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Cronicas-->Crónica Saariana -- 11/09/2012 - 18:34 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cronica Saariana

Estava ontem, matutando o que fazer à tarde. Olhava para o céu, olhava para o prédio da frente. Aqui em São Paulo tua perspectiva não passa de dez metros à frente. Se tivesse uma tábua, capaz de a gente se visitar mais frequentemente, conversando com os vizinhos que também se olham de sacadas e coisa e tal. Bem, eu olhando para o céu, eu olhando para o chão. Não corro faz algum tempo. Que tal? Bem, umidade relativa do ar baixa. Calor quase de verão em pleno inverno. Algo errado? O ar, não se respira. Come-se. A poeira traz lindos poentes, maravilhosos escarlates e finos ciscos incómodos. Nem de óculos de grau se escapa, o que dirá de lentes? Não, não uso lentes. Mas vai lá: Tênis, camiseta, short. Relógio no pulso, cronometro ligado.

Cinco minutos de corrida: Engraçado, parecem mais de dez minutos. Só cinco? Sete minutos: Que é isso? Não parece suor. Está mais parecido com alguma pasta; talvez molho de algum tipo. Dez minutos: A língua parece um objeto estranho na boca. O ar entra raspando(literalmente, come-se o pó que o Diabo Espalhou. Deus e o diabo na terra do sol. Nome de filme, Glauber me veio à cabeça). Quinze minutos. Pernas, existem para quê? Obedeçam. E olhem, não sou tão imóvel assim! Obedeçam, já disse. Vinte minutos. Tem algo errado. Corri uma hora. Não é possível. Passa um caminhão de Coca- Cola pertinho: Pensamentos impublicáveis! Vocês imaginam o que eu pensei, naquele minuto fatídico em que uma garrafa de coca parecia estar ao meu alcance. Que xarope, que nada, tomava até quente, com a sensação de ter engolido um quilo de areia. Vinte e cinco minutos! Lá se vai o Oasis distante, estou às voltas com meu Saara particular. Detesto areia, essa amplidão, os pés afundam nas dunas...Que é isto? Trinta minutos. Toca o alarme, volto à rua Flórida onde me arrasto com os tênis batendo infames no chão quente. Asfalto derretido, gruda na sola do tênis. Quase fico de meia. De meia não corro, nem de meia-sola. Hahaha! Lá se vai o Oasis distante.

Vinicius, me perdoe, mas uma coca é fundamental.

Trinta e oito minutos! Foram trinta e oito minutos. Meninos e meninas, eu não aconselho. Praticar esporte nessa secura, só com muita hidrataçao. Faça o que eu digo mas nunca o que eu fiz. Conselho de amigo, irmão, brother, o escambau. Só sei que a padaria nunca me fêz tão bem à alma! Entrei, sentei no banco à beira do balcão. Lembrei de Vinicius e do cachorro engarrafado, nesse caso o meu.

--Moço, o senhor está acabado.

O pior é que ele me conhece, o danado. Já me viu em dias melhores. Já sabe que correr no Saara faz mal. Só faz isso porque sabe que eu estou assim parecendo um damasco. Sabe, damasco? Fruta seca. Mas ele, como bom estudioso de fisionomia que é, já sabe as palavras que me levam ao êxtase.

--Uma coca para o damasco aqui!

Damasco o escambau. Gelo mesmo. Sem limão.

Boa noite Saarianos.

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