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cronicas-->Cria do Dia -- 22/08/2012 - 13:53 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

...Andando sozinho, por matas nunca dantes navegadas.  Andando de alma livre, sempre de olho no da frente.O cio do sol no ar, embeleza-caminho. Cio da passarinhada, altos sons nas copas longínquas. Meu amor esá tão longe que perto imagino, tal é minha marcha. Rumoreja um lençol de nuvens ao lado, ou seria uma luta de pedras e de águas? Porque tartamudeia o córrego, numa infinda porfia de sílica contra a úmida paragem. Eu não reclamo não que quanto menos andar mais longe estará quem eu amo.  Brisa da montanha! Nuvens, nesgas de céu e ar, copas nevadas na encosta. Um piado se ouve mais perto, o eco se espalha feito fogo, dez horas da manhã e já canta o galo e suas recíprocas. Chapinham peixes no regato. Minha bota chafurda aqui e remexe lá, são fosforesncências, miríades de ramas, seixo e galhos ressequidos, só ouço  estalar de frágil chão. Chão de remendos, cheio de nervuras, châo oco, prenhe de armadilhas. No infinito, se prepara a primavera, alvíssaras flores, uns ipês surgindo, outros dourando a fronte. Escolhemos um lugar porque no afã de caminhar, vencendo mil arborescências, esquecemos de cuidar que a noite vem e desaba de horas, nas chuvas que aqui se caem como de sobreaviso.

Armamos tendas; sobem canos, o barulho da passarinhada solene se mistura a marteladas, pequenos gritos de palavras de ordem, folhas de palmeira que caem sem rito algum. Em breve, quatro barracas ferem a solidão do inferno verde. Nós acendemos a fogueira, que crepita ao estalarem os raios das escuras nuvens.  Quase sem falar nada, cai a chuva grossa mas o fogo protegido começa a iluminar as árvores de longos ramos.

Nisso, um vulto assoma na franja da mata. O nosso líder, experimentado que é, não se dá por vencido, sem antes não saber ele mesmo de onde vêm os pequenos ruídos de arrasto que seus apurados ouvidos captaram, há uma hora atrás. Todo mundo quieto, ele ordena com o olhar. Resta esperar e o ruído se aproxima, em meio a gotas que caem do céu, um que outro pássaro noturno e o vento que varre vez em quando a sagrada floresta e sua bênção. Luz verde, luz baça. Olhamos o chão e eis que surge um ser peludo, lento, quase pedindo perdão por passar alí. Sai de um arbusto e passa, como que olhando a todos, impávida, uma enorme aranha caranguejeira. Uns fazem gestos, outro quase se levantam. O chefe diz que não e com um olhar nos cega a todos de dever cumprido.

--Ninguém toca nela, não. Senão, vai é se ver comigo.

Todos se entreolham, cismados. Mas logo se desanuvia a espera. Porque a aranha, em sua lenta caminhada, mais do que nunca expôs a longa sina e que é a nossa, a sua, a dela também. A peluda criatura, pesada ao extremo, carrega no dorso, feito uma roupa marcada, a Cria do Dia de amanhã.

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