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cronicas-->1996 - Esqueci -- 15/07/2012 - 11:17 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esqueci, desculpaí... Por um tempo recebi respostas assim, quando alguém deixava de fazer alguma coisa ou algo assim - Muita coisa, acabei esquecendo... Eu sempre combati, dizendo - Pó! Anota, anota... O engraçado, quem não se esquece anota tudo e anda com seu caderno atualizado e as coisas em dia. Quem se esquece é quem não anota nada e tem o caderno branquinho, branquinho... Minha luta é ter as coisas por escrito e vivo dizendo - Pessoal, planejamento só existe por escrito. Aí vem o esquecido e me diz - Tenho tudo acertadinho aqui na minha cabeça; minutos depois já esqueceu. Vive lembrando, sempre depois ou de última hora. Não é que eu quero por escrito, quero mesmo que as coisas sejam feitas no seu tempo e o "esqueci" nunca seja lembrado.
Tomo o maior cuidado com o meu próprio esqueci e vivo anotando tudo, haja papeizinhos, guardanapos e outros tipos de quetais, dando para anotar já serve. Depois é só jogar no meio da agenda e pronto, cabeça fresca. Uma época atrás comprei um daqueles gravadores de uma tecla só e vivia gravando os meus recados, não gostei muito e abandonei, parecia esquisito ouvir a minha própria voz me dando ordens. Prefiro os papéis e, de quando em quando, os e-mails que mando prá mim mesmo. É... Muitas vezes ligo em casa e peço prá Edna anotar o meu recado - Escreva isso e mais, deixe em cima da mesa. Ou, então, ligo na empresa e peço. Já recebi de volta - Já está anotado, você já tinha falado.
Minha agenda é para registrar o passado, quantas vezes quero lembrar algo e recorro a ela. Para o futuro, coloco o lembrete na semana marcada e, à medida dos acontecimentos, passo para a própria agenda. Isso tudo teve início em mil novecentos e noventa e seis, exato dia dezoito de outubro. Sei, porque puxei a gaveta e peguei o primeiro caderno-agenda, ao todo são quinze mais o deste ano. Curiosidades, em dezessete de agosto de dois mil e três, fui ao Encontro dos Empretecos em Guararema e em vinte e quatro de novembro de dois mil e sete, dancei sapateado no Clube Coronel Barbosa, em Piracicaba. Se foi sucesso, não sei, mas sei que fui. Dancei sapateado por uns três anos e hoje... Esqueci. De ser Empreteco... Não!
Dou conta de tudo, agindo assim. No entanto, tem hora que a coisa não vem mesmo, no trivial. Sexta estava a caminho de Piracicaba, ultrapassei um carro da Renault e nada de lembrar-me do nome. Agora esqueço por quilometro, andei mais de dez para o nome voltar. Era um Scenic. Ói que coisa. Estou vendo o filme, sei de tudo sobre ele, datas e... O nome do ator desaparece. É o... Puxa, fez aquele outro filme, aquele, como é mesmo o nome. Com aquela loira, a Marilyn... Ajuda, você sabe. Ele era um primor de elegància. Ah, já sei, o Cary Grant e aquele outro filme não era com a loira, era com a morena - Sophia Loren. Aqui esqueci por minutos, horas, até ir ao computador e descobrir.
Nomes, lembro todos, menos o da pessoa na minha frente. Vou conversando até lembrar ou ver no cartão ou perguntar. Ou perguntar depois para alguém do lado. Bom quando ocorre o mesmo com o outro lado e, dando risadas, trocamos nossos nomes. Já me fugiram nomes mais diletos, do dia-a-dia mesmo. Eles me lembram de e vou em frente. E quando vejo uma pessoa, tenho a sensação de conhecê-la, mas não lembro nada, pior de tudo, ela chega e diz: Tudo bem? Jairão. Tudo bem! Há tempo, pergunto e esclareço. Mas se en passant, tenho que perguntar a alguém, pior de novo, esse alguém não se lembra também. Mãe, aquele homem que morava lá perto do campo, era irmão daquele tal e nada dela saber. Nem eu.
Meus amigos também estão passando por isso, o que não me alegra, mas é fato. Um deles, bem próximo, já esquece o assunto - Que eu estava falando mesmo... Ah, então, isso aí. Outro me liga e diz, você, que anota tudo, sabe quando vai ser o evento? Oi, tudo em ordem. Trouxe o arquivo? Puxa, esqueci na mesa, coloquei na mesa para lembrar e deixei lá. Semana que vem eu trago. Nunca mais, pode esquecer. O que eu preciso fazer agora... Lembrei e neste domingo, quinze de sete de doze, sol e frio, quero continuar esquecendo e lembrando por um bom tempo ainda.
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