Seu Tenente, os documentos do Alcides, aquele penúltimo que senhor botou para rua.  São Leopoldo alega que as impressões digitais na combinam com as do registro de admissão dele. A empresa sempre sofreu com entraves burocráticos muitas vezes só para mostrar serviço. Será que quem devolveu esse documento tinha um mínimo de conhecimento em datiloscopia? Será que saberia distinguir as impressões digitais de um dedo das de um cajardo? O Problema estava criado, onde achar o individuo para apor novamente suas impressões digitai. Isso era a década de cinqüenta, um buraco qualquer que alguém imaginara colocar uma usina hidrelétrica a 80 km de Vacaria.

Eu conheci a Usina do Rio Saltinho em 1968, localizada na Cascata dos Micos, seis quilômetros adiante da vila Ituim. Quando ha. muito pouco tempo passara por Muitos Capões a Br 285 e o fim do seu asfalto era no trevo de Lagoa Vermelha. Fui dar manutenção nela, em 1974. De muitos Capões até o Saltinho eram quase 50 km de muito barro. Quem garantia a nossa chegada La era um velho Jeep Wills, 1959 o condenado. Uma noite eu tive de ir sozinho, numa briga para mante-lo na estrada acabei retornando sem me dar conta, cheguei a andar alguns quilômetros quando notei já ter passado por um capão de mato.

Quando da construção da usina principalmente para as obras civis contratavam quem aparecesse principalmente a bugrada das imediações. Isso ocorria também com a construção de redes. Os chefes de turma em geral eram homens furos quase da mesma laia, que a peonada meio se faziam obedecer pela força. Contava-me Alzirio Candido Oliveira, que construiu parte da rede Saltinho X Vacaria, que não raro quando chegavam ao acampamento encontravam dois ou três pedindo pegada. Normalmente eram colocados junto a uma e somente uma semana depois é iam promover a admissão, a grande maioria trabalhava um ou dias e abandonava o serviço.

Uma vez, um motorista contratado assim sem muitas perguntas, a cada viagem programada para além de Vacaria adoecia sendo necessário ser substituído. Mas um dia não teve como escapar e foi enviado a São Leopoldo, então, Centro Nervoso da CEEE, a administração da CEEE, só seria transferida para a Capital depois da encampação da Light and Power Sindicat Limited, por ela. Mal este motorista chegara ao destino, foi recebido na Usina Um Radio:

Usina do Saltinho providenciar urgente um motorista substituto para o carro tal

Acontece que o referido era hospede do Internato da ilha e entrando em São Leopoldo, fora reconhecido e gentilmente convidado a retornar aos seus aposentos.

Em 1968, na CEEE ainda havia a figura do Radio Oficial, era transmito o assunto, e protocolado com nome e hora de quem o transmitiu e que o recebeu. Seu Pedrinho encarregado do cafezinho na gerencia, fora muitos anos encarregado do Radio, negro velho egresso da turma de redes pela idade, tinha muita dificuldades em escrever, as histórias das suas confusões nos rádios recebidos por ele, com certeza, daria um livro quase do tamanho das aventuras do Bocage. Por ultimo escaldado de tantas estrepolias, que a cada vez que ouvia chamarem Vacaria ele respondia, até que aparece alguém para escrever por ele:

Esta chegando muito mal, volta mais tarde que quem sabe a propagação melhora.

Um dia Antonio Moreira estava trabalhando na Usina dos Touros e como o serviço ia protelar-se, foi ao radio pedir que quem fosse para a Usina ou até mesmo a cidade de Bom Jesus, levasse-lhe roupas.

O Plantão do Radio Em vacaria era Seu Pedrinho, já atendendo o radio dizendo:

Vacaria na escuta, esta chegando muito mal cambio.

O Moreira que sabia o que era seguiu dizendo:

Seu Pedrinho aqui é Moreira, o senhor não precisa escrever nada eu só quero um recado. Cambio

Tendo a resposta ininterrupta:

Esta melhorando, esta melhorando, esta melhorando, esta melhorando, pode falar agora.    

Outro chefe de turma, Deodato, quando instalava as redes teve um dos seus empregados, O Fazenda, preso numa briga de meretrício. Quando avisado, foi de caminhão, sua única condução ajustar um advogado. Nem o advogado, nem os policias na delegacia podiam adivinhar que o caminhão enlonado estava apinhado de ‘Arigós’. Enquanto Deodato e o advogado falavam com delegado a turma invadiu a prisão e trocaram o preso pelo delgado e o advogado, e se foram de volta para São Leopoldo. 

Quando aportei em Vacaria o chefe da usina do Saltinho era um ‘Bugrão’ forte de vós macia, Avelino Antonio Demetrius, dos arregimentados pelo Tenente Correia tornando-se um dos seus guarda costas, ou melhor, pelos relatos que ouvi, uma espécie de chefe da sua guarda pessoal, como se pode ver a seguir.

Segundo ainda Alzirio e João de Deus Medeiros, este sediado em sediado em São Leopoldo e um dos motoristas de caminhão encarregados do abastecimento de materiais e viveres da construção de usinas, no mínimo foram construídas três são mesmo tempo Saltinho, Forquilha e Ijuizinho. As demissões lá conforme o caso normalmente obedeciam a um certo ritual. Enquanto era feita a parte burocrática o tenente dizia:

Avelino pega mais dois e espera-o lá fora do portão e explica-lhe para não voltar mais.

Na saída do portão o índio levava uma coça de ‘pranchaços’ de facão para nunca mais esquecer.

As correspondências então iam em malotes pelo correio até Vacaria e um vês por semana alguma condução da usina deslocava-se ate lá para apanhá-las. Um documento demorava no mínimo uma duas semanas para ir e voltar de Porto Alegre.

Assim quem sabe umas duas semanas depois do índio ter sido despachado volta a correspondência com a solicitação de refazer a documentação, achar a onde o índio, com toda a certeza, bem escovado na demissão, que nem com reza braba o achariam. Os escriturários estavam enlouquecidos.

Bate de novo a documentação que eu providencio nas impressões digitais.

Pronta a documentação pediu a almofada de carimbo, abriu a bragueta, apanhou o décimo primeiro dedo e aplicou as impressões digitais completando:

Vê se volta agora?

Realmente nunca mais voltou