.
--Trezentos e não se fala mais nisto.

Era pegar ou largar. Peguei o meu, afinal, ninguém é de ferro! Esses recondicionadores de urina de segunda mão às vezes deixam a desejar, aí seu suco fica com um saborzinho meio azedo. Ninguém mais mija na rua. Medo de rapto: Tem boatos de que pessoas estariam sendo raptadas para urinarem sedadas, assim o suprimento de água melhoraria. Até acredito, dada a seca.

Tudo gira em torno: Cremes hidratantes, receitas miraculosas que refazem a água do pó que cobre a tudo e a todos. Mandingas para volta da chuva. Danças, encantamentos. Mas a água, que é bom, virou luxo. Rara, só tem pasta d`água. Você usa para aliviar a secura da garganta. Tem malandro vendendo o pó como água, basta adicionar uma gota e pumba! Lá vem um litro fácil. São conjecturas, são conjecturas, diz o meu amigo louco. Ele acha que tudo são estas mal afamadas conjecturas. Nas casas o amor fraternal pega pesado...

--Mamãe, ele bebeu o copo todo!
--Já falei, é só a metade! Quantas vezes terei de falar?
--Mamãe, ele está rindo.
--Mais respeito, menino, senão corto sua ração por quinze dias.

Eu, de minha parte, já faço minha parte, se é que existe terço mais seco. Passo colado nas paredes, porque os brutos sempre dominam e adoram escarnecer daqueles que se acham assustados.

--Não fui com a sua cara.

E tome paulada. Não foi uma vez só que a turba gritava "Foi ele que fêz a água sumir!!!" e o pobre se não corresse mais que mil leopardos acabava num muro, machucado como um cão vadio.

--Vai um bagulho aí?
--Não, obrigado.
--Melhor levar. Ninguém aguenta mais de sede. Melhor fugir, meu caro.

...Velho conhecido. Mora lá perto. Acha que todos devem fugir. Não arrego não! Se não tem água, ainda tem vinho. E vinagre serve. Agora, fugir para um paraíso espesso ainda seco, não! Eu saio de lado quando ele olha uma moça que passa, o danado. Está tudo como o Saara, na melhor das hipóteses e a velha chama ainda acende!

Chegar em casa. O sonho de todos. Ninguém suporta estar ao ar livre. Tudo estala, as árvores crepitam. Animais se escondem da sanha do povo, que vagueia sem rumo. Pássaros piam tristes nas calhas e ratos espiam do esgoto. Eu passo. E abro a porta de mil cadeados e chaves nos molhos. Sou lá bobo? não. Hora de usar a máquina. Vamos ver se funciona. É só colocar assim, encaixar assado, ligar...e pronto! Lá sai o meu copo de soma, de ambrosia, tão cristalina que eu ergo um brinde à lua, nessas alturas mais úmida que este deserto!

Saúde, Natureza!
Conseguimos o que queríamos.
Amén.
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