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Discursos-->Os dias brasileiros do poeta e do livro -- 04/01/2004 - 19:38 (NILTON MANOEL) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

OS DIAS BRASILEIROS DO POETA E DO LIVRO
palestra na Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, em 25/outubro/2003.


Senhor presidente,ocupantes da mesa,seletos convidados... Que o arquiteto do universo esteja sempre conosco nesta caminhada de civismo,fraternidade e cultura.Que em nossas orações não nos esqueçamos dos pioneiros da cultura de nossa terra e na caminhada que jamais nos faltem a humildade e a honestidade em nossas realizações. Cultivemos o respeito por aqueles que, lutam por uma cidade mais culta e ativa em eventos nas áreas de exatas ou humanas.
Sinto-me solto e dono de fatos históricos pela diária dedicação. Coube-me,nesta cidade em que nasci e vivo, originar de família de escritores. Meus antepassados,vieram das terras do cordelista Luiz de Camões. Meu genitor que, sendo natural da "cidade dos sonhos" -Monte Alto-SP- tem vasta história literária, explorava diversas áreas da prosa e da poesia. O escritor Walter Waeny (da Academia Santista de Letras,autor de quase 80 livros) quando esteve na casa de Nilton da Costa Teixeira, ao partir deixou em manuscrito:
" Esta alegria maior,
sempre guardá-la prometo:
visitei hoje, o melhor,
poeta de Ribeirão Preto".
Após vinte anos de falecido, nosso poeta,ainda tem o maior número de premiações literárias pelo Brasil. Quando em 1.970, Nilton em Versos à Ribeirão Preto, enfeixava em seu livro alguns poemas e trovas escritos nos anos quarenta e difundidos no I Centenário desta cidade. Nos albuns festivos encontramos os companheiros da heróica fase de poetas da terra. No elenco temos Sílvio Ricciardi, Mário Moreira Chaves,Renato Martone, Emília,Seixas Santos... Não posso deixar de lembrar do dr. Alcides Palma Guião... No jornal A Palavra, em 1910 editava seus poemas. O jornal editado pela EE. Otoniel Motta, editava em 1.907, a criação de nossa primeira enbtidade cultural, a Sociedade de Culto à Ciência. Inúmeros jornais escolares foram fundados. O jornal O Porvir, teve sequência como jornal do 3º Grupo Escolar,hoje D. Sinhá Junqueira. Nasceram diversas sociedades agremiativas, voltadas para a cultura, ao civismo e a literatura. Nas minhas pesquisas educacionais e literárias,tenho encontrando elos interessantes. No meio escolar,bons poetas daqueles tempos escreveram a nossa história e deixaram farto material que, jamais será difundido. Nós sabemos o por quê! Será que vocês não sabem? Há pessoas que acham mais importante difundir nomes já afamados, do que consagrar os nomes que pertencem ao momento em que vivemos. Não dá vida à vaidade falar da prosa dos que já foram ou vivem da cultura por vocação. Recordo-me de alguns veros do poeta Vicente Teodoro de Souza, intitulados: " Canto para Santos Dumont. A cidade de Dumont está linda nestes dias, a 23/10 festeja-se tudo sobre a aviação.Vamos aos versos:
" Depois que morres, herói,
recebes a palma da Glória!
e por que não a consagração em vida:
assim sempre se deu
na história da humanidade.
O homem de gênio paga o seu tributo
de grandeza.
O homem excepcional
é um solitário
é um ilhado,
cosmonauta do Ideal.
Navegador de Sonhos,
é um só!
Pequenino Deus a lutar
contra a adversidade e Enigma!"
Ah! As forças ocultas,forças ocultas também foram as falas de um professor e poeta que foi também governador,presidente,prefeito. O escritor dos célebres bilhetes e respostas históricas. Quando passou por Ribeirão Preto (82) tinha um historiador a seu lado... Qnando o dr. Ruben Cione, entregou a Jânio uns versinhos meus, pensei, Jânio é poeta e com franqueza vai achá-los ruins... Os dias correram! Estava num encontro literário, no orquidário de Santos, quando em discurso um assessor político, ressalta: " vocês poetas, precisam parar de fazer versos para o candidato Jânio.Todos os presentes se entreolharam sem entender... O dr. Ruben tem manuscrito sobre meus versos.Jânio era poeta e exímio sonetista.
Santos Dumont talvez nem sonhasse com as viagens interplanetárias... Sou hoje internauta! Sigo por "caminhos nunca dantes navegados". Os seguidores de Zamenhof ainda acreditam na integração social através do Esperanto. Sou esperantista não assíduo e de inúmeros grupos co-fundados.
Talvez o professor Vicente,na dimensão em que se encontra, espere por maior animação literária em nossas escolas, juntamente com outros professores que patronam nossas escolas, mas são esquecidos por suas academias,secretarias de Educação, diretorias regionais de Ensino. Neste ano, começam a festejar o 15 de outubro (Dia do Professor) por todo o mês de outubro. Entretanto, as entidades nem conhecem a vida cultural de seus profissionais. Envolvidos na burocracia de seus " escritórios refrigerados" vivem na rotina do pingue-pongue administrativo. A própria secretaria municipal de Cultura,encobre a história de seus eventos e a cada nova safra de funcionários,extermina os bons eventos e inicia com novos. Temos muita coisa a festejar. A história literária de nossa terra é pródiga e tem fases distintas.Tem momentos em que aparece um novato que, faz de tudo para ser destaque.Nem conhece ou esquece dos pioneiros e acaba por esquecendo de si mesmo como escritor e me lembra Fernando Pessoa:
" O poeta é um fingidor
que finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente"

Algumas vezes lembro-me do soneto de Marques da Cruz:


CIVILIZAÇÃO

Um campo verde. Um desterro. Uma barraca.
Uma casa.Outra casa, Um burro ao sol orneia.
O porco. O cão.Galo e galinha. Boi e vaca.
O amor simpleza, A terra em flor...Nasceu a aldeia.

Política, O correio, O pó de arroz. A seda.
Médico. Escola e professor. Igreja e abade.
A farmácia e a má língua. O cinema. A alameda.
Clube. Jornal. Esgoto.- Nasceu a cidade

Depois, o dolo. A inveja, o orgulho, a grande gala,
a cocaína, o amor-aberração, a lima
da intriga vil que a tudo rói, que tudo estala.
E, garboso,o bom senso,em clarões de fogacho,dizendo,em vão,que a podridão que rola em cima,
é, às vezes, maior do que a que rola em baixo.

ou ficar sonhando com os versos de Renato Martone Júnior:

Minha Terra

Loura de sol no cimo da colina
parece uma cidade de brinquedo.
Ante a verde atalaia do arvoredo,
minha terra, tão pobre e tão pequenina.

Os arcoverdes da orquestra pequenina
que agita a existência desde cedo,
vem dos carros de boi, do passaredo...
Vem das vozes da fonte cristalina.

No largo da matriz, velho cruzeirpo
estende os braços quase seculares,
conclamando à bondade, o mundo inteiro

E quando silenciosa, a noite desce,
traz a lua nas mãos crepusculares
para velar a aldeia que adormesse


Poesia? Quando falo do dia do Poeta, falo em data que ajudei a opinar. Aliás a minha vida literária em Ribeirão Preto tem muito disto. Sou acostumado a ser alma algumas vezes, mas depois estar longe do corpo para dar vida a vaidade e história de outros. Creio que a data 20 de outubro homenageia Menotti del Picchia.neste dia é festejado,também,o Dia Internacional do Escritor. A bandeira da efeméride foi do Movimento Poético Nacional. Num congresso de trovadores (76?), em Santos, convocado que fora por Luiz Otávio quando, no apartamento dele e de Carolina Ramos, após gravar mensagens, realizar entrevistas para o meu colunismo e material que o saudoso Galvão Amaral divulgava na rádio Cultura, Luiz Otávio me inquiriu sobre datas. Citei algumas, o 2 de março Dia da Poesia (ver calendário da Ass. dos Serv. Públicos Estaduais)... Não havia a onda do 14 de março, pois a data é Dia do Vendedor de Livros... Quantos coquetéis, fui vendedor de livros e mais do que nunca continuo. Correu os dias e definiu-se o 20 de outubro. Nos anos 77,78, o vereador José Veloni, endereçou congratulações as entidades. Creio que quando iniciou a comemoração Luiz Otávio havia falecido. Nesta fase áurea da poesia, anos 70,temos boas trovas ribeirãopretanas; literárias sem rebuscamento, ou embuchadas por frases de provérbios ou salmos. Nessa fase de 77 , os I Jogos Florais para o estudante de Ribeirão Preto. O tema: Fraternidade. Apoio: Delegacia Regional de Ensino.
A data de 20 de outubro foi incorporada de tal forma que é destaque em todas as publicações ou almanaques e agendas... Quando presidi a Casa do Poeta e do Escritor fiz questão de levar os poetas à praça XV,para que houvesse movimentação literária.A poesia nacional está na sua melhor fase. Os livros didáticos de 2004 que estarão nas mãos dos alunos para estudo caseiro, trazem poemas novos e antigos. A poesia está esparsa por todos os componentes curriculares. Creio que seja o melhor tempo para trabalhar com a poesia em sala e de mão em mão.. Quando a décadas escrevi Chega de Prosa, ficava feliz ao ouvi-la declamada por radialistas.. Ei-la:

"Chega de prosa
viva a poesia
suave e gostosa
em qualquer freguesia.

Chega de prosa,
viva o escritor,
na busca laboriosa
da rima predileta.
chega de prosa
viva o escritor
que cultiva a melodia
que cativa o leitor.

Cega de prosa
salve o leitor
pois sem ele o que seria
o trabalho do editor.

Cega de prosa
viva a livraria
que expõe e fatura,
livro é mercadoria
e o autor não vive de brisa.

Chega de prosa,
viva a poesia,
que calorosa
une imensa confraria.
Chega de prosa
é melhor eu ficar quietinho,
para compor nova glosa
no mote do meu caminho.
(Nilton Manoel)

Quando se fala em escritor fala-se em livro e quando se fala em livro, vem à mente falas eternas de educação, cultura e lazer. Na nossa vida de homens em constante construção de letramento, sabemos que cartilha hoje é coisa do passado.Sabemos que não mais procede a fala de que o poeta nasce feito,pois tudo acontece através da socialização. O letramento é interpretar conteúdos e produzir bem, é saber que linguagem se usa em qualquer situação. Aprendi a ler cedo. Li cewntenas de gibis,depois foto novelas e, foi lendo O "jornal das moças"( de minha mãe) que lia os versos de Luiz Otávio. no "Eu sei tudo", as charadas poéticas de bons sonetistas, na revista O Cruzeiro, a coluna Garotas,- de onde extraí esta trova que foi para a praça XV, em 1974, " Garota tua bondade,tonteia qualquer parceiro. Pedaço de tempestade, no céu de rapaz solteiro" -os Arquivos Implacáveis, do João Condé o farto material de reportagem , e enriqueci meu vocabulário pelas páginas das "Seleções". Os livros do Clube do Livro, por anos fizeram parte da minha vida e, sempre lia e relia, na contra-capa, os versos de Castro Alves:
" Oh! Bendito o que semeia,
livros... livros a mão cheia
e manda o povo pensar,
o livro caindo na alma,
é germe que faz a palma
é chuva que faz o mar!".
Os Arquivos Implacáveis do João Condé, a coluna Heureca, com de xharadas e logoglifos. O Pif-paf do Páricles ( do Amigo da Onça) e Vão Gogo, na coluna Filatelia (Armando Paiva, em agosto de 1.953, informava da I Exposição Filatélica Nacional da Educação. Ano em que se lançava a campanha nacional de lançamento da caneta Praker 51. Naqueles tempos, o acetato musical de 78 rotações dava destaque à Odeon. No ano sequinte São Paulo Quatrocentão... Vamos´para os 450 anos! Estou com vários textos em Cordel,trovas,haicais e poemas... Na mesma re vista O Cruzeiro, as mesas ficavam fartas com as receitas de Helena Sangirardi, em fogão à lenha ou á querosene. As geladeiras, também eram à querosene. Hoje, anos depois da inexistência dessas revistas ( O Cruxeiro,Eu sei tudo. Jornal das Moças), vejo a Educação nacional correr atr´s do prejuízo e querer colocar materil diversificado no PNLD.Nos livros de I série já vem filatelia,numismática,pintura... O mês de outubro em que se comemora São Francisco de Assis,a Poesia, o Professor e o Livro, posso sentir que o professor da rede pública está desmotivado, não só pelo salário, mas com a "hierarquia" e entidades associativas.O interesse pelo magistério caiu. Quantas modinhas não falam sobre educação e educadores...

O dia 29 de outubro é o Dia Nacional do Livro... Tantas outras datas que, de uma forma ou outra dão vida à leitura de nossa gente... Tem gente que fala:- Brasileiro lê pouco... Digo eu, brasileiro lê bastante sim.A comunicação social tinha apenas uma data,mas melhorou muito na forma de oferecer material de leitura. Os livros, felizmente,nas bibliotecas,são metas da municipalidade. Entretanto, os autores de Ribeirão Preto, não são encontrados nas bibliotecas. A Estante do Escritor Municipal nunca foi instalada. Tenho certeza que nem a secretaria da Cultura sabe, quem são os escritores da Terra, e que livros os ribeirãopretanos editaram. A cada época, há uma safra de " celebridades" em evidência. Não existe um arquivo onomástico literário. Apesar que a Internet ajuda muito,aos novos escritores , o que interessa são seus livros.
Sou passadista. Gosto de lembrar do dia a dia...Neste afã, lembro-me que, durante a última feira do Livro, perdemos o mais importante divulgador de nossa "metrópole em marcha"; ´perdemos aquele que sempre esteve presente na vida literária de nossos escritores. Com Osvaldo Lopes de Brito, diariamente, recebia, através de sua coluna, o que de melhor nossos escritores editavam.Nas nossas fases literárias, esteve sempre presente.Já visitei mais de duzentas cidades, envolvido com a literatura. Nos encontros sempre havia alguém perguntando por OLB e mandando recomendações. Na sua coluna de 2/12/66, no Diário da Manhã, escreveu sobre o professor e inspetor de ensino Siqueira Abreu, autor d e interessante livro de poesias, prefaciado por Martone Júnior. Sem interrupção, por anos sequidos Osvaldo manteve o colunismo em O Diário. Ficaria imortalizado o seu trabalho, se a Coderp, colocasse seus escritos no Site da cidade. Neste dia do livro, 29 de outubro, nossas homenagens a todos os que lidam com o " coletivo"... Ser escritor é importante, mas quem faz o escritor ser importante é o leitor. Há necessidade de que escrevamos sempre endereçando nossos textos a um público alvo. Neste dia 29 de outubro, lembro-me de todos os que se foram... Abraço a todos os que lutam pela literatura de minha cidade. Quanto mais escritores, quanto mais eventos, quanto mais dedicação, maior será o mercado para nossa Arte. Entretanto, neste dia nacional do livro, por mais que seja comemorado pela Secretaria da Cultura, vejo nossa história cultural prejudicada. Vivemos o terceiro ano da ausência do Livro de Prata. Na minha opinião pela falta de sequência, pelo respeito ao que outros fizeram em governos passados, quem tem o livro de prata, pode enxergá-lo como um prêmio sem brilho. A falta de continuidade, torna-o no curriculo de quem o tem um prêmio sem valor histórico. Neste haicai, o meu descontentamento:

Livro de prata?!
Na história, gala sem glória!
Fez-se prêmio de lata!
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