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Cartas-->NUM CANTINHO DO SEU CORAÇÃO -- 24/03/2006 - 18:13 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NUM CANTINHO DO SEU CORAÇÃO
(Ivone Carvalho)


Eu acreditava que tinha lhe pedido pouco. Afinal de contas, no meu entender, era o mínimo que eu estava pleiteando. O mínimo que eu entendia ser o essencial para qualquer relacionamento, seja de amizade, seja de companheirismo, de parceria, de afeto, de negócios, enfim, não importa sua essência, mas, envolvendo duas pessoas adultas, conscientes do que querem, do que pretendem, do que sentem.

Assim, embora talvez nunca tivesse exprimido verbalmente o que eu esperava, eu também cria que estava subentendido entre nós, durante todo o tempo que, de alguma forma, estivemos juntos, ora de forma mais íntima, ora mais distante, que você sabia tudo que eu esperava de você, tudo que, intimamente, eu lhe pedia.

Mas achava que era pouco! Sim, eu não calculava que lhe pedia demais! Eu estava tão feliz, mas tão feliz, que não imaginava que, não pedindo, você não entenderia que esse pouco seria importante demais para nossas vidas.

Tenho analisado e enumerado, com todo cuidado, ora entre lágrimas, ora com naturalidade, mas, sempre, com imensa saudade e com todo amor, todos os pedidos que lhe fiz, abertamente ou não, e vejo, agora, que extrapolei, que esperava de você muito mais do que podia me dar e certamente foi por isso que não consegui receber tanto de você!

Realmente não foi pouco!

Nunca lhe pedi para me amar, porque isso não se pede, embora fosse tudo que eu mais queria (quero) na vida: a correspondência do meu amor. Tampouco lhe pedi renúncias ou exclusividade (ninguém poderia sofrer em troca da minha – nossa - felicidade!). Também não reivindiquei mudanças de hábitos e costumes, horários ou redução de distância física; nem mesmo a sua presença constante, em todos os momentos da minha vida, embora fosse ela o que mais me faria feliz!

Não solicitei que você deixasse de ser você, que mudasse algo que lhe é inato, que se mantivesse numa redoma onde apenas eu pudesse ter acesso. Jamais lhe pedi amizade, porque também ela é doada quando se quer tê-la. Em momento algum pedi seu coração e, muito menos, o seu corpo. Mas você sempre soube que eu queria muito ambos, porque só assim eu me sentiria dentro do seu também e, com o seu corpo, eu me sentiria ainda mais amada, pois sentiria o seu calor, os seus carinhos, a sua pele, as suas mãos, os seus lábios.

Não pleiteei poesias em prosa ou versos, mesmo conhecendo a sua capacidade de transformar tudo em poesia, quando bem quisesse e mesmo descobrindo, com o tempo, que sua facilidade para poetizar para as pessoas que ama, é imensa, pois passei a ler seus poemas de amor às suas musas. Óbvio que me entristeci ao ver que apenas eu não os mereci, mas reconheço que seria preciso me amar para compor poesias tão belas quanto as que escreveu para elas.

Nunca lhe pedi confiança, primeiro porque também isso não se pede, mas, principalmente, porque acreditei que você sabia o quanto eu o amava e tinha consciência do quanto eu passei a viver voltada para você, respirando você, me alimentando de você, saciando minha sede através de você. Eu imaginava que você tinha capacidade para saber o quanto era amado e o quanto eu seria sempre fiel a esse amor.

Jamais lhe pedi tanta coisa que, por minha vontade, eu teria pedido! Mas, eu acreditava que não era preciso pedir-lhe, porque, da mesma forma que eu me entreguei a você, cri que também você se entregaria a mim.

Entretanto, hoje analiso o rol de tudo que eu esperava de você e vejo que fui muito além das suas forças, da sua vontade, dos seus sentimentos.

Pedi, de alguma forma, sua atenção, seu carinho, seu respeito, sua admiração, sua cumplicidade, sua ternura, sua meiguice, sua dedicação, sua compreensão, suas orações, sua confiança, seu crédito, seu apoio, seu abraço, seu conforto, seu beijo carinhoso, sua transparência, sua sinceridade, sua lealdade, sua fidelidade, sua sensibilidade, sua sensatez, sua astúcia, seus ouvidos, seus ombros, suas palavras, seus sonhos, sua realidade.

Pedi, ainda, de algum jeito, permissão para partilhar a minha vida com você, os meus sentimentos, os meus problemas, as minhas alegrias, as minhas dores, a minha felicidade. E quis partilhar da sua também, pois é tão importante para mim, saber como está sua saúde, seus sentimentos, seus projetos, seus sonhos, seu sucesso, sua vida.

Pedi, sim, para permanecer dentro do seu coração, com orgulho, com amor, com devoção, com respeito. E fiz esse pedido, para que o meu coraçãozinho tão machucado, mas tão cheio de amor por você, pudesse se abrigar num cantinho bem quente do seu, onde a ternura o afagasse, onde o desprezo inexistisse, onde o silêncio não imperasse, onde a hostilidade não tivesse vez, onde não houvesse repugnância, ironia, desdém.

Eu lhe pedi demais, hoje eu sei! Mas lhe pedi porque o amo muito mais do que você pode imaginar e de uma forma que jamais imaginei pudesse amar alguém, principalmente sem qualquer contrapartida, nem mesmo a da palavra cristã, a do cumprimento cordial, a do respeito ao maior de todos os sentimentos, trazido e pregado na terra pelo Mestre dos Mestres.

Talvez seja por ter querido tanto, pedido tanto, sonhado tanto, e, por te amar tanto, que me restou, no seu coração, apenas o lugarzinho destinado ao esquecimento!

24/03/2006


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