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Cartas-->CONVERSANDO COMIGO -- 02/03/2006 - 08:01 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONVERSANDO COMIGO
(Ivone Carvalho)

Não, você não entende o que existe dentro de mim. Você não sabe avaliar o quanto eu o amo.

A verdade é que ninguém é capaz de enxergar dentro de qualquer outro ser humano. Somos capacitados a analisar as pessoas, a avaliá-las, a compreendê-las, a imaginar o que sentem, o que pensam, o que imaginam, o que desejam, o que sonham, mas tudo isso tão somente utilizando comparações com o que somos, como somos, o que aprendemos, o que fazemos, o que estudamos, o que ouvimos, o que falamos, o que observamos, o que se enquadra dentro da nossa percepção, da nossa maneira de comparar, de sentir, de colocar em prática a nossa experiência, a nossa vivência, o nosso aprendizado, as nossas informações, os processos de conhecimento psicológico, filosófico, científico, humanístico.

É tão fácil julgar, somar fatos, fontes, palavras, atos. É tão fácil tentar penetrar profundamente na alma de alguém, visualizar os seus pensamentos, interpretá-los, avaliar os seus sentimentos, descobri-los, apoiá-los ou deles discordar, envaidecer-nos ou rejeitá-los. Não fosse fácil tentar tudo isso, ninguém se sentiria “tentado” a fazê-lo. Tampouco tentaria! O difícil não é tentar! O difícil é ser justo, é ser honesto nas suas avaliações, é ter o sexto sentido que tantos julgam possuir, é ter olhos que enxerguem tridimensionalmente, indo além do que está exposto, atingindo verdadeiramente a alma do outro ser.

É extremamente fácil aconselhar. Deduzir. Concluir. Afastar. Aproximar-se. Silenciar. Buscar. Escolher. Optar pela presença ou ausência, optar por ferir ou lamber as feridas, por machucar ou medicar, por brincar ou levar a sério, pela indiferença ou a atenção, pela dedicação ou não, pelo entusiasmo ou pelo desestímulo, pelo estender a mão ou dar as costas, pelo fazer sorrir ou provocar o pranto, por partilhar ou não.

Tudo isso depende única e exclusivamente de nós mesmos. Da utilização do nosso livre arbítrio. Da intensidade do nosso egoísmo, da crença na nossa superioridade, da nossa ignorância quanto à diferença existente entre nós mesmos e as outras pessoas, e das outras pessoas entre si. Somos possuidores do grande defeito de nos julgarmos superiores aos outros, melhores que os outros, esquecidos que somos de nos avaliar em nosso todo e não tão somente numa parte de nós.

Temos cinco dedos em cada mão. Um diferente do outro. Mas todos de suma importância para nós. Poderemos viver sem eles ou sem algum ou alguns deles, se necessário for. Mas jamais poderemos dizer que não nos fazem falta, que prescindimos de qualquer um deles, que algum não tem valor. São dez no total, cada um com a sua beleza, a sua utilidade, a sua importância. Queremos todos e se, por algum motivo os perdermos, descobriremos que a nossa mão não está completa, não é mais tão bonita quanto era, não teremos mais a facilidade que tínhamos para fazer coisas que hoje nem notamos que fazemos exatamente por termos todos eles, ágeis, imponentes, úteis, belos. Continuaremos possuindo as mãos, os outros dedos, mas aquele que se foi por alguma razão, não poderemos simplesmente taxá-lo de inconveniente, inútil, incapaz, desnecessário, vez que a vida, ou melhor, a mão, continua existindo e agindo com toda sua capacidade do momento. Ainda que incompleta!

Também é assim o ser humano. Somos todos diferentes e tão somente imaginamos o que vai dentro de cada um, os seus princípios, as suas definições, os seus conceitos, os seus sentimentos, os seus anseios, as suas necessidades. E cada um que faz parte da nossa vida tem uma importância tal, que o seu distanciamento ou o seu silêncio, seja por qual motivo for, deixará um vazio imenso dentro de nós. A nossa vida continuará sim, porque viver é um grande presente que recebemos do Criador e temos não só obrigação de vivê-la, mas obrigação de vivê-la com prazer. Porém, isso não significa que continuamos “inteiros”, porque sempre saberemos que nos falta aquele pedaço perdido.

Por tudo isso, quando o nosso caminho cruza o de alguém que, à medida que vamos nos conhecendo, revela-se tão igual a nós, tão espelho nosso, revelando uma identidade conosco que jamais fomos capazes de acreditar existir; quando descobrimos o quanto essa pessoa pensa como a gente, tem princípios e conceitos iguais aos nossos, age conosco da mesma forma que agimos com ela, se entrega à gente com a mesma intensidade com que nos entregamos, mostrando-nos, a cada momento, o quanto nos completamos, o quanto nos entendemos, o quanto somos amados na mesma proporção que amamos, sentimo-nos realizados, inteiros, felizes, porque embora ouçamos o tempo todo que ela nos conhece como ninguém, é líquido e certo que também nós a conhecemos mais do que qualquer outra pessoa, quiçá que ela mesma. Afinal de contas, somos espelhos!

Não, isso também não é verdade, porque como ela mesma, só ela se conhece! E como nós mesmos, só nós nos conhecemos! Por que? Se quando pensamos, ela parece ler o nosso pensamento e quando ela pensa, já estamos lendo o que vai no seu íntimo?

Porque tudo isso só é válido enquanto ela estiver conosco, caminhando a mesma estrada, percorrendo os mesmos caminhos, respirando o mesmo ar, ouvindo os mesmos sons, lendo a nossa alma!

E isso porque no momento que ela decidir se separar de nós, não conseguiremos entender mais nada! Justificar as mudanças, argumentando com o fim do bem querer, não é justificativa plausível, porque, eu creio, o bem querer não termina. Ele pode ser sufocado, mas não extinto. Ou então, nunca existiu!

Entre duas pessoas que se entregaram da forma como mencionei não é possível o fim, puro e simples, do amor. Por que não? Por motivos óbvios! Elas se completam! São basicamente iguais, em sua essência, em seus princípios, em seus pensamentos, em suas formas. E continuarão sendo, sempre! A essência não muda, o que somos não muda, o que pensamos e sentimos não muda. Muda somente o modo de o outro nos olhar, nos enxergar, nos sentir. É como se ele passasse a olhar um espelho que modifica a imagem da pessoa, tornando-a feia, gorda, baixinha, sem transparência.

Mas é claro que também a conveniência, seja por qual motivo for, pode fazer uma delas optar pelo fim do relacionamento. Entenda-se aqui que conveniência pode ser um mundo de fatores. Pode ser a insegurança, a desconfiança, a falta de auto-confiança, a vaidade, a ânsia por mais liberdade, a descoberta de novos sonhos ou de que os sonhos até então sonhados já não lhe satisfazem. Pode ser por “n” motivos! E é exatamente isso, quando isso acontece, que descobrimos que não somos capacitados para enxergar a alma do outro, para ler os seus sentimentos, pois quem se afastou procura “defeitos” para justificar o seu afastamento e, quem ficou, procura justificativas para entender a tamanha mudança do outro.

Não eram iguais? Não se completavam? Não juravam que não poderiam viver sem o outro? Não juravam um amor inquestionável, eterno e infinito pelo outro? Mudaram os sentimentos? Não sei. Não creio. Opto por acreditar que mudaram os interesses, a ânsia pela liberdade total, a necessidade de alimentar a vaidade, o ego, ou seja lá o que for. Tudo! Qualquer coisa! Menos o fim do amor! Porque o amor nunca termina, não entendo que seja possível que ele tenha fim!

Qualquer que tenha sido o seu motivo, creia, nada poderá lhe fazer acreditar que conhece, como conhecia, os meus pensamentos, os meus sentimentos, os meus atos, a minha vida. A liberdade que nunca lhe tirei, mas que você buscou, talvez por sentir-se sufocado com tanto amor, fez com que você se esquecesse o quanto me conhecia e o quanto era capaz de ler os meus pensamentos e os meus sentimentos.

Não, você não entende o que existe dentro de mim. Você não compreende que foi e será sempre o meu grande e verdadeiro amor. Você não sabe avaliar o quanto eu o amo.

Se entendesse, como me entendia, se compreendesse, como compreendia, se soubesse, como sabia, tudo seria diferente... Mas jamais perderei a esperança de que você volte a entender, a compreender, a saber... E a sentir e me doar o seu amor da mesma forma e com a mesma intensidade que sentia e me doava...

E como é fácil aconselhar, os conselhos não me faltam. E por desconhecerem os meus reais sentimentos e a importância que temos, um na vida do outro, conselhos chovem, ora assinados, ora anônimos. E aos conselheiros eu deixo mais uma mensagem:

O tempo é o melhor remédio, sim. Não para esquecer, porque ele é irmão da saudade e onde existe saudade não pode haver esquecimento. Mas é o melhor remédio, sim, para a cura das feridas, para o esclarecimento, para o crescimento, para a imposição da justiça, para a coragem... O tempo também sempre foi, e será sempre, o melhor amigo do eterno amor...

02/03/2006
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