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Cronicas-->1935 - Tatatá -- 09/09/2012 - 14:55 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oi, tudo bem? Tudo numa boa, tó fazendo armoço. Num é que ela fala errado, conhece o certo, mas desenvolveu um jeito só, não diria próprio, só dela. E quando não quer papo, tome tatatá; melhor já dizer tchau e desligar. Anteontem conversamos e hoje foi só um tatá, deu tempo de saber - Sua irmã veio a Itapetininga e como ninguém se manifestava, liguei lá. Só carne no pedaço. Aqui, tá o maior forfé de comício, aquele tropé, só gente com bandeira, ave Maria co´esse puta desse sol, esses dias rolou uma rojãoada e artofalante, mas tá meio quieto, eu gosto é do barulho e da movimentação. Tem uma muiérada de candidata, nunca vi iguar. Até elogiou, sem chamar nenhuma de purgante ou de enfadada. Já tem em quem votar, perguntei. Naquele minino, muito educado e ele tá junto com o mais novo, gente nova né. Entendi.
E ela já foi candidata à vereadora, se não me engano a primeira. Teve mais de oitenta votos, poderia até ter sido eleita, mas não se engraçou com as visitas e os cafés. Menos com as pessoas batendo no portão, um bando de chupança, uns trassuíras. Abria o portão e o cara de cadela ali, com aquela boquinha de chupa ovo, pedindo, será que a senhora não teria arguma coisa, tó precisando... Imagino a cara dela, olhando prá aquele infame, achando ser um íngua de marca maior. Só corrida de gente no portão, desgaritando da cidade inteira.
Fora as véiuscas e os enfistulados, os cara-seca, pedindo de comê. Um dia dei um prato e o infisionado comeu pá morre, dizia, fechando com - ah, vão po tacho.
Não deveria ter saído... Sabei me lá, eu devia de tá enlubisionada. Esse sabei me lá costuma servir para tudo, perdendo para o deu panca prá fazer. Sabei me lá porque entrei, deu panca para sair. Crendospadre, que furdunço, uma curríola só, gente mais carepenta, pé rachado, não tem onde cair morta. Entre uma pinguinha e um cigarro, ela ia discorrendo, sem deixar ninguém mexer na cozinha e sem usar as coisas novas que ganha, guarda tudo. O ouvido ligado, parecendo um radar, não perde nada. Escute aqui, esse menino não come mais, quem será que puxaram... Isso é ribeirano, só pode ser sanguinário. Sua trampiqueira, não venha com esse véio papudo prá cima de mim - Eu não mando recado, falo na cara.
Tão corrido, só vem aqui pá comê, bando de sinducação, como qui vo mante a casa limpa, desse jeito num vo aguentar. Fica atordoado, que vira a falá e não para mais. Lavou a mão que nem a bunda, diz pro neto voltar ao banheiro. O sua lambisgóia, cuide do menino, se não arranco o seu umbigo e não adianta fica cum essa carinha de pequenêis, sua cuisaruim. Cêis vão vê comigo, num pisam mais aqui, não aprendem, tem que guardá tudo numa pasta. Não sei o qué isso, só pode ser um feitiço. É tudo da boca prá fora, mas ela continua - Não tem dono a casa, pensa que aqui é a casa da mãe Joana. Seu pai morreu, mas estou aqui forte e firme, bando de salafrário, puxaram a tia Lurdes e quando tá comendo, sempre por última, continua falando, comendo e falando, vez em quando limpando a boca na toalha, uma característica só sua, entremeada com uns xingos aos netos. Vou parar de comer, senão vou ficar com uns duzentos quilos, ó vida... Nem tente fazer um café, não vai deixar mesmo. Desça tomar lá na praça.
Gosta de ficar olhando o movimento, encostada no muro. Ói, tá subindo uma cabeluda de sarto arto, vai magtolando prá cima, quem será que é. Caipira, não sabe nem fala, com um esmartão vermeio na unha. Coisinha insignificante, não vale um tostão. Tá se achando importante, mas fiz uma cara que ela viu, tá pensando que eu sou bocó. Tem mais, tá branca, uma descascada, aquela enferrujada, carinha de papagaio, falaram que tava entregue, taí que um fogo só. Continua - Uns à toa, o pai já falava, num valem nada, dormiam de dia véio, vem querendo se aparecer, perto de mim, comiam um cardão mais horrível. Depois entra e continua filosofando - tavam com umas caras, não me trataram bem, deixe eles comigo. O pessoar tem que tratar bem as pessoas. Parece que tá meio corrida, será que farreou com a cidade inteira, sabei me lá.
Aquele tem uma língua de fogo, véio garganta, desocupado, gafola e aquela fogueta ateou fogo nele e tão engaiolado, também aquela ucia, tá girando tudo.
Solapão, encapetado, enchaveadura, pandemónio, empandareco, charmuta, pérolas que não acabam mais, ela não as inventou, mas caíram no seu uso e se encaixam em qualquer contexto seu. Neste nove de nove de doze, tentei encaixar no meu, que não deixa de ser do dela. Dona Cida!
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