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cronicas-->1968 - De veneta -- 16/09/2012 - 18:12 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ai, você escreveu isso tudo de mim, vão me surrá na rua. Ai que vergonha, meu Deus do céu, não vó mais sair de casa. Mãe, nem ligue, vão dar risadas, só. É seu jeito e tudo da boca prá fora, tá escrito lá. São suas pérolas. A sua irmã, a Mary, tá dizendo que você acabou comigo, onjáseviu, com a moral e que escàndalo, entre vergonha e insanidade. Nem ligue, disse de novo, ela está sem humor. Amanhã irei até aí e conversaremos, deixe quieto, é só uma crónica. Continuei o caminho da estrada, pensando no jeitão dela, sempre falando o que quer e apertando todos da sua família. Falei que ia, mas esqueci de dar o cardápio do almoço. Teve uma época que eu pedia torresmo e ela não acertava, só quando eu não ia é que dava certo.
Quando escrevi cronicas falando bem do meu pai, que vocês já leram, ela chegou para mim e me encantoou; viu, só fala bem do seu pai, fale de mim. Eu disse - Só depois que a senhora se for. Ela me olhou feio, colocou as mãos para trás na cintura e continuou olhando... Acordei cedo, chamei a Edna e saímos. Parei no setenta da Castelo procurar amendoim especial, do Frango Assado. Não achei. Parei na Padaria Real e comprei umas coisitas, salgadinhos e café, mais ou menos como dantes e a chegada sempre igual. Ai, você trouxe essas coisaradas, não aguento comer tudo. Digo, agradeça e no meio das conversas, escuto agradecimentos e uma ligeira bronca. - Não me vá comprar nada no supermercado, tó cheia de coisas. Fez um almoção maravilhoso, saladas uma delícia e frango frito e mais. Conversamos um pouco, dei uma cochilada, demos umas risadas sobre o que escrevi, pois ela se deu conta da coisa toda.
Ainda contou da visita que recebeu do padre, queria conhecer o Mike, fico só imaginando a cara dela, quando ele pediu seus pecados... Bom deixa prá lá. Ela não dirige, mas tirou carta, que nem vale mais. Meu pai tentou ensinar e quase desistiu, quando ela parou o carro e foi tirar o cachorro da rua. Primeiro começou a falar - Sai cachorro, sai. Buzine, não, ele sai, nem que seja na marra. Deve ter saído, pois era o melhor para ele, se não. Meu pai é que não se conformava. Tirou a carta, mas nunca a vi dirigir.
Ai Inho, foi o melhor banho que eu tomei, lavou tudo de ruim, se eu soubesse que era assim, teria pedido prá você jogar antes em mim, bem antes. Isso eu ouvi, pelas duas da madrugada, num réveillon passado e quase remoto. Ela estava muito chata, nossa, dando bronca em todo mundo, daquele jeito. Abaixe esse som, olha essa criança, o bando de gente à toa, eu pego e por aí fora. Foi quando eu peguei uma garrafa de champanhe e joguei todinha na cabeça dela. Senti o calafrio, mas o efeito foi sensacional. Ela se transformou e parou com aquela sandice toda. Depois andou querendo mais, mas já saiu de moda.
Acho que em sessenta e oito, ela não se conformava com a casa que morávamos, nunca soube o motivo, alugou uma ali na rua Dante Carraro, perto do antigo laticínio, contratou alguém, levou a mudança e nós juntos. Não aguentou uma noite, nem dormiu. Dia seguinte voltou pelo mesmo caminho que foi. De veneta foi, de veneta voltou. Ainda não disse, mas de veneta faz parte. Como quando, só prá mim, ela xingou um deputado que nos atendeu na Assembleia Legislativa, na época que ela estava nos primórdios da Apae. Deu panca para minimizar a coisa toda. Acho que ela jogou um monte de praga nele.
Medo de chuva é uma coisa sagrada, ai ai tá pretejando tudo por lá, fecha a casa, põe toalha nos espelhos e se esconde no quarto, só rezando. Quando eu era criança, era pior ainda, pois somava o fogaréu que saía da subestação, quando caíam uns raios, só barulho, mas assustador para ela. Prá mim, passou. Não gosta de chuva mesmo, só quando passa. Não gosta de cachorro, muito menos de gato. Melhor nem passarem por perto. Eu se fosse um deles, começaria a correr agora mesmo e prá bem longe.
Ela anda meio renga, com o joelho inchado, fez até aplicação essa semana, daqui a pouco melhora, o joelho, ela continuará sempre igual e hoje, dezesseis de nove de doze, espero que ela continue igual por muito tempo ainda, eita Dona Cida!
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